segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sem um finalizador nato, a tarefa pode ser mais difícil

Quando Emmanuel Adebayor resolveu deixar o Arsenal rumo ao Manchester City, achei que a diretoria do clube londrino estava cometendo um erro. Liberando o togolês, além de perder um dos seus principais atacantes, Arsene Wenger estaria perdendo o seu principal homem de área.

Pois bem, naquela época estava decidido a escrever um post sobre isso. Porém, ao navegar no site da BBC, onde sempre procuro por notícias e análises do futebol inglês, fiquei confuso. Os torcedores do Arsenal não estavam tão preocupados com a saída do atacante: primeiro, porque não gostavam tanto de sua personalidade; segundo, porque achavam que tinham atacantes a altura para substituí-lo. Entendi o primeiro motivo, mas não engoli muito bem o segundo: o outro homem de área da equipe, Nicklas Bendtner, não é dos mais confiáveis, e os outros da mesma posição me davam a impressão de que o ataque do time ficaria leve demais. Ainda assim, me deixei levar por aquelas opiniões e resolvi não dedicar um post à saída de Adebayor sem a devida reposição – embora estivesse um tanto intrigado com isso.

Na Premier League, Adebayor marcou 5 vezes, 2 a menos do que o artilheiro do Arsenal na competição, o holandês Van Persie. Ainda assim, o togolês faz falta na equipe de Arsene Wenger

É…mas estou cada vez mais convicto de que deveria ter escrito aquele post. Ainda mais depois da partida entre Arsenal x Chelsea. Em pleno Emirates Stadium, os Gunners foram derrotados pelo justo placar de 3 x 0. O Chelsea aproveitou suas chances e a fragilidade do setor mais fraco do rival – a defesa – para vencer o clássico londrino. E os donos da casa, o que fizeram? Tentaram ir para o ataque a todo custo, mas sem referências na área (Bendtner estava machucado), rodava a bola, chegava até a grande área adversária e lá não conseguia penetrar, tampouco finalizar – tanto que Cech pouco trabalhou.

Acompanhando a partida, deu para perceber que a saída de Adebayor tirou uma forte opção de jogo da equipe de Arsene Wenger: o ataque do Arsenal ficou leve demais, como eu já temia. Arshavin, Walcott e Vela jogam pelas pontas e van Persie, que vem atuando mais centralizado, não é o homem ideal para atuar nessa faixa do campo, até porque, como os outros já citados, não possui porte físico para encarar o jogo lá dentro da área. Eduardo poderia ser o substituto ideal, mas, apesar de ser um atacante útil, não me parece o jogador certo e confiável para grandes jogos – jogos contra Man Utd e Chelsea, por exemplo, para os quais o Arsenal já perdeu nessa temporada. Já Bentdner não vem sendo tão usado (e inclusive já foi usado como ponta, onde – pasmem – se saiu bem). E vamos combinar uma coisa: ainda “verde”, o dinamarquês gosta de perder gols…

Não que a venda de Adebayor tenha sido um desastre. O número de gols marcados pelo Arsenal mostra isso: em 12 jogos na Premier League, marcaram 36 vezes; por causa dessa marca, possuem o melhor ataque da competição. Os seus vários placares elásticos provam que o ataque, agora muito habilidoso, continua tinindo. Mas a saída do agora jogador do Manchester city, ainda mais sem reposição, pode ter prejudicado sim o time. E o fato de ter perdido as três partidas que disputou na Premier League contra equipes superiores ou do mesmo nível – contra Man Utd, Chelsea e Man City – pode ser uma prova disso. Atuando contra defesas mais fortes e tendo um ataque talentoso mas sem um homem tipicamente finalizador e de maior força física, este setor dos Gunners encontra mais dificuldades para entrar na defesa adversária, finaliza pouco e ajuda o time a perder o jogo – claro que também por ter outros problemas, como ter um time jovem demais e sem tantas opções no banco.

