Curiosamente, os melhores resultados tupiniquins em ambas as provas foram de pilotos que voltaram às pistas depois de um longo tempo. Felipe Massa, 2º no Bahrein, havia disputado sua última prova oficial em julho, no GP da Alemanha, antes de sofrer grave acidente na Hungria. Já Vitor Meira , 3º no controverso traçado de São Paulo, não corria há quase um ano, depois de se acidentar seriamente em Indianápolis. Ambos conseguiram resultados com sabor de vitória. Porém, outra análise da prova nos leva a interpretações finais com sabores diferentes.
Por mais que não seja anormal ficar atrás de um Fernando Alonso com um carro finalmente a altura do seu nível de pilotagem, o resultado do brasileiro vice-campeão mundial em 2008 é um pouco amargo. Depois de surpreendentemente se sair melhor do que o companheiro na classificação – digo isso pelo fato de ter colocado uma diferença significativa em relação ao espanhol (três segundos) –, Felipe não largou bem e perdeu a posição para Alonso. E foi justamente esse resultado que fez a diferença no final. Se Massa tivesse mantido sua posição inicial na largada, muito provavelmente teria ganho a corrida, já que o seu desempenho era similar ao de Fernando e as ultrapassagens no circuito de Sahkir eram limitadas. Vendo dessa maneira, é de se lamentar pelo menos um pouco o resultado final do brasileiro, já que isso significa a começar a disputa interna na Ferrari perdendo (mas não me refiro a disputa idiota inventada pelas imprensas brasileira e espanhola). Além disso, nunca é bom deixar um piloto como Alonso deixar ganhar confiança já na primeira corrida
Já o resultado de Meira teve realmente o sabor de uma vitória. Vitor não tem – e nunca teve – um dos melhores equipamentos na categoria, mas foi bem durante a prova e teve competência e muita sorte para não deixar que os acontecimentos malucos da corrida atrapalhassem o seu desempenho. O seu resultado foi mais um daqueles que mostra que o brasileiro possui habilidade para se virar com equipamentos inferiores, quando comparados aos dos pilotos “tops”, além de fazer com que nós torçamos pela sua primeira vitória na categoria – ele já foi segundo em algumas corridas, até mesmo em Indianápolis há dois anos, mas ainda não conseguiu subiu no lugar mais alto do pódio.
Dura realidade: enquanto Luciano do Valle continuar narrando corridas da Indy, Vitor Meira ("Vitinho", para o locutor), continuará tendo dificuldades para vencer uma prova
De qualquer maneira, deve-se destacar o fato de que seus resultados no Bahrein e em São Paulo, respectivamente, provaram que ambos não perderam a velocidade de antes. E que ainda podem render bastante e alcançarem seus objetivos – um, o de ainda ser campeão mundial, embora a tarefa pareça cada vez mais difícil, e o outro, o de pelo menos conseguir uma vitória na Indy (para pelo menos não virar o novo Raul Boesel…)
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