sexta-feira, 1 de maio de 2009

15 anos...


É inevitável. No dia 1º de maio, não só os fãs de automobilismo como também a maioria dos brasileiros se lembram do falecimento de Ayrton Senna. Nessa data, qualquer um se recorda do que estava fazendo naquela fatídica manhã de maio de 1994. Comigo não é diferente.

Como todos na minha casa eram fãs de Senna (e acabei sendo influenciado por isso), a tv sempre estava ligada em muitas manhãs de domingo. Eu adorava aqueles dias, principalmente porque no jornal havia o desenho de todos os carros que largariam e eu os recortava para que pudesse fazer a minha própria corrida, no chão da sala. Naquele dia, o ritual foi o mesmo.

A corrida começou e a minha no tapete da sala também; foi interrompida, foi reiniciada, e na 5º volta, Senna bateu forte. Para mim, parecia uma batida normal, daquelas que era bonita de ser ver, desde que não acontecesse nada demais com o piloto. Diante dos berros de Galvão Bueno, procurei o recorte do carro do brasileiro no chão e dei uma amassada, como sempre fazia com aqueles que batiam. Porém, o desenrolar do acidente foi diferente.

Meus pais, atônitos, somente olhavam para a tv. O piloto do capacete amarelo que eu tanto gostava não saía do carro. E o que havia acontecido um dia antes, logo após um tal de Ratzenberger sofrer um violento acidente nos treinos, acontecia de novo. E lembrando do destino daquele piloto austríaco que eu mal sabia quem era, acho que comecei a entender a situação.

O clima era de muita tensão. A voz do narrador durante o resto da corrida, os noticiários e as expressões dos repórteres mostravam que as coisas não estavam bem. E isso foi comprovado quando, enquanto almoçava vendo “Passa ou Repassa” no quarto, ouvi da tv da sala a notícia de que Senna havia morrido. Não consegui acreditar; a ficha não caía. Isso só foi acontecer no começo do programa “Fantástico”, numa das memórias mais vivas da minha infância: o replay do acidente, o “Tema da Vitória” tocado de maneira fúnebre me fizeram cair na real. E naquele momento, não deu para segurar o choro compulsivo; aquele piloto que eu tinha quase como um herói, como qualquer criança da minha idade, 6 anos na época, tinha, mas originado de um desenho animado, não estava mais entre nós.

Depois disso, a F-1 praticamente acabou aqui em casa. Meus pais deixaram isso para lá. Nunca me esqueço de minha mãe grampeando e guardando com o maior carinho todos os jornais que tinha falando sobre Senna, para só me mostrá-los uns 13 anos depois. Ainda via as corridas, mas entrei no catecismo e o horário das aulas batiam com os horários das provas. Somente em 1999 voltei a acompanhar a categoria, mas só fui realmente acompanhar uma temporada toda em 2006.

De 2006 para cá, fui perdendo vários mitos em relação a F-1. Ao contrário de muitos brasileiros, não vejo mais as corridas somente para torcer para os pilotos do Brasil nem torço necessariamente para eles, estou atento às narrações parciais de Galvão Bueno, não acredito piamente que Senna foi o melhor piloto que a categoria já teve e não suporto mais frases do tipo “Se fosse Senna, ganhava a corrida”, “Se fosse Senna, não deixava passar”, e por aí vai. Alguns até me perguntam: mas logo você, que era o fanático pelo Ayrton?

Mesmo assim, ainda o tenho como meu piloto favorito. E por mais que ache ridículo, idiota mesmo, ainda me emociono quando vejo corridas antigas de Senna ou ouço o “Tema da Vitória, dependendo da ocasião: foi assim quando a Seleção ganhou a Copa de 2002, quando Felipe Massa venceu em Interlagos em 2006 e quando o mesmo perdeu o campeonato já nos momentos finais do GP do Brasil do ano passado. Sinceramente, não me pergunte o porquê disso tudo, do que você pode até chamar de viuvice. Talvez aquele 1º de maio de 1994 realmente tenha me marcado demais...