Ainda há como Arsene Wenger resolver isso, mas talvez ele não encare tal coisa como um dos principais problemas de sua equipe; na verdade, talvez nem encare isso como um problema. Contratar alguém deve ser a melhor solução, porque talvez não se encontre um jogador promissor com essas características na base. E é aí que a situação fica crítica: o treinador francês não é daqueles que costuma abrir a carteira para fazer grandes contratações, ainda mais na metade da temporada. Faria ele isso agora? Eu acho que não.

Foto: www.guardian.co.uk

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

E agora, Fluminense?

O Fluminense até poderia esperar um resultado negativo no Equador, mas não uma goleada de 5 a 1. Por isso o abatimento é compreensível

A fase do Fluminense era maravilhosa. O tricolor carioca não perdia desde o começo de outubro e vinha conseguindo uma reação improvável no Campeonato Brasileiro. Antes decretado rebaixado, já se imaginava até ver a equipe das Laranjeiras fora da zona da degola, ainda mais após vitórias heróicas contra times poderosos como Palmeiras e Cruzeiro. Quem diria...

Enquanto isso, a campanha vitoriosa e não menos improvável na Sul-Americana servia como combustível para o clube carioca. Sem perder e conseguindo alguns resultados inesperados, a boa fase vivida na competição continental só servia para aumentar a auto-estima dos jogadores.


Só que ontem o time perdeu para a LDU. E não foi uma derrota qualquer. Se perdendo em campo a cada gol tomado, como se estivesse rezando para a partida terminar, o Flu perdeu por 5 a 1 fora de casa e agora vê o título do torneio bem distante – é verdade que a equipe vem se destacando por conseguir reverter placares de maneira épica, mas tirar uma diferença de quatro gols não será fácil mesmo.


E agora fica a pergunta: qual será a reação do Fluminense depois dessa derrota? Antes, o clube via a conquista da competição como um bônus para a sua recuperação no Campeonato Brasileiro; ou seja, não era (e nem é) a prioridade dos tricolores, mas engrandeceria ainda mais uma possível milagre no Brasileirão. Deixaria a novela tricolor com roteiro de cinema.


Mas agora o resultado obtido na Sul-Americana pode surtir efeito contrário ao que vinha fazendo ultimamente. A derrota foi tão pesada e decepcionante que pode abalar a moral do elenco – é verdade que era um jogo de outra competição, mas a goleada interrompeu uma série de nada menos do que 13 partidas sem perder. Isso certamente deixa a equipe no mínimo incomodada, ainda mais uma formada por muitos jovens. E eu ainda tenho minhas dúvidas de como um técnico como Cuca fará para recuperar a moral de seus jogadores...


Só iremos saber como o elenco reagirá a essa derrota no próximo domingo, em outra partida decisiva pelo Brasileirão, contra o Vitória no Maracanã. O apoio da torcida, assim como a atitude dos líderes da equipe, será fundamental, para que o time não se sinta abandonado neste momento delicado. Mas uma coisa é certa: por mais essa dificuldade na sua árdua luta contra o rebaixamento, o Fluminense não esperava.

Foto: www.lancenet.com.br

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Qual Corinthians enfrentará o Flamengo?

O Flamengo certamente teve a sua grande chance de assumir a liderança do Campeonato Brasileiro, mas não conseguiu aproveitá-la. O time parece ter sentido a pressão de ter que ganhar o Goiás num Maracanã lotado após o Botafogo derrotar heroicamente o São Paulo; fez um mal primeiro tempo, não conseguiu marcar o gol salvador no segundo e acabou tendo um empate frustrante com a equipe de Hélio dos Anjos.

Estando agora a um ponto do ainda líder São Paulo, o Flamengo precisa, na próxima rodada, derrotar o Corinthians fora de casa - um empate pode deixar o time carioca numa situação complicada caso o tricolor paulista vença o Goiás no Serra Dourada. Porém, a pergunta que fica é: qual Corinthians a equipe rubro-negra enfrentará dia 29?

