segunda-feira, 27 de abril de 2009

Não pode deixar chegar...

No futebol carioca, entre outras coisas, há quase um consenso quando se diz que não pode deixar o Flamengo chegar. Mas parece que o Botafogo ainda não aprendeu essa lição: nesse ano, no jogo entre os dois na Taça Guanabara, deixou o Fla empatar aos 47 do segundo tempo; na final da Taça Rio, cedeu muito espaço ao time de Cuca, que fez campanha irregular na competição, e foi derrotado por 1 a 0; e agora, numa partida muito boa e tensa, digna de uma final, deixou a equipe da Gávea empatar já aos 39 da etapa final, depois de perder algumas chances de aumentar o placar.

No primeiro tempo, até marcar pela primeira vez, o Flamengo realmente estava melhor. Como de costume, priorizava o jogo pelas laterais; tinha maior posse de bola e domínio territorial, enquanto o Botafogo apostava nos contra-ataques; nada muito diferente do esperado. Mas quando Juan abriu o placar, numa cobrança de pênalti, aos 20 minutos, as coisas começaram a desandar para o time de Cuca.

De time que criava mais chances, aos poucos o Flamengo passou a ser dominado pelo Botafogo. O Fla não conseguia mais acertar passes seguidos e errava demais na saída de bola; (Zé Roberto estava muito mal e parecia desinteressado, perdendo todas as bolas e divididas; Léo Moura também errava tudo e perdeu um gol feito logo após o primeiro gol). Já Wellinton e Willians não conseguiam parar Maicosuel, que fazia o que queria na área rubro-negra. Para piorar, o time até então vencedor no placar dava cada vez mais espaços para o adversário chegar, fazendo com que os volantes botafoguenses, mesmo que limitados, se aproximassem dos homens de ataque. Dessa maneira, o Botafogo não só empatou como virou o jogo, com gols de Juninho, aos 37 minutos, e Reinaldo, aos 43.

Juan abriu o placar no Maracanã através de cobrança de pênalti, que na verdade não existiu, assim como a falta que originou o primeiro gol do Botafogo. Mais tarde, o esquentado lateral voltou a ser protagonista da partida ao, de maneira ridícula, provocar Maicosuel após ser driblado pelo botafoguense

No segundo tempo, Cuca acertou ao tirar o horroroso Zé Roberto e colocar Josiel; se o atacante não foi tão bem e não teve muitas chances, pelo menos ajudou ao servir como referência e não deixar somente Emerson em evidência aos zagueiros. Porém, embora parecesse que o Flamengo tivesse mudado sua atitude, o Botafogo continuava melhor: o sistema defensivo rubro-negro continuava falhando muito e dando espaços para o ataque adversário. Destaque negativo para Wellinton: o jovem zagueiro, de poucos recursos entrou muito nervoso na partida, tomou um baile de Maicosuel, errou nas saídas de bola e depois de certo tempo perdeu quase todas as divididas, comprometendo a defesa de seu time

Até uma boa parte do segundo tempo, com o Flamengo procurando cada vez mais o gol, o Botafogo, aproveitando as brechas que apareciam, teve boas chances de marcar. Porém, desperdiçou-as, ora por boas intervenções de Bruno, ora por falta de capricho. O castigo começou a vir aos 18 minutos, quando o Botafogo se viu sem Maicosuel e Reinaldo, que se machucaram no mesmo lance. Sem dois de seus melhores jogadores, o Botafogo começou a recuar demais, como num replay do que aconteceu na semana passada: mesmo assim, ainda teve boas oportunidades de marcar, com Jean Carioca e Victor Simões: porém, novamente não as aproveitou.

Com espaços para jogar, o Flamengo, que melhorava após as entradas de Everton Silva e Erick Flores nos lugares do apagadíssimo Leo Moura e do desastroso Wellinton, voltava a dominar por completo o jogo. Porém, tocava demais a bola sem objetividade, o que vem sendo bem comum na era Cuca: o time toca, toca, toca, toca e não finaliza; ou acaba apelando para um chuveirinho que não resulta em nada ou então perde a bola e arma um ataque apara o adversário. Então, o gol salvador não poderia vir de outra maneira: num lance de raça de Willians, que tentou cruzar e contou com um desvio no braço de Emerson (de novo o botafoguense) para que o a bola fosse para as redes.

Enquanto o Botafogo não aprender que se não matar o jogo rapidamente pode sofrer o revés, vai continuar tomando esses gols bobos. Porém, o Flamengo não pode se apegar na sorte: ainda possui problemas e precisa resolvê-los logo, antes que o Botafogo resolva parar de entregar o jogo de mão beijada.

Foto: www.lancenet.com.br

domingo, 26 de abril de 2009

Deu Button de novo

Com a vitória no Bahrein, Button conquistou sua quarta vitória na carreira, a terceira na temporada; é o líder do campeonato com 31 pontos, 12 a frente do segundo colocado Rubens Barrichello

Ele já voltou. Após o terceiro lugar na China, Jenson Button venceu mais uma vez na temporada, conquistando assim sua terceira vitória após quatro corridas. O pódio no Bahrein foi completado por Sebastian Vettel e Jarno Trulli. A corrida não chegou a ser agitada como as três anteriores, até porque muitas coisas foram decididas por meio de estratégias e paradas nos boxes; também não houve grandes performances da maioria dos pilotos. Porém, mesmo assim a corrida não chegou a ser monótona; uma ultrapassagem aqui e outra estratégia interessante ali serviram para deixar o público atento.

A quantidade absurda de toques entre os carros nas primeiras voltas, principalmente daqueles que participavam do pelotão de trás, faziam a F-1 parecer Nascar

Não é exagero dizer que Button ganhou essa corrida na 1ª volta, como dito na conversa de rádio do inglês logo após a bandeirada. Largando em 4º, conseguiu ultrapassar Vettel mas foi batido por Lewis Hamilton; porém, logo na primeira passagem pela reta principal passou seu compatriota, pulando para 3º. Se tivesse perdido um bom tempo atrás do piloto da Mclaren, se distanciaria demais das Toyotas, que lideravam a prova; aí, nem voltas voadoras serviriam para tomar o primeiro lugar. Como fez tudo como o script de Ross Brawn manda, atingiu o 3º posto rapidamente e esperou as paradas de quem estava a sua frente para voar na pista e voltar na primeira posição após o seu pit, para não mais largá-la.

Líder do campeonato com 31 pontos, o inglês vai cada vez mais consolidando sua posição de primeiro piloto na equipe. É verdade que o campeonato ainda está no começo, mas Rubens Barrichello ainda não conseguiu superar Button em nenhuma das quatro corridas. Hoje, o brasileiro fez uma corrida novamente abaixo do esperado: perdeu tempo atrás de Nelsinho Piquet após sua primeira parada e, após a mudança de estratégia que fez com que parasse 3 vezes nos boxes, não foi rápido o suficiente após o segundo pit para tirar proveito da nova estratégia. Terminou em 5º, ajudado pelo ótimo trabalho da equipe no último pit, que permitiu que voltasse a frente de Kimi Raikkonen e Timo Glock. Se não apresentar uma melhora absurda nas próximas provas, será ainda mais engolido pelo seu companheiro de equipe e, quando for preciso, a Brawn GP certamente irá priorizar o ex-piloto da Williams.

