sábado, 28 de março de 2009

O GP mais curto da história da F-1

Durante um bom tempo o GP da Austrália, ao contrário do que ocorre atualmente, foi encarregado de encerrar a temporada da F-1; mais precisamente entre 1985 e 1995, quando a prova ainda era disputada em Adelaide. O circuito que abrigou os épicos desfechos dos campeonatos de 1986 e 1994 também entrou na história da categoria por ter sediado a sua prova mais curta, no ano de 1991.

A F-1 chegou a Adelaide com seu campeão já definido, pois Ayrton Senna havia assegurado seu tricampeonato na corrida anterior, no Japão, logo após Nigel Mansell abandonar a prova na 19º volta. Alain Prost não correria na Austrália, pois havia sido demitido pela Ferrari após uma temporada decepcionante, sendo substituído por Gianni Morbidelli . Na pista, as Mclarens de Senna e Gerhard Berger preencheram a primeira fila, seguidos pelas Williams de Mansell e Ricardo Patrese e pelas Bennetons de Nelson Piquet e Michael Schumacher. Mauricio Gugelmin, na sua última corrida pela Leyton House, conseguiu o 14º tempo e Roberto Moreno, chamado pela Minardi, o 18º.

Porém, um verdadeiro dilúvio caiu em Adelaide na hora da corrida. E se alguém ainda não acreditava que as condições da pista eram as piores possíveis, ninguém teve dúvidas disso quando a largada foi dada. Era muito difícil ver algum carro após a Mclaren de Senna, que manteve a liderança, tamanho spray era levantado. Dessa maneira, os acidentes não demorariam a acontecer.

Logo na 5ª volta, Mansell, após superar Berger depois de um erro do austríaco, já havia colado em Ayrton e se preparava para assumir a liderança numa ultrapassagem na reta Brabham quando foi obrigado a recolher o carro; afinal, Nicola Larini e Jean Alesi haviam batido e estavam atravessados na reta, obrigando o inglês a esperar mais um pouco para conquistar a 1ª posição. Na 8ª volta, a Minardi de Pierluigi Martini aquaplanou no mesmo local, o que fez seu carro repentinamente bater no muro.

Os retardatários começavam a aparecer, e o inglês da Williams continuava a perseguir Senna sem conseguir ultrapassá-lo até uma chuva torrencial cair novamente sobre o circuito. Diversos pilotos começaram a rodar, entre eles Mansell, Alboreto e Berger (este duas vezes na mesma volta). Ayrton, dentro do carro, começa a fazer gestos para que a corrida fosse ser interrompida, o que ocorreu na 16ª volta. Sem condições de ser reiniciada, mesma é dada como encerrada, sendo que apenas 14 voltas são computadas. Assim sendo, os seis primeiros colocados são: Senna, Mansell, Berger, Piquet, Patrese e Morbidelli. Como a prova, que teve duração de apenas 24 minutos, foi terminada antes de 75% dela ter sido completada, os que pontuaram receberam apenas metade dos pontos.

Ayrton Senna e Gerhard Berger no pódio do GP da Austrália de 1991; Nigel Mansell não compareceu à premiação por ter sido mandado para o hospital após ter se machucado depois de sua Williams rodar quando a chuva apertou

A corrida com transmissão da Rede Globo tem algumas curiosidades. O tema da vitória só foi tocado durante a premiação no pódio. Durante a prova, Reginaldo Leme comenta sobre uma possível ida de Nelson Piquet para a Ferrari no ano seguinte. Já quando Senna pedia a interrupção do GP, Galvão Bueno repete algumas vezes que o brasileiro toma tal atitude “com sua autoridade de tricampeão”. E quando o locutor vê um furioso Patrese correndo até os diretores de prova afim de pedir o fim desta, diz que o italiano está indo lá “com sua autoridade de piloto com o maior número de corridas na F-1”. Curiosamente, justo naquele dia um jovem brasileiro que havia sido campeão da Fórmula 3 Inglesa naquele ano comentava a prova; mal sabia ele que anos depois seria o detentor desta marca...

Além de ter sido a corrida mais curta da história da F-1, o GP da Austrália de 91 foi também o último de Nelson Piquet na categoria. Segundo o livro “Ayrton: O Herói Revelado” (que por sua vez cita o livro "The Mechanic’s Tale" – "Histórias de Mecânico", em português), o brasileiro, ao ver sua carreira encerrada daquela maneira, sem aproveitar as últimas voltas sabendo que aquilo não se repetiria novamente, pediu ao seu engenheiro Giorgio Ascanelli para dar mais uma volta no circuito, mesmo este já estando fechado. Ao insistir, o tricampeão teve de ouvir a seca resposta: “Não Nelson, a pista já está fechada. Não podemos deixar e você sabe disso. Não há nada que possamos fazer. As bandeiras vermelhas já estão lá. Vamos para casa, Nelson.”

Foto: www.jamd.com

2 comentários:

Marcelonso disse...

Leandrus,

Melancolica a despedida de Nelsão.


abraço

Net Esportes disse...

História fantástica... que corrida !!!!! e além de saudoso Senna, que belas lembranças como Nicola Larini, Michelle Alboreto, o próprio Mansell... o Pierluigi Martini.. o sempre simpático Alesi... e ainda dia o Andrea de Casaris, Blundell, o saudoso Thierry Boutsen, Satoru Nakajima.... puxa vida, que época da F-1 e que época pra lembrar, véspera do que pode ser mais um dia histórico também !!!!