Assim como o Goiás, que já conseguiu complicar a vida do Fla, o Corinthians é um time que não tem muito o que fazer no Brasileirão - já está classificado para a Libertadores do ano que vem e entendeu que não possui chances de título há um bom tempo. Isso faz com que o time jogue sem a obrigação da vitória, o que é bom pelo fato do time jogar mais leve e sem tanta pressão, mas que também é ruim por deixar o time descompromissado (no sentido negativo da palavra) em campo.

É difícil saber qual Corinthians entrará em campo. Há vezes em que a equipe de Mano Menezes sofre derrotas inesperadas - como quando perdeu em casa para Atlético-PR e Náutico por 3 a 1 e 3 a 2, respectivamente. Porém, também é capaz de conseguir resultados positivos quando menos se espera, como quando derrotou o Vitória por 1 a 0 fora de casa ou quase arrancou uma vitória do Palmeiras. Ora a equipe entra motivada, ora não. E há também as ocasiões em que o treinador resolve fazer várias experiências e entra em campo com um time bem diferente do normal.

O antes rubro-negro Ronaldo pode acabar com o sonho dos ainda torcedores do Flamengo

Por ser um time tão previsível, o Flamengo precisa tomar muito cuidado para não se complicar ainda mais nessa reta final. O Corinthians tem time para dificultar a tarefa dos comandados de Andrade - principalmente se Ronaldo jogar não que ele vá atuar bem por querer responder às provocações dos torcedores rivais, mas porque é bom mesmo). Portanto, a equipe rubro-negra não pode cair no papo de que o Corinthians vai tirar o pé do acelerador porque não tem mais o que fazer na competição - o Goiás também não tinha e olhe só o que fizeram com o Fla...

Foto: esportes.terra.com.br

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Um trágico fim?


Enquanto a situação vai sendo definida na parte de cima da tabela do Campeonato Brasileiro, o mesmo ocorre na parte de baixo. O Sport já está rebaixado e Santo André e Náutico só escapam em caso de milagre. Dessa maneira, somente uma vaga para a Série B está indefinida no momento.

A princípico, a indesejada vaga parecia estar destinada ao Fluminense. Aliás, até pouco tempo todos previam que a equipe das Laranjeiras estaria rebaixada antes mesmo do Sport. Porém, embora o Botafogo esteja dois pontos a frente dos tricolores, que abrem a zona de rebaixamento, o destino pode ser muito mais cruel para o clube de General Severiano.

Conca e cia podem deixar Alessandro e seus companheiros do Botafogo a ver navios

Isso porque o momento é muito mais favorável ao Fluminense. O time está embalado, determinado a sair da situação desfavorável em que se encontra e com um ataque voando: Conca continua em boa fase, Maicon parece ter voltado melhor do Mundial sub-20 e Fred, talvez como forma de responder as críticas que recebeu, assumiu a condição de líder do time e o papel de matador que todos esperavam ver quando foi contratado. Além disso, a torcida está apoiando a equipe nesse momento crítico e Cuca acertou ao afastar as laranjas podres do elenco e confiar nos garotos que mereciam uma chance. As últimas vitórias e a classificação em grande estilo para a final da Sul-Americana só ajudaram a dar mais confiança ao elenco e deixar o ambiente mais leve.

Já o Botafogo é o oposto disso tudo. Cheio de problemas, é um clube que parece estar rezando para o ano terminar logo, de preferência na Série A. Além da torcida não comparecer ao Engenhão, tem um time titular imprevisível, sem tanto comprometimento com seu técnico - os boatos de um mal relacionamento entre Estevam Soares e alguns jogadores só aumentam -, e sem jogadores decisivos, como Fred e Conca para o Fluminense. Afinal, Reinaldo não rendeu o esperado, Lúcio Flávio vive de lampejos do que era na sua primeira passagem pelo clube e ninguém acredita que o atual André Lima é o mesmo matador de 2007.