Foi bom enquanto durou: a dobradinha feita no treino de classificação e mantida após a largada pela Toyota foi pelo ralo com o decorrer da corrida

A Toyota certamente deixará o circuito decepcionada pelo desempenho da escuderia na corrida. Após fazer dobradinha na primeira fila do grid de largada, os japoneses viram Trulli terminar na 3º posição e Glock, num distante 7º lugar. Assim como a estratégia de parar pela primeira vez cedo não foi bem sucedida, a de mandar seus carros de volta para a pista com pneus duros após o primeiro pit também não foi. Isso foi comprovado na melhor performance de quem manteve os compostos macios, como Vettel, que dessa maneira tirou a segunda posição do italiano da equipe.

Lewis Hamilton mais uma vez fez uma boa corrida e conseguiu chegar em 4ª. Sem forçar tanto para não errar como no último GP, na China, o atual campeão mundial fez corrida discreta mas eficiente e levou mais 5 pontos para casa. Mesmo sem ter um bom carro a sua disposição, o inglês possui 9 pontos, que poderiam ser mais não fosse a lambança feita por ele e sua equipe na Austrália. Para um piloto da Mclaren, a pontuação é baixa, mas tendo em vista os problemas do começo de temporada, até que é positiva.

Mark Webber tentou, mas não conseguiu obter um bom resultado depois do 2º lugar na China. Após largar em 18º, depois de ter sido atrapalhado por Sutil no Q1 do treino classificatório, terminou apenas na 11ª posição

Kimi Raikkonen foi o responsável por trazer os primeiros pontos para a Ferrari, ao chegar na 6º posição. Assim como Hamilton, foi eficiente e fez o que pôde para levar um carro mal nascido até a zona de pontuação, resistindo aos ataques de Glock já no final da prova. Felipe Massa também tinha tudo para pontuar não fosse o bico que tivesse que trocar logo nas primeiras voltas, após toque com seu companheiro de equipe na largada. Caiu para as últimas posições e terminou apenas em 14º; dessa vez o Bahrein não lhe deu espaços para que se recuperasse no campeonato, ao contrário do que aconteceu em 2007 e 2008.

À Alonso foi destinado o 8º lugar, conquistando assim aquele pontinho que salva o fim de semana de um equipe. Seu companheiro Nelsinho Piquet dessa vez não foi mal: após largar em 15º, escapou dos inúmeros toques que ocorreram no pelotão de trás e chegou em 10º, tendo até seu momento de destaque ao segurar Barrichello por algumas voltas, o que resultou em reclamações (não me perguntem por que) do piloto da Brawn GP. Ainda é pouco, pois precisa se superar urgentemente; porém, toda melhora é bem vinda, já que pelo menos passou a prova sem bater ou rodar.

O calvário da BMW continua: após não se sairem bem no treino novamente, Kubica e Heidfeld tiveram que ir aos boxes logo nas primeiras voltas e terminaram nas duas últimas posições (18º e 19º, respectivamente)

Fotos: 1/2 - www.gpupdate.net
3/4/5 - www.motorsport.com

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Filme repetido

Vem se tornando cada vez mais comum nos últimos anos não se dar muita atenção aos campeonatos estaduais, pelo fato de tais competições, segundo seus detratores, serem de baixo nível técnico, não indicando a real força dos times grandes. Por causa disso, muitos olham desconfiados, se não com certo ar de desprezo, para os campeões de cada torneio local. Porém, se um time no qual muita expectativa foi depositada vai mal, ninguém quer saber se o campeonato é fraco ou não: surgem críticas para todos os lados, que vez ou outra resultam crises que levam a momentos de muita reflexão, e porque não, demissões e novas contratações.

O Fluminense sabe muito bem o que é isso. Talvez mais do que ninguém no Brasil todo. Depois de mais uma vez começar a temporada com um pacotão de reforços, ajudado pelo forte incentivo financeiro da Unimed, fracassou no Carioca, não chegando nem mesmo à final de um dos turnos da competição. A situação piora quando se lembra que o clube não faz boa campanha no torneio há um bom tempo: a última vez que chegou às finais da Taça Guanabara, por exemplo, foi em um longínquo 2004; e o tricolor carioca não é campeão estadual desde 2005, quando derrotou o Volta Redonda na final; e assim como nesse ano, não chegou às finais de nenhum dos dois turnos em 2006 e 2007. Ou seja: ir mal no Estadual já virou uma rotina, um filme que se repete a cada ano nas Laranjeiras.

Grande parte do fracasso do time resulta do fato de que mais uma vez reforços que chegaram ao clube não vingaram. Porém, dessa vez não foram apenas alguns, e sim quase todos! Leandro Amaral não marcou um mísero gol (talvez o atacante só funcione em time de português...); o lateral-esquerdo Leandro esteve irreconhecível em todas as partidas que disputou, indo mal tanto na defesa quanto no ataque e sem fazer um cruzamento decente; Diguinho estava sendo constantemente substituído até descobrir que estava com tuberculose; Jaílton já entrou em campo perseguido e também não foi bem; e Mariano, Leandro Bonfim, Roger e Leandro Domingues tiveram desempenho abaixo do esperado. Some-se a isso as atuações nada mais que medianas de Thiago Neves e se pode concluir que apenas Fred está atuando em bom nível, embora tenha decepcionado no importante jogo contra o Flamengo na semifinal da Taça Rio.

O Fluminense também está sentindo a falta do zagueiro Thiago Silva, que se transferiu para o Milan. Sem contar com sua segurança habitual, o time já vê sua defesa mais fraca, até porque Luis Alberto caiu de rendimento ao não ter mais o jogador da Seleção ao seu lado

Na tentativa de melhorar alguma coisa, a diretoria do clube demitiu René Simões, que não achava a melhor formação da equipe e pelo visto nunca inspirou muita confiança aos dirigentes, servindo mais como salvador da pátria no ano passado, e contratou Parreira. A princípio a troca deu certo; se a equipe não se acertou, pelo menos passou a jogar com o mínimo de decência. Porém, o time voltou a cair de rendimento nos últimos jogos. Por causa disso, fica a dúvida: será que o campeão do tetra vai arrumar mesmo essa equipe? Por mais conceituado que seja, é um técnico que não parece ter se renovado, formando equipes bastante previsíveis. O time que mandou a campo contra o Flamengo dias atrás mostrou isso.

