terça-feira, 29 de setembro de 2009

10 de agosto: o dia que pode ter decidido o destino do Botafogo


Depois de sair do Botafogo, Ney Franco vem conseguindo obter os resultados estipulados no Coritiba. Já o seu antigo clube vem numa decadência sem fim.

10 de agosto pode ter sido um dia decisivo para o Botafogo em 2009. Foi nessa data que a diretoria do clube decidiu demitir Ney Franco, logo após a derrota para o Atlético-PR em casa. Uma atitude que se revela precipitada a cada rodada que passa.

Na época em que foi mandado embora do clube, já não aprovava a decisão da diretoria. Para quem tinha um time muito limitado em mãos e que até hoje sente a falta de Maicosuel – Lúcio Flávio nem de longe substitui a altura o agora meia do Hoffenheim – Ney Franco fazia muito pelo Botafogo. Conhecia bem o grupo com que trabalhava e cumpria a tarefa de deixar a equipe numa posição intermediária na tabela – com o elenco que lá está, não dá para ir mais adiante. E só não conseguia estar numa posição melhor porque era prejudicado pelos constantes erros da arbitragem e pelas falhas clamorosas da sua defesa – não por armar mal esse setor, mas sim pela ruindade de seus defensores mesmo.

Pois bem, preferiram trocar o certo pelo duvidoso. Uma ruptura num trabalho que merecia continuidade. No meio de um campeonato complicado e nivelado, colocar um técnico (Estevam Soares) que não é tão gabaritado assim – no máximo, via sua carreira numa ascendente – e não conhecia o grupo. E o resultado foi desastroso: o ex-treinador do Barueri não venceu uma partida sequer das 9 que disputou no Brasileirão e conquistou míseros 6 dos 27 pontos disputados.

Será que o desempenho de Ney Franco seria melhor? Bom, não sou vidente. Mas é fato que Estevam não fez nada que melhorasse o desempenho de sua equipe; tanto que a equipe vem numa descendente, mostrando que o elenco realmente é limitado e sobretudo que a culpa não era do agora técnico do Coritiba (que por sinal conquistou 14 dos 24 pontos disputados sob seu comando e tirou o time da zona de rebaixamento).

Estevam Soares não tem a confiança de ninguém agora. Não tem mais clima no clube. Não parece que vai dar jeito no clube. Então o que fazer agora? Demitir o treinador e assumir que se precipitou ou insistir ainda mais e correr o risco de ver a equipe afundar mais e mais? E se optar pela demissão, vai contratar quem? Quem está disposto a tirar o clube do rebaixamento, tem competência para isto e está disponível no mercado?

A diretoria do Botafogo, com seu planejamento de reconstrução lenta mas honesta do clube, não merecia esse sofrimento. Tampouco merece um rebaixamento. Mas o desempenho recente do clube mostra cada vez mais que a atitude tomada naquele 10 de agosto foi um erro. Caia ou não para a Série B esse ano, que o episódio sirva de lição para o futuro.

Foto: www.terra.com.br

domingo, 27 de setembro de 2009

Um balde de água fria em Barrichello


No belo mais entediante GP disputado em Cingapura, Jenson Button levou a melhor sobre Rubens Barrichello

GP chato disputado hoje em Cingapura. Os donos da F-1 podem fazer um trabalho muito legal tornando as provas mais glamurosas e levando corridas para lugares sem tradição no automobilismo, enchendo ainda mais os seus bolsos. Porém, vemos cada vez menos emoção na pista e cada vez mais provas sendo decididas nos boxes – hoje houve mais na tensão no momento em que as paradas foram feitas do que nas tentativas de ultrapassagens, que por sinal foram raras. Seria muito bom se Bernie Ecclestone e sua trupe pensassem mais em promover corridas realmente atraentes do que torná-las um mero detalhe, valendo muito mais todo o clima de festa criado em cima das provas.

Porém, Lewis Hamilton não tem nada a ver com isso. E aproveitou as condições extremamente favoráveis para vencer a corrida – largava na frente, tinha gasolina suficiente para não entrar no boxes tão cedo e ainda contou com os contratempos de Rosberg e Vettel. Mas quem ficou realmente satisfeito com o resultado final desta corrida foi seu compatriota piloto da Brawn GP.