Para piorar, a tabela para o Botafogo é bem mais difícil do que para o Fluminense. Os comandados de Cuca irão enfrentar o já rebaixado Sport na Ilha do Retiro, o Vitória no Maracanã e o Coritiba - que talvez já não tenha mais nada para fazer no campeonato - no Couto Pereira. Já o Botafogo terá duas pedreiras em casa - São Paulo e Palmeiras, ambos brigando por algo valioso na competição - e o Atlético-PR fora, ainda a procura da vitória que o livrará de vez da possibilidade de ser rebaixado. Ou seja: enquanto o Flu terá pela frente times já sem tanto comprometimento pelo Brasileirão, o Botafogo enfrentará outros que encaram cada jogo como uma decisão.

Aliando a tabela difícil ao mal momento atual, parece mais fácil temer o rebaixamento do Botafogo na competição. Mas é claro que tudo ainda pode acontecer: uma derrota do Fluminense para o Sport, por exemplo, pode abalar o time a ponto de deixá-lo impotente na busca pela salvação. Porém, pelo andar da carruagem, não me surpreenderia com a manutenção do Fluminense na Série A e a queda do Botafogo. Seria um baque na boa proposta de Maurício Assumpção de reerguer o clube mantendo uma política mais "pés no chão", mas é algo que pode ser tornar uma trágica realidade, como foi o rebaixamento do Vasco justo quando Roberto Dinamite assumiu o comando do clube.

Foto: www.lancenet.com.br

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Diego Souza desapareceu


Os palmeirenses devem estar desesperados. Há 15 anos sem conquistar o Campeonato Brasileiro, o time está perdendo a grande chance de finalmente ser pentacampeão da competição. Depois de liderar com tranqüilidade boa parte do campeonato, a equipe perdeu o fôlego e teve uma brusca queda de rendimento, vacilando tanto nos jogos difíceis como nos fáceis.

Várias razões para esta queda podem ser enumeradas: as decisivas contusões de Cleiton Xavier e Pierre, aliadas à falta de grandes opções no banco; o esquema previsível armado por Muricy; os erros de uma defesa cada vez mais insegura; a inesperada falta de impacto de Vagner Love na equipe, entre outras. Mas um fator que não pode ser esquecido é o sumiço de Diego Souza.

Coincidência ou não, Diego Souza parou de brilhar quando o Palmeiras começou a cair de produção. E antes grande candidato a principal jogador da competição, está brigando para se tornar uma das decepções, justamente por causa do seu desaparecimento nessa reta final de campeonato – pelo menos por enquanto.

Diego Souza caiu de produção quando o Palmeiras foi pelo mesmo caminho. Coincidência ou não?

Provavelmente meia do Verdão está sentindo falta da ajuda de Cleiton Xavier no meio campo. Mas por mais clichê que isso possa parecer, o jogador fundamental deve aparecer nessas horas difíceis. E Diego Souza está longe de fazer isso. Muito pelo contrário, já que atualmente, em vez de jogar bola e levar o time para frente, se esconde, não se torna peça essencial ao time e aparece muito mais reclamando do juiz ou então dos jogadores – como fez ao disparar poucas e boas para Petkovic e Jorge Henrique.

Mas seu temperamento explosivo só é um retrato do desespero do Palmeiras atual, assim como suas pobres atuações imitam perfeitamente a queda de produção de sua equipe. Saber quando ele vai voltar a jogar bem, ninguém sabe. Só se sabe que vai se tornando uma das maiores decepções desse final de campeonato – pelo menos até agora, já que a equipe pode dar uma virada repentina (mas cada vez mais improvável) na tabela. E sua vaga na seleção, ainda mais depois da má atuação na Bolívia, vai ficando cada vez mais longe de ser conquistada.