Nos últimos anos, o clube salvou sua participação no primeiro semestre ao fazer boas aparições em torneios maiores: chegou à semifinal da Copa do Brasil em 2006, foi campeão da mesma competição no ano seguinte, e fez uma campanha irrepreensível na Libertadores no ano passado, chegando a final do torneio. Hoje, o Fluminense faz um jogo de vida ou morte contra o Águia no Maracanã, podendo ser eliminado prematuramente da competição. Creio que o tricolor carioca conseguirá um resultado positivo, mas se não conseguir, pode ter certeza que a ira e pressão da torcida aumentará a um ponto não visto há muito tempo nas Laranjeiras. E aí não sei se vai ter Unimed que aguente uma reformulação no elenco, já que com certeza cabeças irão rolar em caso de eliminação.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Flamengo campeão da Taça Rio

O Flamengo é o campeão da Taça Rio. Porém, ao contrário do que ocorre na conquista da Taça Guanabra, a comemoração é mais contida, já que o segundo turno não possui o mesmo charme do primeiro e uma semana depois o time já estará em campo disputando o título do Estadual

No clássico disputado ontem no Maracanã, com direito a bela festa das torcidas antes do jogo, o Flamengo, superior em campo, derrotou o Botafogo pelo placar de 1 a 0, após gol contra de Emerson, e conquistou a Taça Rio e a chance de disputar a final do Carioca contra o mesmo Botafogo. Não foi uma grande partida, o Fla ganhou o segundo turno mas não convenceu, tampouco tem o time já acertado, mas pelo menos está na final. Deixaram chegar, então...

Desde o primeiro tempo o Flamengo teve maior posse de bola e esteve mais presente no campo de ataque. Porém, a equipe rubro-negra pecava pelo preciosismo na armação de jogadas (havia muita demora para finalizá-las) e pelos constantes erros de passe (Kléberson e Léo Moura foram campeões nisso). Por isso, por mais que o time da Gávea passasse mais tempo no campo do rival, esbarrava na forte marcação alvinegra e dava espaços para contra-ataques: se Léo Moura levava vantagem sobre Thiaguinho, deixava um corredor livre para Maicosuel, que puxava os ataques do seu time e fazia com que Willians tivesse que se virar para parar o camisa 10 da equipe rival.

O Botafogo quase aproveitou uma certa insegurança da defesa rubro-negra no primeiro tempo e poderia ter marcado nessa etapa, não fosse uma finalização horrorosa de Victor Simões e um chute na trave de Maicosuel. Já o Flamengo martelava mas não conseguia entrar na defesa adversária. Vale lembrar que, com Léo Moura pouco inspirado, Kléberson errando passes e Ibson e Zé Roberto bem marcados, o Flamengo necessitava de outros jogadores que ajudassem na saída de bola. A missão caiu em cima de Willians e Airton, que cumprem bem suas funções defensivas mas não sabem sair jogando, principalmente o segundo, desarmador nato. Por isso, diversos toques laterais ou bolas voltando para os zagueiros ou para o goleiro Bruno foram vistos, deixando a torcida impaciente.

Porém, no segundo tempo o Flamengo acertou a marcação em cima de Maicossuel, com Willians anulando-o como já havia feito com Thiago Neves semana passada. Dessa maneira, acabou com a principal válvula de escape botafoguense e fez o adversário recuar ainda mais. Assim, a equipe de Cuca foi chegando até marcar o gol aos 17 minutos, num erro bizarro de Emerson, que fez o que seu xará e Josiel não conseguiram durante a partida.

Depois disso o Botafogo tentou atacar, mas, com Maicossuel bem dominado e Reinaldo apagado, não conseguiu fazer muita coisa. Nessas horas é possível ver que a equipe de Ney Franco é muito dependente de seu trio de ataque: fica até difícil chamar o ex-técnico do Ipatinga e do Flamengo de retranqueiro, pois ele não tem um elenco muito bom e numeroso em mãos, e sim muitos volantes e outros jogadores de ataque de qualidade bem duvidosa. Assim, cabe a ele apostar num time valente e determinado mas com muitos cabeças-de-área; quando o Botafogo se vê em situações como as de ontem, em que precisam muito de um gol, o que acontece é o que se viu no resto do segundo tempo: o alvinegro carioca consagrando a defesa rival. O Botafogo precisa urgentemente de apoiadores e atacantes reservas.

Mesmo tendo chutado pouco a gol, o Flamengo mereceu a vitória, principalmente por ter procurado mais o gol. E poderia ter marcado mais, não fosse os erros de Josiel e de seus companheiros nos minutos finais, quando o Botafogo estava com um a menos, após expulsão de Thiaguinho, e totalmente exposto. Por último, os parabéns a atuação do juiz mais conhecido como Índio: teve atuação tranquila, não exagerou nos cartões nem parou o jogo a todo instante como costuma fazer.

Foto: www.lancenet.com.br

domingo, 19 de abril de 2009

Sobrou energético em Xangai

Sebastian Vettel ganhou o GP da China sem maiores problemas, com autoridade de gente grande. Não é a toa que é considerado um dos maiores talentos que surgiram na F-1 nos últimos anos

Se continuar desse jeito, é bem capaz que a Red Bull precise pensar em tombar Sebastian Vettel pelos serviços prestados a equipe. Depois de dar à filial Toro Rosso sua primeira vitória na F-1, o jovem alemão, que a cada dia que passa deixa de ser promessa para virar realidade, garantiu o primeiro triunfo da história da RBR ao conquistar a segunda vitória de sua curta carreira, ganhando o GP da China. De quebra, a escuderia dos energéticos ainda conseguiu uma dobradinha, já que o australiano Mark Webber terminou a prova no segundo posto.

Numa corrida disputada debaixo de uma inesperada e incessante chuva que fez com que a largada fosse dada com o safety car na pista, a Red Bull sobrou, provando que não é só um difusor que torna um carro seja bem sucedido. Vettel liderou a prova com tranquilidade e só levou um susto quando foi tocado na roda traseira por Sebastian Buemi; por sorte, seu carro nada sofreu. Seu companheiro Webber pouco o ameaçou e apenas teve de tomar cuidado para não perder a segunda posição para Button após as paradas nos boxes.

Vettel estava tão bem na prova que após sua segunda parada não precisou esperar Jenson Button ir aos boxes para ter sua posição de volta, ultrapassando o inglês sem lhe dar qualquer chance de resistência. A Brawn GP foi ofuscada pelo brilhante desempenho da RBR e viu seus carros chegarem em 3º e 4º. Rubens Barrichello esteve apagado e novamente foi batido pelo companheiro, sendo ultrapassado por ele logo no início da prova, quando saiu da pista após cometer um erro, e sem conseguir recuperar sua posição depois. Com problemas nos freios, não tirou proveito de correr na pista molhada, um de seus pontos fortes, e ainda foi pressionado pelas duas Mclarens. Já Button fez uma corrida normal, discreta mas eficiente.