O fato de Jenson Button terminar na frente de Rubens Barrichello foi uma vitória moral para o inglês na guerra psicológica entre os dois e um balde de água fria na reação do brasileiro. Fazia um bom tempo que o inglês não terminava uma prova na frente de seu companheiro – mais precisamente desde o GP da Hungria.

Só para constar: não é preciso jogar pedras em Rubinho por não ter chegado na frente de Button. Ele fez uma boa corrida, e o inglês também. Só que Button foi beneficiado por estar mais pesado do que seu companheiro e fazer uma segunda perna mais longa. Tem que agradecer a entrada do safety car também.

É verdade que Barrichello tem motivos para não lamentar tanto o resultado. Largou em 9º devido a punição que recebeu por trocar o câmbio, logo terminar em 6º não foi mal negócio. Mas Button largou mais atrás, em 11º, e, ajudado pelo safety car, terminou em 5º. Da mesma maneira, ter conseguido somente um ponto a mais pode parecer irrelevante para o líder do campeonato. O problema é que é consenso que Rubens deveria, a cada corrida, abaixar sua diferença em relação ao inglês. E ver o oponente aumentar a diferença, por menor que ela tenha sido alargada, incomoda. Se já incomodaria se ele tivesse tirado apenas 1 ou 2 pontos...

Faltando três corridas para o final e 15 pontos atrás de Button, Barrichello tem cada vez mais a obrigação de conseguir resultados positivos, de preferência vitórias - e não apenas uma. Além disso, terá de contar com erros e atuações apáticas de Button, para que ele não pontue muito nas próximas provas – claro que isso pode acontecer, como já aconteceu, mas nunca é bom depender disso.

Sim, o título ainda é possível. Mas vai se tornando cada vez mais uma tarefa complicada.

Foto: www.gpupdate.net

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quase OFF: Blogueiro vidente


Nos dias que antecedem uma corrida de F-1, é sempre legal relembrar alguma prova disputada no circuito que será o palco de todas as atenções no domingo. Porém, Cingapura só sediou alguma prova uma única vez; e os acontecimentos principais daquela corrida - o acidente de Nelsinho Piquet e o desastroso reabastecimento de Felipe Massa – já foram tão comentados ultimamente que dedicar um post a uma análise deles soará um tanto repetitivo.

Mas há algo sobre esta corrida que (acho que) não comentei aqui no blog. Esta página teve recorde de acessos num só dia (165) quando Reginaldo Leme, no GP da Bélgica deste ano, deu informações de que a Renault estava sendo investigada por tudo que aconteceu no dia 28 de setembro do ano passado. Como a notícia caiu como uma bomba no mundo da F-1, muitos digitaram algo relacionado a Nelsinho Piquet + Renault + GP Cingapura no Google e acabaram acessando o meu post sobre tal GP no ano passado.

Até aí, tudo bem. Comentei este fato no Twitter e Daniel me avisou que meu blog havia citado num Twitter de algum jornalista (não me perguntem quem era a pessoa, eu já não lembro; na verdade, lembro nem se era jornalista mesmo, rs). Fuçando google e tudo mais o que tem direito, descobri o porque desta pessoa ter citado o meu blog: tudo por causa deste comentário “vidente” do Net Esportes no dia do GP de Cingapura, que pode ser visto aqui:

“pura estratégia da Renault, o Briatore armou tudo !!!!!”

Como costumo dizer, Net Esportes deus, gênio, mito, estou até escrevendo de pé em cima da cadeira. Sabia de tudo antes da FIA e afirmou o poucos ousavam acreditar: eu achava que era coincidência, Marcelonso acreditou que era ruindade do Nelsinho mesmo, Luis nem tinha se ligado na "coincidência", Felipe quis zoar Piquet, Marcos deu indícios de que quer que Alonso dê o troféu a Rosberg e Daniel e Vinicius foram os únicos que chegaram perto da opinião do Netesportes, mas sem tanta precisão. Da próxima vez, aproveite e me passe os números da Mega-Sena também.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nessa Andrade acertou


Depois de ver seu time caminhando para a parte de baixo da tabela, Andrade resolveu arriscar e mudar o esquema. E acertou.

4 jogos de invencibilidade. 10 pontos conquistados dos últimos 12 disputados. Nesse tempo, 9 gols marcados e nenhum sofrido. Números como esses fizeram com que o Flamengo pulasse para a 8ª posição do Brasileirão nas últimas rodadas e voltasse a sonhar com uma vaga no G4 – no momento, o clube carioca está a 5 pontos de tal zona.