Foto: www.estadao.com.br

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Parabéns, mas o trabalho não pode parar


No momento, não há outra coisa a se fazer a não ser parabenizar o Vasco pela promoção à Série A do futebol brasileiro. Embora tenha sido alvo de muitas críticas – exageradas, até – quando o time ficou um bom tempo sem achar o caminho do gol na Segundona, a equipe sobrou na competição. A subida para a Primeirona a quatro jogos do fim do campeonato ainda coroou um ano acima das expectativas para o clube: além de fazer o seu papel na Série B, teve ótima participação no Carioca para quem tinha o elenco mais fraco dos quatro grandes e chegou a semifinal da Copa do Brasil, sendo eliminado pelo Corinthians após dois empates em jogos duríssimos contra o campeão do torneio.

Mas não basta parabenizar apenas a instituição Vasco: o presidente Roberto Dinamite e os demais dirigentes também merecem ser elogiados. Apesar de algumas turbulências no meio do caminho – os salários dos funcionários, por exemplo, estão atrasados -, conseguiram fazer um excelente trabalho fora de campo no processo de mudança da diretoria; dessa maneira, foram peças fundamentais para colocar o Vasco de volta aos trilhos.

Carlos Alberto calou os críticos e este blogueiro ao liderar o Vasco na campanha vitoriosa da equipe em 2009. Méritos aos dirigentes do clube, que arriscaram e confiaram no seu potencial, e para o jogador, que aos poucos volta a ganhar credibilidade no futebol brasileiro

Porém, os mesmos devem entender que as tarefas ainda não acabaram. Muito pelo contrário. Se o Vasco deseja sonhar com vôos mais altos e não quer nem pensar em lutar para não cair no ano que vem, precisa começar a se mexer desde já. Não só para manter um clube mais organizado, mas também para armar uma equipe de melhor qualidade.

E para que isso aconteça, a primeira coisa que deve ser feita é manter Dorival Júnior no cargo. Sem um grande elenco em mãos e com pouco dinheiro para contratar, o técnico fez um trabalho brilhante e provou que é um dos mais promissores da área, além de mostrar que merece dar continuidade a um trabalho até agora muito frutífero. Foi tão bem que, a não ser que Andrade leve o Flamengo a um antes improvável título do Brasileirão, merecerá o prêmio de melhor treinador do Rio neste ano.

Porém, vamos ser sinceros: este elenco não faria tão bonito na Primeirona. É do tipo bom, bonito e barato, mas não tem tanta qualidade para disputar uma competição mais forte – é verdade que deu trabalho ao Timão na Copa do Brasil, mas vamos nos lembrar de que pontos corridos é diferente do mata-mata. Provavelmente ficaria brigando no meio da tabela, e com alguma sorte surpreenderia tanto quanto o Avaí nesse ano.

É por isso que acredito que a diretoria esteja certa quando diz que pretende contratar 11 jogadores; parece exagerado, mas o clube precisa mesmo de reforços. Alguns reservas não parecem ter pique para aguentar a Série A, enquanto alguns titulares tem mais cara de reserva para uma competição do tipo.

E nesse quesito a diretoria vascaína certamente terá muito trabalho. Isso pode ser comprovado quando se percebe o esforço que os dirigentes terão de fazer para manter a base da equipe: Fernando Prass, Paulo Sérgio, Ramon, Nilton, Carlos Alberto e Élton. A maioria destes estão emprestados e os donos de seus passes estão doidos para vendê-los. Pelo menos a equipe poderá contar em 2010 com dois bons jogadores que, por causa de contusões, pouco foram utilizados na Série B – Jéfferson e Rodrigo Pimpão.

Com o primeiro passo dado para um bom 2010, resta ao clube manter os pilares do elenco de 2009, se reforçar e refletir o (pouco) que deu errado nesse ano para que o Vasco não volte a pensar em segunda divisão no ano que vem. Além disso, será essencial não cometer loucuras no momento de contratar, para que as finanças do clube, que não são nenhuma maravilha, não se desequilibrem num momento tão crucial.