Falando em Mclaren, ótimo resultado da equipe na China. Quer dizer, tratando-se da equipe de Woking não foi tão bom assim, mas já que a escuderia inglesa não veio tão forte para esse ano, o resultado acabou sendo muito bom. Heikki Kovalainen fez uma corrida discreta mas sem erros e chegou em 5º, uma posição a frente de Lewis Hamilton, que não foi nada discreto. Por um lado, foi muito bem por ter feito várias ultrapassagens (Raikkonen que o diga); porém, errou bastante, saindo da pista muitas vezes. Se tivesse controlado um pouco mais seu ímpeto e não tentasse andar acima do limite, poderia até ter chegado em 4º.

Novamente Nico Rosberg conseguiu uma boa posição no grid mas teve desempenho decepcionante da prova: a estratégia de parar quando o SC ainda estava na pista não deu certo, a opção de colocar pneus intermediários também não, e o alemão terminou apenas em 15º. Já Nakajima...melhor deixar pra lá...

Já a Ferrari, sem pontuar, deu vexame de novo. Felipe Massa certamente iria salvar o fim de semana da equipe se seu carro não o tivesse deixado na mão ainda na 23ª volta. Até o momento, fazia uma bela corrida. Provavelmente terminaria na frente das Mclarens, pois Hamilton estava atrás do brasileiro até este abandonar por causa de um problema mecânico. Antes um dos favoritos ao título, Massa, no comando de um carro ruim, talvez já tenha que pensar em adiar seu sonho. Isso me lembra o que a escuderia do cavalinho fez em 1980: no ano anterior, Gilles Villeneuve havia terminado o campeonato em segundo, atrás de seu companheiro Jody Schekter, campeão mundial na ocasião. A equipe prometeu um carro vencedor ao canadense, mas tudo que fizeram foi uma verdadeira bomba que fez com que o já falecido piloto conquistasse míseros 6 pontos na temporada...

Kimi Raikkonen fez uma corrida muito apática e não passou da 10ª posição. Foi uma das chacotas da corrida, já que foi ultrapassado várias vezes durante a prova sem oferecer resistência alguma

Fim de semana para ser esquecido pela BMW. Depois de um treino de classificação ruim, Nick Heidfeld e Robert Kubica tiveram o mesmo desempenho na corrida: o alemão foi 12º, e o polonês, 13º

Timo Glock salvou o fim de semana da Toyota e levou dois pontos para a escuderia japonesa. Um excelente resultado, até porque largou dos boxes. A cada dia que passa o alemão infantilmente odiado por muitos brasileiros consegue seu espaço na equipe e não fica devendo em nada a Jarno Trulli, que vinha muito mal na corrida e até abandonar depois de ser quase que engolido por Robert Kubica.

A Force India quase conseguiu os primeiros pontos da história da equipe: Adrian Sutil lutou muito, mas seu carro aquaplanou e bateu já nas últimas voltas, quando estava em 6º.

Sebastian Buemi conseguiu chegar em 8º e conseguiu mais um ponto para sua conta. Porém, quase estragou a corrida de Vettel ao acertar seu bico no pneu traseiro do alemão; enquanto o vencedor nada sofreu, o suíço perdeu tempo nos boxes trocando o bico danificado; provavelmente chegaria mais à frente não fosse esse problema. Antes disso, era um dos destaques da prova junto com Hamilton e Massa, fazendo ultrapassagens e conseguindo duelar com pilotos mais tarimbados.

Após largar com muito pouco combustível, Fernando Alonso teve que parar quando o SC ainda nem havia deixado a pista. Caiu para último, rodou quando fazia boa prova de recuperação e chegou apenas na 9ª posição

Por último, não há como não deixar de falar da pavorosa corrida feita por Nelsinho Piquet. Andou sempre nas últimas posições e saiu da pista várias vezes; por causa de seus erros, teve de trocar de bico mais de uma vez e chegou em último. A cada corrida que passa, Nelsinho constrói seu calvário e não consegue mostrar poder de reação algum. Pelo contrário: pressionado e demonstrando irritação em suas declarações, parece que falha cada vez mais. Seu talento (que ele já provou ter em outras categorias) com certeza não sumiu, mas Flavio Briatore e a Renault não vão ficar esperando ele aparecer por muito tempo. Vettel era tão estreante como ele no ano passado e olha só onde já chegou....

Fotos: www.gpupdate.net

sábado, 18 de abril de 2009

Xangai, palco da última vitória de Michael Schumacher

Michael Schumacher comemora sua última vitória na F-1, no GP da China de 2006. O feito ainda fez com que assumisse a liderança do campeonato pela primeira vez naquela ano

O circuito de Xangai, na China, não é famoso apenas por ter sido o palco da maior besteira feita pelo inglês Lewis Hamilton em sua curta carreira, mas também por ter sediado a última vitória de um dos maiores pilotos da história da F-1, o alemão Michael Schumacher, em 2006. Aliás, uma grande vitória, que permitiu ao heptacampeão mundial liderar o campeonato pela primeira vez naquele ano, após um começo ruim de temporada, que parecia que seria novamente dominada por Fernando Alonso.

É bem verdade que Schumacher foi beneficiado pelo mal desempenho da Renault nesta corrida. Num GP que começou com pista molhada, que foi secando com o seu decorrer, a equipe francesa acabou com a larga vantagem que Alonso tinha, de mais ou menos 25 segundos para o segundo colocado, após errar na escolha dos pneus no primeiro pit stop do espanhol. Após cair para a 3ª posição, depois de ser superado pelo seu companheiro Giancarlo Fisichella e pelo seu principal rival na temporada, o bicampeão mundial ainda perdeu muito tempo na segunda parada: uma falha na hora de colocar o pneu traseiro direito fez com que o piloto perdesse preciosos 18 segundos nos boxes, que seriam muito lamentados depois.

Um dos grandes momentos da prova: Schumacher consegue a ultrapassagem em cima de Alonso e conquista a 2ª posição

Mas o alemão não teria conseguido a vitória se não tivesse um excelente desempenho na corrida. Após um começo titubeante, marcado pela manutenção da posição na largada (saiu em 6º) e pela demora em ultrapassar Rubens Barrichello e Jenson Button (perdeu 13 voltas atrás dos dois), provou porque é o maior vencedor de títulos da categoria. Pressionou Fisichella durante um bom tempo, enquanto o italiano não conseguia tomar a liderança de Alonso quando este não estava tirando o melhor rendimento do carro após seu primeiro pit, num dos momentos mais tensos da prova, e quando o espanhol finalmente caiu para o 2º posto, deixou-o para trás sem a menor cerimônia, não chegando a ficar nem um minuto atrás dele. Para coroar sua performance na pista chinesa, tornou-se líder da prova após ousada ultrapassagem em cima do atual piloto da Force India a 14 voltas do fim; aproveitou o fato do então piloto da Renault estar saindo lento dos boxes e sem os pneus devidamente aquecidos para tomar a 1ª posição e não mais largá-la.

