
Isso porque a Espanha sempre foi conhecida como a seleção do ‘quase’; percebemos isso pelo retrospecto recente da seleção em Copas do Mundo. Em 1998, foi desclassificada ainda na primeira fase, após ser surpreendida pela Nigéria e pelo Paraguai. Em 2002, a seleção foi injustamente derrotada pela Coréia do Sul nas quartas de finais, durante a loteria dos pênaltis: injustamente porque a “Fúria” marcou dois gols legítimos durante o jogo que foram incorretamente anulados. Em 2006, numa Copa em que os favoritos estavam mal e a Espanha vinha se mostrando um favorito ‘de última hora’ (devido ao seu desempenho durante a fase de grupos), teve o azar de pegar a perigosa mas já insossa França durante ainda nas oitavas de finais, sendo derrotada por 3 a 1.
Porém, tudo mudou da água para o vinho. A Eurocopa mostrou que a Espanha determinada a apagar o estigma de ‘cavalo paraguaio’. E acabou provando isso, já que a competição serviu como um verdadeiro teste (e que teste!): fez gol no último minuto num jogo difícil contra a Suécia; mandou a tradicional Itália para casa, vencendo na decisão por pênaltis: decisão que mostrou que os nervos dos espanhóis estavam no lugar, até mesmo depois de Guiza perder sua cobrança. E por último, não deixou o nervosismo bater enquanto o time vencia a Alemanha na final.
Então, o geral parte para o particular. Isso porque o respeito que a seleção espanhola adquire influi na reputação de vários jogadores espanhóis, que serão muito mais respeitados a partir de agora. Casillas, que era visto com certa desconfiança no hall dos melhores goleiros da atualidade, ganhou pontos com muitos fãs de futebol depois de suas seguras atuações durante a competição; isso sem contar os pênaltis defendidos contra a Itália. David Villa se recuperou das atuações irregulares pelo Valencia na última temporada e voltou a ser visto como um atacante perigoso e matador. Fernando Torres deixou de vez de ser uma promessa, já que finalmente conquistou um título importante em sua carreira. Iniesta e Xavi deixam de ser peças talentosas no meio campo do Barcelona que podem ser trocadas vez ou outra. E as atuações de Marcos Senna deixarão os brasileiros se perguntando como deixaram um jogador como ele se naturalizar, numa posição carente na atual seleção brasileira.
A Espanha já figura como uma das favoritas ao título da próxima Copa do Mundo. Sem o título de seleção do ‘quase’ e com jogadores jovens e já vitoriosos misturados a outros com maior experiência e igualmente vitoriosos, a “Fúria” promete.