8 comentários:

Marcelonso disse...

Grande Leandrus,

Realmente é uma data que marcou todos nós,morreu um mito nasceu uma lenda.

O que acho mais bacana nisto tudo é que jovens,hoje com quinze,dezesseis,dezessete buscam saber mais desse piloto fabuloso.
Que seja eterno esse sentimento,relembrando sempre com muito carinho a memoria de um certo brasileiro chamado Senna.

Ah sim,e nosso Flamengo será que leva o TRI pra Gavea?Tomara que sim.


abraço

Bruno disse...

Muito bonita a homenagem, belas palavras. Eu também senti muito quando Senna morreu. Mas continuei com a minha paixão pela Fórmula 1 após um tempo. Realmente todos os feitos de Ayrton nunca serão esquecidos e igual a você, ainda me emociono também com tudo que remeta a ele.

Também vou te adicionar na minha lista de blog, aliás, que linda aquela homenagem para o patético mineiro. Domingo tomam outra sacolada...hehehe.

Abraço.

speed.king.thrasher disse...

É isso ai cara! pena q eu ñ te conhecia qando era criança... na certa seriamos grandes amigos!!

Engraçado é pensar que 15 anos se passaram... muito tempo e o sentimento ainda continua vivo, a pouto de centenas de fãs irem ao cemitério, ou então como nós, escrevermos sobre algo que varias pessoas acham banal... lembranças antigas, heróis da infancia e F1...

abs!!

Renato Piccinin disse...

Belo texto Leandrus. Eu tb tenho lembranças claras daquele dia. E, hj, claro, com as cenas que passaram do Airton em todos os lugares, caí no choro. O cara era bom demais e um grande ídolo.
Abs e parabéns pelo texto.

Wilson Oliveira disse...

Eu também me emociono muito com o Senna, cara...

Acho que não haverá mais, algum outro piloto que marque tanto os brasileiros com o Senna marcou.

Foi um dos fatos mais marcantes negativamente, a morte dele.

Ontem eu chorei novamente...

Abraço, Leandrus!

Leandrus disse...

Breves comentários:

Primeiramente, obrigado a todos pelas mensagens! Valeu mesmo, assim como foi muito interessante ler o relato de vcs todos na blogosfera.

Marcelonso, essa vou ter que responder como torcedor do Flamengo: espero que sim, rs! Na verdade, o Fla tem tudo para ganhar: tem mais elenco, está mais motivado, e ainda vai encontrar o adversário sem dois de seus melhores jogadores, Maicosuel e Reinaldo. Se não ganhar, cabeças vão rolar na Gávea, pode ter certeza. Vamos lembrar que, mesmo chegando na final, Cuca não teve um trabalho tão satisfatório...

Bruno, mas o problema é que o catecismo, como disse, atrapalhou os planos de continuar acompanhando a categoria; não que eu não goste da igreja, mas é que eu não podia mais ver as corridas por causa das aulas e da missa. Como meus pais já não queriam mais saber disso, perdi a ligação com a F-1.

Ateh!

Net Esportes disse...

É Leandro, realmente não tem um 1º de Maio que tb não paro para lembrar, e sem dúvida o de 1994 não esquecço jamais, eu fiquei sem ver muito F-1 até mais ou menos a metade de 1997 .... aos poucos fui voltando à rotina, mas corridas como as da época do Senna, nunca mais aconteceram .....

Anônimo disse...

Não há como não se lembrar, como foi dito em um outro blog q nao lembro agora, Senna era o maior dos trabalhadores brasileiros e morreu justo no dia 1º de Maio, ou seja, será sempre feriado e sempre lembraremos do mito. Lendo o seu texto e o do GP Series também começo a me lembrar de como foi akele dia. Eu msm já tinha ficado mto preocupado com a morte do Ratzenberger no sábado anterior e nada foi falado. No domingo então... nem preciso falar e nakela época eu tinha 9 anos.
Bela homenagem Leandrus, parabéns.