Vários fatores contribuíram para que a paz e a esperança voltassem à Gávea: a contratação de Álvaro e Maldonado, a volta dos titulares contundidos, o grande momento vivido por Adriano e Petkovic e até mesmo o fato das últimas quatro partidas terem sido disputadas contra equipes que estão na parte de baixo da tabela. Porém, tão importante quanto isso foi a escolha de Andrade por um novo esquema.

Não foi mera coincidência que os últimos resultados positivos do Flamengo vieram ao mesmo tempo que o 4-4-2 foi implantado. O já mais que manjado 3-5-2 foi deixado de lado para a entrada de uma formação que vem dando resultados.

No esquema anterior, as principais jogadas ofensivas eram armadas pelos laterais, que subiam ao ataque praticamente sem se preocupar com a defesa. Para isso, a equipe sempre contava com 3 zagueiros e geralmente com 2 volantes. Tal ideia era muito boa se o jogo com os alas fluísse, mas não dava certo quando eram bem marcados. Quando isso acontecia, o time carecia de criatividade: como no meio campo havia muitos jogadores de características defensivas e sem tanta habilidade para levar o time para a frente, o ataque acabava prejudicado, pois não era devidamente municiado. E isso já vinha acontecendo com certa frequência ultimamente.

Agora, os ofensivos laterais Léo Moura e Everton se preocupam mais com a defesa e só sobem “na boa”, o que não quer dizer que abdicaram do ataque. A zaga, com um homem a menos, continua bem protegida por dois volantes de ofício. E Andrade depositou a responsabilidade de armar as jogadas no sérvio Petkovic – que vem dando conta do recado até o momento. Quando este está sobrecarregado, recebe a ajuda ou dos laterais ou do terceiro homem do meio campo: Zé Roberto, se o time estiver mais ofensivo, ou Fierro, se o técnico quiser um homem que se preocupe mais em ajudar Léo Moura e que tenha um mínimo de noção de como defender e como atacar.

Com isso, o time ganhou mais consistência, não deixou de ficar desprotegido na defesa e ainda possui um leque maior de opções no ataque. E ainda por cima abriu mão de um esquema que se tornava cada vez mais fácil de ser marcado: afinal, era só proteger as laterais que o Flamengo se via em dificuldades.

É justamente por isso que Andrade merece palmas. Deixou de lado o que os antigos treinadores do clube pensavam – que era quase impossível fazer o Fla jogar sem um esquema que priorizasse o jogo pelas pontas – e montou uma formação que está fazendo o Flamengo jogar bem. Claro que o esquema não é perfeito e ainda precisa ser testado mais vezes; mas já é um sopro de inovação depois da mesmice dos últimos tempos e que pode gerar bons frutos.

Foto: www.flamengo.com.br

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Se ele não quer...


A Copa do Mundo de 2006 definitivamente foi uma espécie de divisor de águas para Ronaldinho Gaúcho. Se até o início da competição o jogador estava numa incrível forma, depois do seu desempenho pífio no torneio sua carreira começou a caminhar ladeira abaixo.

Com atuações cada vez mais decepcionantes pelo Barcelona, conseguiu o que parecia ser impossível em 2004 e/ou 2005: ser praticamente chutado do clube. Não se firmou no Milan, fracassou na tentativa de levar a seleção olímpica ao ouro inédito, perdeu sua vaga na seleção brasileira principal e não consta mais nas listas de melhores jogadores do mundo no momento. Detalhe: para que isso acontecesse, não sofreu uma contusão grave, nem teve um problema particular sério – se teve, não foi noticiado, mas acredito que não teve mesmo.

Dunga (na foto, com Ronaldinho Gaúcho) e Leonardo também já perderam a paciência com o brasileiro

Pois bem: na minha santa inocência, sempre achei que, quando um jogador chega ao fundo do poço, ele deve botar a cabeça no lugar, avaliar o que está fazendo de errado e tentar reverter a situação. Afinal, foi tão difícil chegar ao topo que não se pode deixá-lo tão facilmente.

Mas não é isso que parece acontecer com Ronaldinho Gaúcho. Pelo contrário. No momento, dá mais a impressão de ser um jogador acomodado, que pensa que já conquistou tudo na vida e não tem a menor pretensão de voltar a velha forma. Que não quer mais ser considerado o craque do seu time, não quer lutar por um lugar na seleção de seu país e só quer saber da vida noturna. E se promete melhorar seu rendimento em campo, sua intenção é somente da boca para a fora, porque não é isso que vemos ele demonstrar nos gramados. Em suma: cada vez mais desperdiça o seu talento.