Aliás, Fisico teve um dia para se esquecer. Além de ter tomado uma bela ultrapassagem de Schumacher, chegou a ser superado por Raikkonen ainda no início da prova (o finlandês, que tinha tudo para se sair bem na corrida, abandonou na 19º volta com problema no motor) e só ameaçou Alonso enquanto ele sofria com seu carro depois do seu primeiro pit. Para completar o dia ruim da Renault, o espanhol, que depois de voar na pista ultrapassou seu companheiro nas últimas voltas para ganhar a 2º posição, terminou apenas 6 segundos atrás do vencedor. Ou seja: não fossem os 18 segundos perdidos na segunda parada, teria se aproximado e ao menos incomodado seu principal adversário na luta pelo título no final do GP.

Porém, embora as estrelas da corrida tenham sido o irmão Schumacher mais velho e os pilotos da Renault, o GP não se resumiu apenas a isso. Houve, por exemplo, boas provas de recuperação de Felipe Massa e Robert Kubica, até então coadjuvantes na categoria. O brasileiro largou em 20º, após ser punido por trocar o motor, e foi se destacando ao ganhar posições com o decorrer da corrida, assim como o polonês, que saiu em 9º mas caiu para 17º ainda no início. Porém, nenhum dos dois pontuou: o piloto da BMW, já quase na zona de pontuação, decidiu colocar pneus de pista seca logo no seu primeiro pit stop; uma decisão precipitada, pois mal conseguiu completar uma volta, pois a pista ainda se encontrava molhada, e teve de fazer um pit extra, estragando sua corrida e terminando-a em 13º. Já o piloto da Ferrari brigava pela 8ª posição com David Coulthard quando errou e se colidiu com o escocês; obrigado a abandonar com problemas na suspensão, parou seu carro num lugar que se tornaria muito famoso no ano seguinte...

Na foto, Barrichello e de la Rosa. No final da corrida, ambos foram protagonistas de outro momento marcante. Atrapalhado pelos retardatários Sato e Albers, Heidfeld foi ultrapassado por Button e ainda foi acertado por Rubens. No final das contas, o inglês da Honda assumiu a 4ª posição, de la Rosa, a 5ª, o brasileiro ficou para 6º e o alemão da BMW caiu para 7º. Já Sato foi desclassificado e Albers, apenas punido com acréscimos de 25 segundos sobre o seu tempo final

A comemoração de Michael Schumacher no final da corrida foi a mais efusiva possível, obviamente. Já os pilotos da Renault não escondiam seu descontentamento no pódio, principalmente Fernando Alonso: o espanhol ainda estava empatado em pontos com o alemão, mas possuía uma vitória a menos do que ele. Porém, a alegria de “Schumi” durou pouco: no GP seguinte, no Japão, seu motor Ferrari lhe traiu quando liderava a prova e o obrigou a abandonar; o ex-piloto da Minardi e da Mclaren chegou em primeiro e ficou numa condição muito confortável no campeonato, com 10 pontos de vantagem para seu rival e com apenas uma etapa a ser disputada.

Fotos: www.motorsport.com

terça-feira, 14 de abril de 2009

O efeito Guus Hiddink

Os resultados não mentem: a ida de Guus Hiddink ao Chelsea foi benéfica ao clube de Roman Abramovich

Quando Luiz Felipe Scolari foi demitido do Chelsea, disse aqui no blog que no momento não arriscaria demitir o brasileiro, mesmo sabendo dos tropeços recentes do ex-técnico das seleções brasileira e portuguesa no comando dos Blues. Além da possibilidade de fazer sua equipe crescer principalmente na fase de mata-mata, sua especialidade, da UCL, trocar de técnico no meio da temporada poderia ser ainda mais prejudicial para o time, que teria pouco ou nenhum tempo para se adaptar a uma nova filosofia de trabalho, por exemplo. Mas de nada adiantava minha opinião, afinal, Roman Abramovich já estava contratando o conceituado Guus Hiddink para o cargo vago.

Tendo demitido Felipão por divergências com o brasileiro ou tendo chamado Hiddink para assumir o cargo em razão da boa relação que ambos mantém, ou o que mais você pensar, não importa: o russo bilionário acabou acertando na escolha. Os resultados não mentem: o holandês vem praticando mais um dos seus “milagres” e acertou a equipe. Antes em queda livre, sem vencer clássicos contra os grandes e perdendo pontos bobos em casa na Premier League, distanciando-se da liderança e quase perdendo a 3 ª posição para o Aston Villa, a situação do Chelsea mudou drasticamente: no campeonato nacional, conquistou 18 dos 21 pontos possíveis com o também técnico da Rússia no comando, aproximando-se novamente de Manchester United e Liverpool; e foi bem sucedido na Liga dos Campeões, eliminando a Juventus após dois duros confrontos e repetindo o feito contra o time principal da terra dos Beatles, chegando a derrotar os Reds em pleno Anfield Road por 3 a 1.

Na verdade, na formação da equipe, não praticou milagre algum. Pelo contrário: somente fez com que os jogadores readquirissem confiança novamente, algo que tinha ido pelo ralo com Felipão, e atuassem onde melhor rendem em campo, como disse o ex-jogador do Chelsea e da seleção escocesa Pat Nevin. Dessa maneira, entre outras coisas, fez com que Didier Drogba, irreconhecível sob comando do brasileiro, marcasse 8 gols após sua chegada ao clube. A insistência em Deco acabou, Ballack voltou a atuar pelo menos decentemente, e pasmem, até mesmo o francês Flourent Malouda, uma das contratações mais decepcionantes da história recente do clube, vem dando conta do recado.

O futebol da equipe não chega a ser tão vistoso nem contagiante quanto o praticado pelo rival Arsenal, mas pelo menos os gols que garantem as vitórias estão saindo. Tendo em mente o cenário que encontrou pela frente quando chegou ao clube, pode-se dizer que Guus Hiddink está fazendo um belo trabalho a frente do Chelsea. E com a boa fase da equipe, que preza pela regularidade, sonhar não custa nada: a 4 pontos do Manchester United e a 3 do Liverpool, o clube ainda não está totalmente fora da luta pelo título; irá enfrentar Everton, Fulham e Blackburn em casa e West Ham, Arsenal (os dois confrontos são quase que em casa, pois ambas as equipes são de Londres) e Sunderland fora.

Conquistando o maior número de pontos possíveis e contando com tropeços dos concorrentes diretos, o título da Premier League não chega a ser um devaneio. O problema mesmo é esperar por esses deslizes. Além disso, o alto número de jogos no final da temporada pode pesar: disputando três competições ao mesmo tempo (o time também está na semifinal da Copa da Inglaterra), o desgaste pode ser grande e pode afetar o rendimento do time, fazendo com que o Chelsea tenha que focar no campeonato em que tiver mais chances de obter sucesso.

Foto: www.guardian.co.uk

domingo, 12 de abril de 2009

Semifinais do Campeonato Carioca

Maicossuel foi o nome da partida entre Vasco e Botafogo: marcou dois gols e liderou seu time na goleada por 4 a 0 em cima do rival. O placar seria mais elástico se Tiago não fizesse boas defesas na segunda etapa

Um belo balde de água fria - Isso sintetiza muito bem o efeito da impiedosa goleada do Botafogo em cima do Vasco por 4 a 0 no sábado. A equipe cruzmaltina, que conquistou todos os pontos possíveis na Taça Rio, jogou mal justamente no partida em que erros eram imperdoáveis; já o alvinegro carioca teve uma atuação de gala no momento certo.