Foto: esportes.terra.com.br

domingo, 1 de novembro de 2009

Um retrato perfeito da temporada


E tivemos hoje, na F-1, o GP dos Emirados Árabes, em Abu Dhabi. Última corrida do calendário, a prova foi um retrato fiel, um digno grand finale da temporada que vimos em 2009: monótona, sem emoção alguma na pista, com raríssimas ultrapassagens e decidida na largada e nas primeiras voltas. Exatamente como vimos durante quase todo o campeonato.

Não bastasse as brigas por causa do difusor duplo e do regulamento, duelos desiguais entre a turma dos que tinham Kers e a dos que não tinham, montadoras abandonando o barco e deixando pilotos sem pai nem mãe, a ameaça de retirada de equipes tradicionais da categoria e até mesmo escândalos do passado sendo descobertos, tivemos que suportar corridas chatíssimas como essa em Abu Dhabi. Ou seja: vimos tudo aquilo que nos faz esquecer todos esses problemas fora da pista que temos que aguentar praticamente não existir. É como se o indivíduo que quisesse afogar suas mágoas não encontrasse um mísero amigo em casa ou visse todos os bares fechados em pleno fim de semana.

Foi vendo essa corrida e fazendo a retrospectiva da temporada que pensei: de que vale, então, passar por todos esses problemas para continuar promovendo GPs se elas se tornam cada vez mais verdadeiras procissões? Para que continuar a ter orçamentos exorbitantes a serem investidos no desenvolvimento de carros, orçamentos esses de valores inimagináveis há 15 anos? Para que isso se os carros cada vez mais não permitem uma única ultrapassagem? Para que tirar provas de circuitos clássicos para colocá-las em lugares sem tradição alguma no automobilismo, onde se gasta uma nota preta para criar pistas caríssimas e extremamente fascinantes visualmente, se as provas lá disputadas são um verdadeiro fracasso, quase sem pontos de ultrapassagem e desafios aos pilotos?

Foi difícil fazer corrida boa com isso aí em 2009...

Uma nota aqui: o povo quer ver corrida, não que os carros passam por cima de uma ponte, que a corrida começou de dia e terminou a noite ou como os iates são bonitos.

Pois é, para mim, manter campeonatos monótonos como o de 2009 não faz sentido. Sim, achei monótono mesmo. Pode ter sido muito legal ter visto a tal inversão de valores, quatro pilotos disputando o título, diferentes vencedores e pilotos chegando ao pódio, veteranos renascendo e um desacreditado ganhando um título, mas se houve sensação de emoção ou de um campeonato fora de série, como disseram na transmissão da corrida hoje, ela foi falsa. Na pista, não vi nada mais do que provas decididas nas largadas – se não nos treinos – ou então nos boxes. Brigas como a que tivemos hoje entre Button e Webber foram poucas. Bons momentos em provas, só lembro de ter visto na Austrália, Malásia, Bélgica – a melhor da temporada -, Itália e Brasil. A da Espanha pelo menos foi tensa demais. E pode ser que eu esteja forçando nesse rápido levantamento.

Espero mesmo que as coisas melhorem no ano que vem. Que tenhamos um campeonato equilibrado não só na tabela de classificação, mas também na pista. Gente tentando ganhar a primeira posição no braço, não largando mais pesado ou economizando combustível para assumir a liderança nos boxes. Elogiar pilotos não só por terem feitos provas consistentes e terem virado rápido o tempo todo mas também por terem sido arrojados. E que um dia os chefões da F-1 se reunissem e bolassem uma maneira de tornar as corridas mais atraentes. Mesmo que isso significasse a saída ou a modificação brusca de alguns circuitos “Tilkeanos” e menos dinheiro no bolso.

Mas India e Coréia vêm aí. E para Bernie Ecclestone, emoção na pista se resolve com a implantação do sistema de medalhas. Talvez meus desejos fiquem só no sonho mesmo. Ou então já estou ficando ranzinza demais e devo pensar em ver as corridas com uma carga de estresse menor...

Foto: www.gpupdate.net