E sabe o que é pior? Enquanto o meia parece ignorar sua decadência, alguns (ou muitos, não sei) de nós ficamos animados com qualquer partida em que ele atue bem, ou faça um gol bonito, ou mostre um lance da sua genialidade que está escondida há algum tempo. Ficamos apostando que o velho Ronaldinho está voltando para depois se decepcionar com as performances seguintes e ver que tudo aquilo não passou de ilusão.

Foi assim nesse começo de temporada – pois é, míseras 4 ou 5 partidas foram suficientes para se constatar isso. Depois de, junto com Alexandre Pato, ter sido o melhor em campo na partida contra o Siena pela abertura do Calcio, e ter ressuscitado discussões do tipo “Será que o velho Ronaldinho voltou?”, teve uma atuação apagada contra a Internazionale e outra contra o Livorno para depois já esquentar o banco no jogo contra o Olympique de Marselha – com direito a ver seu substituto, o holandês Seedorf, dar os passes dos dois gols do Milan.

Como ele reagirá a isso? Não sei. Muito provavelmente ignorando esse fato, voltando a fazer mais uma meia dúzia de partidas boas numa sequência de mais de trinta e se contentando com isso. Perdendo a chance de ir a sua terceira Copa seguida. Perdendo crédito com o torcedor e fã do futebol bem jogado – a quem, obviamente, não deve dar satisfações, mas irrita por saber que pode jogar muito, mas muito mais.

Eu que não vou mais me preocupar com isso. Porém, admito que é frustrante saber que alguém que tinha futebol para mais umas 5 ou 6 temporadas fantásticas desperdiçar o seu talento tão precocemente, antes mesmo de chegar a casa dos 30 anos de idade.

Foto: www.estadao.com.br

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Red Bull Racing out


Depois de acompanhar com certo temor os resultados significativos conquistados pelos pilotos da Red Bull justo no momento em que Jenson Button começava a cair de produção, Ross Brawn já pode respirar aliviado. Após os resultados do GP da Itália, ficou praticamente decidido que os pilotos da equipe dos energéticos não participarão da briga pelo título da competição, deixando a tarefa aos pilotos da Brawn GP. E o próprio dono da equipe, Dietrich Mateschitz, já jogou a toalha.

Na verdade, a prova disputada em Monza serviu apenas para concretizar algo que já vinha sendo construído desde Valência. Se foi lá que Rubens Barrichello iniciou sua recuperação no campeonato, também foi lá que os pilotos da RBR começaram a minar suas chances de se sagrarem campeões.

Depois de terminar em nono tanto em Valência quanto na Bélgica, Mark Webber viu suas chances de ser campeão praticamente irem para o espaço com o abandono na primeira volta na Itália

Desde o GP da Europa, Rubinho conquistou 22 dos 30 pontos disputados e seu companheiro, 10. Enquanto isso, Sebastian Vettel ganhou apenas 7, e Mark Webber teve um desempenho para se esquecer: não conseguiu um ponto sequer.

Ou seja: tendo que conseguir bons resultados para ainda tentar alcançar Button – algo que apenas Barrichello, de quem menos se esperava, conseguiu -, Webber e Vettel fizeram justamente o oposto. O primeiro mais parecia o piloto apagado de 2008, jogando sua regularidade no lixo, enquanto o segundo também esteve um pouco apático, além de contar com o problema da quantidade de motores a serem usados na temporada, algo que certamente o limitou na pista.

Com o alemão a 26 pontos do líder e o australiano a 28,5 e com apenas mais quatro corridas a serem disputadas, o título é algo praticamente impossível para ambos. Para conseguir tal feito, um deles teria que talvez vencer todas as provas – na situação atual, não dá para revezar no número de vitórias - e torcer para uma série incrível de erros e abandonos dos pilotos da Brawn. Algo que será muito difícil de acontecer, principalmente porque Button possui uma ainda confortável vantagem que lhe permite ser mais cauteloso nas próximas provas.

No momento, para garantir o sucesso em 2009, o melhor garantir boas performances nas próximas corridas afim de assegurar os 3 º e 4º lugares. Afinal, Kimi Raikkonen – a 11,5 de Webber e dono de quatro pódios consecutivos - vem se recuperando no campeonato e já aparece no retrovisor, pronto para colocar a Ferrari num lugar que parecia impensável no começo do campeonato.