O Vasco sofreu dois grandes baques que foram fundamentais para a construção do largo placar. O primeiro foi aos 18 minutos do primeiro tempo, quando Maicossuel fez bela jogada e marcou lindo gol. A desvantagem no placar desestabilizou a equipe de Dorival Júnior, que partia para o ataque desordenadamente e deixava sua defesa totalmente exposta. Carlos Alberto era anulado por Leandro Guerreiro e deixava sua equipe com poucas opções na armação de jogadas. Sair da primeira etapa apenas um gol atrás no placar já seria lucro para os vascaínos, mas Thiaguinho, após falha do sistema defensivo vascaíno, tratou de dificultar mais ainda a tarefa dos rivais.

O Vasco voltou muito bem para a segundo etapa, e logo de cara perdeu duas grandes chances. Parecia muito próximo do primeiro gol quando Leonardo, que não substituiu Fernando a altura (quem diria que o ex-rubro-negro faria tanta falta um dia...), foi expulso aos 9 minutos. Isso atordoou novamente a equipe de São Januário, que em pouco tempo já estava sendo goleada após os gols do jovem e ofensivo Gabriel (boa promessa se manter a cabeça no lugar) e novamente Maicossuel. E ainda poderia ter marcado mais vezes, não fosse as intervenções de Tiago e o desperdício dos seus atacantes. Os atacantes estavam bem, mas seus pés não estavam calibrados...

O Botafogo não possui uma grande equipe; na verdade, ainda precisa de reforços, as vezes parece carecer de talento, pelo grande número de volantes, e depende demais de Maicossuel, Victor Simões e Reinaldo. Mas os três vêm atuando em alto nível (principalmente o meia) e o time como um todo é muito determinado e bem postado em campo. Não foi tão bem na Taça Rio, mas atuou impecavelmente ontem e merece estar na final. Já o derrotado não pode abaixar a cabeça: todo o trabalho feito até agora não pode ser jogado fora; afinal, a evolução mostrada durante o campeonato foi impressionante. Mas Dorival e os jogadores devem encontrar uma maneira de entender porque as coisas não funcionaram justo ontem, num momento decisivo para a equipe.

Os jogadores do Flamengo comemoram o solitário gol de Juan que deu a vitória ao rubro-negro carioca. O Fluminense não teve boa atuação e a derrota foi justa: Conca, o camisa 11 da foto, foi um dos que estiveram apagados no jogo

“Na única chance que o Flamengo teve foi feliz e acabou vencendo o jogo.” - A frase de Thiago Neves, dita logo após o termino do Fla x Flu, não reflete o que foi o jogo. O time da Gávea dominou maior parte da partida e a vitória por 1 a 0 foi até magra em vista do que o Maracanã presenciou na tarde de hoje.

O Flamengo esteve melhor durante a partida e só foi incomodado em contra-ataques ou nos momentos em que acuou, mais precisamente após o gol de Juan, depois de falha de Fernando Henrique, e no começo e no final da segunda etapa; mesmo assim, não foi eficiente. De resto, predomínio da equipe de Cuca, que chegava tanto pelo meio quanto pelas laterais (fazendo com o que a equipe das Laranjeiras apelasse para as faltas) e se defendia muito bem quando o rival ia ao ataque: Fábio Luciano foi o destaque da defesa, que conseguiu anular o matador Fred, assim como Thiago Neves foi bem marcado por Willians. Já Diego não deixou o fantasma do Fla x Flu do ano passado lhe assustar e fez partida segura, fazendo boas intervenções e só pecando na reposição de bola. Novamente substituiu bem Bruno e teve seu nome merecidamente gritado pela torcida no final do jogo.

A previsão do presidente do Fluminense Roberto Horcades não se confirmou e o Flamengo não tremeu na decisão. Mas deixou seus torcedores tremendo de medo de ver a máxima do “quem não faz leva” dar o ar da sua graça no clássico. O Flamengo perdeu inúmeras claras chances de gols durante a partida, tanto no primeiro quanto no segundo tempo. Foram tantas que fica difícil apontar as principais, mas acho que fico com uma ocorrida na primeira etapa, quando num mesmo lance Léo Moura e Josiel perderam chances incríveis. Fernando Henrique teve sua parcela de culpa, ao fazer grandes defesas, mas também houve certa displicência do ataque rubro-negro. Por isso, embora os jogadores de ataque tenham feito boa partida, fica difícil destacar um ou outro nome aqui.

O Fluminense novamente armou uma excelente equipe e não obteve sucesso no Carioca. Nesse jogo, por exemplo, grandes nomes como Thiago Neves, Conca e Fred não estiveram inspirados e cederem à boa marcação feita pelo Fla. Resta agora trabalhar para fazer um papel decente na Copa do Brasil, que salvou o 1º semestre do Flu em 2007, e no Brasileirão. Já o Flamengo sai fortalecido da disputa, pois chegou na semifinal como azarão, já que não vinha tendo boas atuações até então. Se atuar como hoje pode forçar uma nova decisão contra o Botafogo, mas precisa calibrar o pé, pois os gols perdidos podem fazer falta.

Fotos: www.lancenet.com.br

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Uma fortaleza em ruínas

Depois de passar meses sem tomar um mísero gol, van der Sar não sabe o que é não ter de ir buscar a bola no fundo das redes há 5 jogos; na partida contra o Porto na última terça, foi obrigado a fazer isso 2 vezes

Até o dia 4 de março, Edwin van der Sar carregava a incrível marca de não sofrer gols desde 8 de novembro do ano passado, até falhar no jogo contra o Newcastle e ter de buscar a bola no fundo das redes pela primeira vez em 14 jogos pela Premier League. Seu time ficou 1.334 minutos sem sofrer um mísero gol na mesma competição até Tomasz Kuszczak ver sua meta vazada pelo Blackburn no dia 21 de fevereiro. Tais marcas, além de consagrar o goleiro holandês, dava à zaga do Manchester United a condição de uma fortaleza e ainda ajudavam Rio Ferdinand e Nemanja Vidić a estarem em todas as listas de melhores zagueiros do mundo da atualidade.

Porém, desde o jogo contra os decadentes Magpies, a fortaleza parece estar em ruínas. Afinal, contando o encontro contra os agora comandados de Alan Shearer e também o empate para o Porto em pleno Old Trafford pela UCL, os Red Devils tomaram nada mais nada menos do que 11 gols em 5 partidas; um número muito alto para quem passou tanto tempo sem saber o que era levar um golzinho sequer.