Foto: www.motorsport.com

sábado, 12 de setembro de 2009

Agora vai, Sutil?

OBS: Amanhã passarei o dia todo fora de casa e só assistirei o GP depois das 8 da noite; portanto, não farei a análise da corrida. Aliás, estou pensando em daqui para a frente não fazer mais análise das provas, e sim comentar um fato da corrida. Mas é algo que ainda estou pensando em fazer.

Adrian Sutil duelando com Nico Rosberg no Japão em 2007, quando conquistou seu único ponto na F-1

Sempre acreditei que Adrian Sutil conquistaria os primeiros pontos da Force India. O seu bom desempenho na pavorosa Spyker e o fato de ter “quase entrado” na zona de pontuação mais vezes do que Giancarlo Fisichella me fizeram acreditar piamente nisso. Mas o italiano teve performances muito boas principalmente nas últimas corridas e realizou o feito na frente do alemão.

Com o segundo lugar no grid de largada da Itália garantido – só não foi pole por causa da fantástica volta de Lewis Hamilton no final da corrida – Sutil tem nova chance de trazer alguns pontinhos para a equipe indiana. Não será o feito de ser os primeiros da equipe, mas trará tanta satisfação quanto aqueles 8 conquistados por Fisico na Bélgica, certamente.

Mas para isso, terá de fazer uma prova tão consistente e sem erros como a de Fisichella há duas semanas. Terá de contar com a sorte de não vir nenhum piloto como uma vaca adoidada atrapalhando seu caminho, como Raikkonen foi no final do GP de Monaco de 2008, tirando o seu 4º lugar. E terá de não errar como errou na China e na Alemanha este ano – esta última, quando coincidentemente bateu em no finlandês da Ferrari. Erros bobos que tiraram pontos praticamente certos e a chance de entrar na história da Force India.

Se tudo der certo amanhã, o alemão terá grandes chances de finalmente pontuar, algo que não consegue desde o improvável 8º lugar no Japão em 2007. O caminho já está bem andado, pois seu carro está muito bom e a largada será relativamente tranquila para ele. Agora, é refletir porque não pontuou das outras vezes em que esteve tão perto do feito para evitar que o mesmo ocorra e para que não termine com o sentimento de frustração mais uma vez.

Foto: www.motorsport.com

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Nilmar salvou Felipe Melo


Ao marcar três gols e ter uma excelente atuação, Nilmar ganhou pontos com o técnico Dunga e salvou Felipe Melo de receber uma chuva de críticas

Já classificado para a Copa do Mundo e sem 4 titulares, Dunga tinha uma excelente oportunidade para testar alguns reservas, fazendo disso um dos principais objetivos do jogo e já visando o grupo que irá levar para a África do Sul no ano que vem: encarava uma equipe sedenta por uma vaga na competição, fazendo do jogo em Pituaçu um bom teste para os que entravam no time principal. E quando tudo estava dando certo, quase que um jogador coloca tudo a perder.

Símbolo das apostas de Dunga que deram certo, Felipe Melo quase foi vilão num jogo que tinha tudo para ter um saldo extremamente positivo para a seleção brasileira. Pecou pelo excesso de confiança e depois resolveu querer estragar tudo ao cometer um pênalti que permitiu ao adversário descontar o placar e ao fazer uma falta violenta que lhe rendeu um cartão vermelho e facilitou a tarefa da equipe de Marcelo Bielsa, que em poucos minutos empatou o jogo.

O meia da Juventus não precisava disso. Destoou do restante da equipe e quase colocou em xeque uma tranquila vitória brasileira: até resolver aprontar das suas, o Brasil já vencia por 2 a 0, jogava bem, mostrava qualidade no ataque e não parecia sentir o desfalque de 4 titulares importantes. Dunga precisa ter uma séria conversa com ele: sua autoconfiança – vista no passe de calcanhar que resultou num perigoso contra-ataque adversário - não é de hoje e seu jeitão estourado, já mostrado em outros jogos, precisa ser corrigido antes que ele atrapalhe num momento decisivo – como numa Copa do Mundo.

Sorte é que Nilmar o salvou. O ex-atacante do Inter teve uma atuação simplesmente fantástica e participou de todos os gols da Seleção: marcou três e roubou a bola do adversário no tento de Júlio Baptista. Sem sombra de dúvidas foi o destaque do time e acabou com qualquer pretensão chilena de virar o jogo.