Um dos pilares para a excelente fase pela a qual o time passava, o fraco desempenho da zaga do Manchester United pôde ser visto nas derrotas para Liverpool (4x1) e Fulham (2x0) e na sofrida vitória em cima do Aston Villa (3x2), jogo que a equipe de Martin O’Neill poderia até mesmo ter ganho não fosse o desperdício de chances de gols de seu ataque e a covardia mostrada no final da partida, com mais da metade da equipe praticamente dentro da grande área. O já citado empate para o Porto pela Liga dos Campeões também prova a má fase deste setor: afinal, quem há uma mês esperava que o time de Sir Alex Ferguson empatasse em casa com o time de Jesualdo Ferreira após tomar dois gols?

O fraco desempenho mostrado pelos defensores já causou um certo estrago. O empate para o Porto obriga o Man Utd a voltar de Portugal com uma vitória ou um empate recheado de gols, caso contrário ficará de mãos abanando na UCL. E a equipe não possui mais a confortável vantagem que tinha para Liverpool e Chelsea na Premier League, tanto que esteve muito perto de perder a liderença para a equipe de Rafa Benitez não fosse o gol salvador do jovem Federico Macheda contra o time de Birmirgham semana passada.

É bem verdade que van der Sar só falhou mesmo no jogo contra o Newcastle, não tendo culpa nem mesmo na pesada derrota para o Liverpool, assim como Ferdinand, o líder da defesa do time, está machucado há algumas rodadas e Vidic, por estar suspenso, está sem atuar em algumas também. Sem a sua forte zaga titular nos últimos jogos, seria natural perceber uma certa vulnerabilidade no setor. Porém, é bom lembrar que o sérvio teve atuação desastrosa na partida contra os Reds, falhando feio em um gol e originando outro que ainda resultou na sua expulsão.

Mas a vulnerabilidade mostrada pelos defensores reservas chega a assustar, fazendo com que a segurança outrora vista na defesa do Manchester aos poucos vá para o brejo: Evans, mesmo já tendo mostrado que tem muito futuro pela frente, não está dando conta do recado. O’Shea foi pelo mesmo caminho, mas deste já não se espera muita coisa mesmo.

Com a confiança abalada nas últimas rodadas em razão da queda de rendimento do time, os Red Devils precisam se recuperar o mais rápido possível se desejam manter o projeto de conquistarem todos os títulos possíveis nessa temporada. Como o ataque não está tão mal no momento, chegando até a dar conta do recado ultimamente, é necessário que a defesa volte a atuar em bom nível e seja novamente um dos pilares do sucesso do time; caso contrário, certamente o sonho do primo rico de Manchester também irá cair em ruínas.

Foto: www.bbc.co.uk

domingo, 5 de abril de 2009

O dilúvio intefere na F-1

Jenson Button caiu para 4º logo na largada mas conseguiu se recuperar e, mesmo parando quatro vezes, venceu novamente

Numa corrida movimentada e extremamente tumultuada, sobretudo no momento em que a chuva começou a cair sobre a pista de Sepang, Jenson Button venceu e levou a Brawn GP novamente ao topo do pódio, seguido pelos alemães Nick Heidfeld e Timo Glock. Porém, os oito primeiros conquistaram apenas metade dos pontos, já que a corrida foi interrompida e depois dada como encerrada na 31º volta em razão da forte chuva que desabou sobre o circuito. Tal coisa não acontecia desde 1991, quando o GP da Austrália foi interrompido após 14 voltas pelo mesmo motivo.

A chuva apertou tanto no final da prova que fez com que a corrida fosse interrompida

A chuva não só prejudicou a visibilidade dos pilotos (câmeras onboards nas últimas voltas mostravam que era quase impossível ver o que estava a frente) como também criou uma verdadeira bagunça na pista. Muitos fizeram três e até mesmo quatro paradas, já que a chuva fez com que aqueles que já tinham parado uma vez colocassem pneus intermediários e depois trocassem por aqueles de chuva intensa. Confusão para as equipes, que viveram minutos de muita correria dentro dos boxes, e para os espectadores, que mal conseguiam acompanhar a troca de posições dentro da pista, pois além das naturais ultrapassagens (que não eram poucas), pilotos trocavam seus pneus frequentemente e embolavam ainda mais a classificação a todo instante.

A Williams novamente decepcionou: Nico Rosberg chegou a liderar até a primeira parada, quando novamente se embolou com os pits stops e terminou apenas em 8º. Já Nakajima mais uma vez foi mal e chegou num distante 12º lugar

Essas constantes idas aos boxes foram essenciais para que a corrida de alguns fosse prejudicada. Nico Rosberg, por exemplo, chegou em 8º, mas até o primeiro pit stop era o líder; Felipe Massa estava na zona de pontuação até ter de fazer sua terceira parada justo voltas antes da corrida ser interrompida, terminando a prova em 9º. Mas foi benéfica para outros: Timo Glock acertou na escolha dos pneus e, após má largada, conseguiu um lugar no pódio após voar na pista com compostos intermediários (a melhor decisão de todos até o chuva desabar); Nick Heidfeld, após corrida discretíssima, fez apenas uma parada e também foi à cerimônia de premiação. Me lembrou Johnny Herbert no GP da Europa de 93, quando chegou em 4º depois de largar em 11º ao também fazer apenas uma parada.

Quem aparece bem nos treinos é Robert Kubica, mas foi o discreto Nick Heidfeld quem trouxe o primeiro pódio, assim como os primeiros pontos, para a BMW nessa temporada; o polonês abandonou logo na 2ª volta

Falando em estratégia, não há como não deixar de citar o que a Ferrari fez com Kimi Raikkonen no seu primeiro pit stop. Ao optar por mandar o finlandês de volta a pista já com pneus para chuva, a equipe italiana correu sérios riscos de estragar a corrida do campeão de 2007 e assim conseguiu, já que as primeiras gotas demoraram a cair; quando chegaram, seus pneus já estavam destruídos, assim como sua prova. Se desse certo, iria bater palmas mas iria dizer que o fator sorte havia ajudado; como não deu, pode-se dizer que foi uma atitude precipitada. Fim de semana horroroso para a escuderia do cavalinho, que já havia errado com Massa ontem e sai da Malásia sem ter conquistado NEM UM PONTINHO.

É bom lembrar que, antes da chuva castigar o circuito, a prova já estava interessante. A largada, por exemplo, já reservou muitas surpresas, com mudanças drásticas de posição. Por exemplo, Nico Rosberg pulou de 4º para 1º, Fernando Alonso, de 9º para 3º e Rubens Barrichello, de 8º para 5º; ao mesmo tempo, Glock caiu de 3º para 8º e Button, de pole foi para 4º. Alonso liderou um trenzinho, sendo seguido durante muito tempo por Barrichello, Raikkonen, Webber e Glock (que volta e meia tentava ganhar a posição do australiano). Depois de algumas voltas foi ultrapassado por todos, mas mostrou porque é um dos melhores, se não o melhor piloto da F-1 atualmente, segurando o máximo que pode todos os outros com carros bem melhores do que sua fraca Renault (tanto que não conseguiu se recuperar e, após um passeio fora da pista, chegou em 11º).