Nilmar não fez o que Robinho costuma fazer na Seleção – fechar o lado esquerdo como um meia e participar do jogo como um segundo atacante. Mas mostrou outras características importantes, como não ter medo de nenhuma dividida, acreditar em bolas teoricamente perdidas e marcar a saída de bola adversária. Foi dessa maneira que brilhou no jogo. Certamente agradou, carimbou seu passaporte como pelo menos atacante reserva do time e deu uma dor de cabeça ao técnico – se tem características diferentes do atacante do Manchester City, compensa em outras. Dunga que se vire para encontrar a melhor solução.

E Daniel Alves não teve uma atuação menos destacada. Jogando pela direita, foi uma boa opção de jogo, deu ótimas assistências e ainda permitiu a Maicon se preocupar mais com a defesa. Se tornou uma ótima escolha para a meia direita da equipe. Dessa maneira, Elano (que já vinha perdendo espaço) e Ramires (que pouco atuou nos últimos jogos) podem ganhar mais um sério concorrente naquela posição. Bom para o Brasil.

Dos outros reservas, Júlio Baptista não foi um Kaká, como já se esperava, mas cumpriu seu papel e deixou boa impressão ao marcar uma vez. Já Adriano poderia ter tido uma atuação melhor: perdeu boas chances, não chegou em algumas bolas e às vezes pareceu estar meio paradão, como nos seus últimos jogos com a camisa do Flamengo. Miranda também não foi muito bem, mas não chegou a comprometer.

Novamente André Santos não fez uma boa partida: embora tenha sido pouco acionado no ataque, comprometeu na defesa e levou a pior em vários momentos contra Sanchez. Mais uma vez não convenceu

No final das contas, se a partida disputada na Bahia deixou os torcedores tristes por não terem visto Kaká, Luis Fabiano e Robinho, foi bom para o técnico Dunga avaliar alguns reservas. Assim como para pensar em dar um belo puxão de orelhas em quem quase colocou tudo a perder.

Fotos: www.cbf.com.br

domingo, 6 de setembro de 2009

Conclusões sobre o clássico entre Argentina e Brasil


Enquanto o craque brasileiro Kaká brilhou ontem, o argentino Messi sucumbiu à forte marcação adversária. Também, querendo uma bola só para ele...

As principais jogadas da seleção brasileira sempre foram bem claras: o contra-ataque e a bola parada. Virtudes que ficaram ainda mais claras na Copa das Confederações, transmitidas para todo o mundo. Talvez só Maradona não percebeu isso, o que resultou na derrota da Argentina para a Seleção por 3 a 1 em pleno solo argentino.

É só observar como saíram os três gols que calaram grande parte do lotado Gigante de Arroyito. Os dois primeiros saíram através da bola parada. Aliás, o primeiro gol saiu por causa de uma falha imperdoável da equipe adversária. Dunga reclamou que sua equipe nunca recebe os devidos méritos, mas o gol de Luisão saiu porque o camisa 4 apareceu livre na área enquanto um argentino se preocupava com um brasileiro que já era marcado por um companheiro seu. Uma falha grotesca, que deveria ter sido evitada após os treinos necessários para neutralizar essa importante arma da seleção canarinho.

Já o terceiro gol saiu num contra-ataque em que Kaká acertou um belíssimo passe para Luis Fabiano marcar um bonito gol e fechar o caixão. Jogada que até o momento a equipe de Dunga não acertava, ora por preciosismo, ora por um erro no final da jogada, e ora pelas várias faltas que Mascherano fez no camisa 10 da Seleção para que ele não desse continuidade à jogada. Se tivesse sido acertada antes, já tinha argentino deixando o estádio no começo do segundo tempo.

Não há mais dúvidas: Luis Fabiano é definitivamente o camisa 9 da Seleção e ponto final. Sempre corresponde nos principais jogos e mostra que Ronaldo e Adriano no momento têm que jogar muito para roubar a vaga do Fabuloso

É claro que isso mostra que as principais jogadas brasileiras já estão estabelecidas. Cabe a Dunga somente aprimorá-las para que não sejam surpreendidos por uma equipe que estude bem a maneira do Brasil jogar e neutralize suas principais armas ofensivas.

Mas, da mesma maneira, é uma amostra de como a Argentina vive um péssimo momento. Sabia como seu adversário jogava e não fez nada para para-lo. Além disso, teve uma partida sofrível: desarrumado na defesa, errando no ataque e sem muitas jogadas definidas, foi presa fácil para a equipe brasileira. Só não sofreu mais porque do outro lado faltou mais eficiência na saída de bola e, embora no geral o Brasil tenha feito uma boa partida, faltou uma participação mais ativa de nomes importantes como Robinho e Felipe Melo – embora este tivesse ocupações mais defensivas ontem.

A pífia atuação da equipe argentina e a passividade diante das principais armas brasileiras provou que Maradona está tão perdido quanto a equipe que comanda. Ainda não mostrou a que veio, não impressionou na escolha dos jogadores e não deu padrão algum aos “hermanos”. Essa justíssima derrota, em casa e que deixa a Argentina numa situação muito difícil nas Eliminatórias, só veio para comprovar isso. Vamos ver como El Pibe de Oro preparará sua equipe para o confronto fora de casa contra o Paraguai, pois certamente seus jogadores estão destruídos mentalmente depois de um resultado tão decepcionante.

Enquanto isso, Dunga está tranquilo. Colhe cada vez mais resultados expressivos, vê os jogadores em quem confia se afirmarem e já está classificado para a Copa do Mundo com muita antecedência. Méritos a ele que formou uma equipe que, se não é brilhante, tem como trunfo ser um “time de operários”, sem muitos talentos individuais mas de muita entrega e eficiência.

Estando no caminho certo e com a tranqüilidade da vaga para a África do Sul assegurada, resta ao carrancudo treinador se dar ao luxo de se preocupar em procurar os defeitos de sua equipe e consertá-los, assim como aprimorar suas virtudes, para chegar em solo africano tinindo. Algo que El Diez está muito longe de fazer: nem time direito ele tem...

Foto: www.cbf.com.br

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Considerações sobre Badoer, a F-1 e Fisichella


E vimos mais uma troca de pilotos no meio de uma temporada. Para quem quase não viu nenhuma nos últimos dois anos, ver três em 2009 é quase um espanto. Depois de Sebastian Bourdais e Nelsinho Piquet, foi a vez de Luca Badoer ser gentilmente convidado a se retirar de um dos 20 assentos disponíveis na F-1.

Eu defendi o italiano substituto de Felipe Massa, tanto no meu quanto em outros blogs. Sempre achei que Badoer estava sendo prejudicado pelo fato de não participar de uma prova oficial há 10 anos e de praticamente não conhecer o carro desse ano, por causa da proibição dos testes decretada em 2009. Mas reconheço que, ainda assim, o desempenho ex-piloto da Minardi e da Forti Corse era pífio. E infelizmente a F-1 não espera um piloto finalmente chegar ao seu potencial.

Talvez a Ferrari pudesse ter mais paciência com ele, já que sabia das suas dificuldades. Mas pelo fato de querer e muito uma posição boa no Mundial de Construtores e não gostar da ideia de perder mais pontos esperando seu segundo piloto finalmente pegar no tranco...

Aliás, que forma triste essa do italiano provavelmente se despedir da F-1. Era lembrado como o coitado que havia chorado após sua Minardi o deixar na mão quando estava num belo 4º lugar em Nurburgring em 1999. Agora virou chacota por fazer uma Ferrari parecer aquela Minardi. Deve estar querendo matar Barrichello e Massa por isso (não levem isso a sério!).

Mas o pífio desempenho de Badoer deixa o aviso: a proibição de testes é extremamente prejudicial à F-1. Pilotos de testes e aspirantes a uma vaga na categoria ficam completamente enferrujados ou defasados em relação aos demais, tendo se desdobrar ainda mais para se adaptar aos carros da categoria numa época em que é cada vez mais difícil tirar a diferença “no braço”. Fica dado o recado e a esperança de que arranjem outra maneira de reduzir os custos da no circo da F-1.

E por último, foi anunciado que Giancarlo Fisichella será o substituto de Badoer na Ferrari. Legal para ele. Ele é um bom piloto e sua atuação na Bélgica mostrou que ainda pode render bem com um bom carro em mãos; para tapar a lacuna deixada por Massa, é uma opção bem melhor do que Badoer, até porque está na ativa e acostumado com o ritmo de corrida.