Hamilton fez o que pode e conseguiu levar dois pontinhos para a Mclaren. Já Kovalainen errou sozinho e saiu logo na primeira volta; o finlandês ainda não completou uma sequer nessa temporada

Fraca como a Renault está a Mclaren, que pelo menos pontuou com Lewis Hamilton, que após nova corrida correta (mas desta vez mais discreta) chegou em 7º. O fato de Vettel ter ultrapassado o inglês com facilidade logo no começo da corrida prova como o carro construído pela equipe de Woking está bem abaixo das expectativas.

Já Brawn GP, Toyota e RBR provaram mais uma vez que estão com um bom carro à disposição. A equipe de Ross Brawn novamente pontuou bem com seus dois carros, e Rubinho poderia ter tido maior sorte com seus pit stops (por exemplo, perdeu uma posição após a última parada e chegou em 5º). A equipe dos japoneses novamente colocou seus pilotos em 3º e 4º, desta vez com o discreto Trulli atrás de Glock; e a RBR teve bons momentos com Webber, que chegou em 6º, e com Vettel, que chegou a esboçar uma corrida de recuperação em alguns momentos. Isso mostra como a F-1 está mesmo doida atualmente; as duas primeiras corridas do campeonato foram muito boas e movimentadas e as equipes outroras médias estão dominando o grid, enquanto as grandes estão penando para pontuar.

Foto: www.gpupdate.net

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sem trazer boas lembranças

Embora Sepang tenha sido o palco do primeiro ponto conquistado por Felipe Massa na Fórmula 1, após terminar a prova em 6º em 2002, este circuito situado na Malásia não vem reservando boas surpresas ao brasileiro ultimamente, principalmente se lembrarmos de suas duas últimas corridas lá.

No ano de 2007, o brasileiro lutava pelo seu espaço na Ferrari para não ser taxado como segundo piloto da escudeira durante o resto da temporada. Tendo terminado o GP da Austrália em 6º enquanto seu companheiro Kimi Raikkonen estreou na equipe com vitória, a pole position em Sepang parecia o início do troco de Massa. Porém, o atual vice-campeão da categoria não largou bem e caiu para a terceira posição; e após muito pressionar o até então novato Lewis Hamilton, cometeu um erro, passou reto em uma curva e, ultrapassado por seu companheiro e Nick Heidfeld, caiu para quinto, posição em que terminaria a corrida. Sincero, Felipe reconheceu o erro.

O abandono de Massa na Malásia no ano passado obrigou o brasileiro a conviver com duras críticas durante as duas semanas seguintes

Já em 2008, a pressão era ainda maior ao chegar na Malásia; e a decepção ao deixar Sepang, para sua infelicidade, foi proporcional. Após fazer uma corrida muito ruim na Austrália, Massa chegou determinado a apagar a má impressão da primeira etapa. Porém, tudo deu errado na corrida: após mais uma vez ter assegurado a pole, desta vez manteve a liderança após a largada, mas a perdeu após o primeiro pit stop para Kimi Raikkonen. Na tentativa de alcançar seu companheiro, o pior aconteceu: Felipe cometeu um erro, desta vez fatal, pois rodou e ficou atolado na brita, sendo obrigado a abandonar.

Porém, desta vez a imprensa não perdoou. O brasileiro foi extremamente criticado; além de ter que esperar 15 dias para calar todos os seus críticos (no ano anterior, só teve de esperar 1 semana para tal coisa), virou motivo de piada por ter dito, ao explicar o motivo da sua rodada, que havia sentido “uma sensação estranha”. E se em 2007 saiu de Bahrein com 7 pontos na classificação, 9 atrás de seu companheiro de equipe, em 2008 deixou o circuito zerado, enquanto Raikkonen já tinha 11. Ainda visto com desconfiança, algo que provavelmente se dissipou após a bela temporada que fez ano passado, diversos boatos surgiram na muitas vezes maldosa e impiedosa imprensa, até mesmo os de que mais cedo ou mais tarde seria substituído na Ferrari.

Mas Massa teve como grande mérito se sair bem nos momentos em que esteve pressionado. Sem fazer estardalhaço algum, assimilou bem as críticas e as respondeu ao praticamente dominar o fim de semana no Bahrein, terceira prova da temporada até então, e ganhar as corridas lá disputadas em 2007 e 2008 quase que de ponta a ponta. Mas isso já é história para outro dia...

EDIT: 04/04 - 18:16: Para quem é fã do Felipe, eu juro que ,ao escrever esse texto, não quis secar o Massa no treino classificatório. Culpem a Ferrari, que continua fazendo suas lambanças...

Foto: www.gpupdate.net

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Fazendo o dever de casa

Sem encontrar dificuldade alguma, o Brasil derrotou a seleção peruana por 3 a 0 e agora está na 2ª posição nas Eliminatórias

Numa atuação que talvez tenha sido a sua mais tranquila até agora pelas Eliminatórias, o Brasil derrotou o Peru por 3 a 0 em Porto Alegre, fazendo assim o seu dever de casa, como já era previsto.

Não há muito o que dizer sobre essa vitória brasileira. Diante de um adversário fraco, que provou porque é o lanterna da competição, a Seleção pôde criar, tocar, cruzar, enfim, jogar a vontade; até os laterais tiveram liberdade, apoiando bastante durante todo o jogo (destaque para Daniel Alves, que apareceu muito bem pela direita). Após fazer dois gols no primeiro tempo, determinou ainda mais o ritmo do jogo e, mostrando que estava totalmente com o controle da partida, definiu o placar na segunda etapa, após jogada de raça de Felipe Melo, que acabou marcando o seu primeiro gol com a amarelinha. E poderia ter marcado mais vezes se quisesse.

Aliás, embora o jogo tenha sido fácil, foi possível perceber que, no momento, o Brasil é um com Ronaldinho Gaúcho em campo e outro com Kaká. Com muita personalidade e determinação, o ídolo do Milan faz com o que o time tenha um desempenho superior, até porque raramente mostra a apatia do seu companheiro de clube.

Porém, a pergunta ficará no ar por um bom tempo: a seleção brasileira atuou bem porque atuou com muito mais vontade do que no jogo contra o Equador ou porque o adversário era fraco? Acredito que pelos dois; mas, mesmo com vontade, acredito que o Brasil teria muito mais dificuldades se tivesse um time melhorzinho pela frente, podendo até se complicar diante de uma impaciente torcida. Sem querer ser chato mas já sendo, embora a vitória tenha sido por um placar convincente, a sensação que tenho é que estas duas últimas rodadas ficarão marcadas mais pelo jogo contra os equatorianos do que pelo de ontem; a vitória em cima da seleção peruana era mais do que obrigação; mas o empate contra o Equador, não pelo resultado, mas pela atuação e postura da seleção brasileira em campo, foi muito decepcionante, como há tempos não se via diante de uma equipe mediana.

Foto: www.cbf.com.br