Olha a alegria do garoto, parece até eu quando realizei meu sonho de ter um Nintendo 64

Só tenho a impressão de que seu desempenho na última corrida pesou e muito na decisão da Ferrari. E a sua carreira mostrou que ele não esse espetáculo todo de piloto; para mim, foi um lampejo de um bom piloto que está longe de ter status de top. Portanto, não espero grandes performances dele nas próximas corridas. Até porque, é bom lembrar, não conhece o carro da Ferrari.

Mas não deixa de ser curioso ver como sua vida mudou em menos de uma semana: deixou de ser um piloto quase condenado a aposentadoria e sem marcar pontos na nanica Force India, para cravar a primeira pole, os primeiros pontos e o primeiro pódio da equipe e ainda realizar o sonho de sua vida, que é dirigir uma Ferrari.

Agora, só uma coisa. Fisichella disse uma vez que dirigiria até de graça pela equipe de Maranello. Será que Luca de Montezemolo vai exercer o direito dele e não vai pagar Fisico pelos serviços prestados?

Foto: globoesporte.com

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Queria o quê?


Toda vez que um treinador é demitido volta a velha questão: tal atitude foi precipitada ou não? Se um técnico está mal e a situação não parece que vai melhorar enquanto ele estiver no cargo, não adianta: tem mais é que consertar o erro, demitir o indivíduo e avaliar qual é a melhor opção no mercado para substituir o mais novo desempregado. Se ele ainda tem algum crédito – como Muricy Ramalho tinha em 2007 e 2008 no São Paulo – é válido dar-lhe uma segunda chance.

Renato Gaúcho não tinha muito crédito no Fluminense; então, a diretoria não errou ao demiti-lo. Seu pífio desempenho no Brasileiro – conquistou 6 dos 30 pontos disputados – dizima qualquer chance de defendê-lo após sua última passagem, quase que relâmpago, pelo clube das Laranjeiras. Tudo bem que tinha a desculpa de lidar com um elenco rachado, com diversos jogadores em má fase e de contar com uma diretoria que não ajudava em nada. Porém, não conseguiu reerguer seus jogadores moralmente – seu lado incentivador, um dos seus trunfos como treinador, passou longe – e não impôs melhora alguma à equipe taticamente; pelo contrário, pois sua equipe muitas vezes parecia mais um bando do que uma equipe coesa.

Mesmo depois de uma passagem muito ruim pelo clube no ano passado, Cuca está de volta ao Fluminense com a missão de apagar o incêndio nas Laranjeiras. Sei não...

A diretoria do clube agiu rápido e anunciou o novo comandante da equipe no mesmo instante em que declarou que Renato Gaúcho não tinha mais vínculo algum com o clube. Mas sinceramente, se era para contratar Cuca, talvez não fosse preciso tanta rapidez. Isso porque a sua contratação no momento parece estar longe de ser a melhor opção. Não que ele seja um mal técnico: seus ótimos trabalhos no Goiás e principalmente no Botafogo mostraram que ele leva jeito para coisa. Mas seu retrospecto após deixar o alvinegro carioca em 2008 não foi dos melhores: falhou no Santos e no próprio Fluminense no ano passado e não teve uma passagem muito animadora no Flamengo, embora tenha conquistado seu primeiro título por lá. Pelo fato de seu desempenho recente não ser nada animador, me surpreende vê-lo empregado tão cedo; e pior, ser contratado como um bombeiro e precisando conquistar bons resultados urgentemente e recuperar um elenco com a moral lá embaixo....

Falando em moral, é necessário lembrar que Cuca saiu muito desgastado do rubro-negro carioca e sabe se lá como está a sua cabeça atualmente. Precisa estar muito forte mentalmente para encarar esse difícil desafio, até porque lidará com um clube no fundo do poço e com a moral lá embaixo. Mas seu forte nunca foi nesse quesito. Pelo contrário: é, de longe, o seu ponto fraco.

Em 2005, duvidei que Joel Santana ia salvar o Flamengo do rebaixamento. Com uma sequência avassaladora de bons resultados, conseguiu. Cuca precisa do mesmo feito do Natalino no Flu. Porém, mesmo tendo queimado minha língua 4 anos atrás, e não querendo me precipitar, a princípio duvido que consiga; ele não me transmite a confiança de quem vai tirar um time de uma situação desesperadora.

A diretoria do Fluminense pode ter pisado na bola dessa vez. Mas também, esperar o que de uma instituição que contrata um técnico um ano depois dele ter tido uma passagem pavorosa no mesmo clube?

Foto: globo.com