sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mudar é preciso

Como em 2007, quando viu o Botafogo perder a vaga nas semifinais da TG para o Boavista, Cuca deve ter passado o Carnaval pensando nas mudanças a serem feitas na equipe.

Se a derrota para o Resende trouxe algum benefício para o Flamengo, foi porque escancarou de vez os problemas da equipe em campo. Um time desorganizado, com um esquema mais do que manjado e alguns dos principais jogadores rendendo menos do que o esperado e que se salvou de resultados negativos na fase de grupos da TG graças a gols salvadores nos últimos minutos (algo que quase se repetiu na semifinal). Obviamente era preciso mudar alguma coisa na Gávea.

Para alegria geral da nação rubro-negra, Cuca já esboça algumas mudanças. Não que as escolhas feitas pelo técnico nos treinos de ontem e hoje sejam excepcionais e extremamente criativas, até porque o esquema a princípio escolhido (um falso 4-4-2) continua priorizando os laterais, mantendo muitos volantes no meio e deslocando um homem criativo para o ataque. A princípio, até tem muita coisa criticada nos últimos meses.

Mas pelo menos mudanças começam a ser feitas, e isso é um bom sinal. Assim como as substituições que Cuca fez no time. Além de finalmente deslocar Léo Moura para o meio campo (vamos ver se agora voltará a ir à linha de fundo e fazer cruzamentos), tendo um lateral o ajudando quando preciso, barrou Marcelinho Paraíba e Obina, que estão em má fase. Acredito que o primeiro ainda pode ser utilizado no time titular, deixando-o mais ofensivo, mas o segundo realmente está precisando ficar um tempo no banco; é evidente que está ansioso demais para marcar seu primeiro gol no ano e está errando mais do que de costume por isso, principalmente quando o time está em desvantagem no placar, além de mostrar seus velhos problemas com a bola e ser ofuscado por Josiel, que vem marcando constantemente. Quanto à Fábio Luciano, não acho que será reserva. É um dos líderes do time, e mesmo sendo lento ainda é um ótimo zagueiro, podendo ser ajudado por um dos volantes da equipe (já que ela tem no mínimo dois, se alguém não considerar Ibson um deles).

Porém, pouco adiantará se a postura do time não mudar. Enquanto muitos não entenderem que estão jogando mal e que precisam se dedicar mais em campo, o Flamengo continuará tendo problemas. É preciso algo como um choque que os jogadores tiveram em 2007, quando estavam na zona de rebaixamento do Brasileirão e, após vencerem vários jogos em casa, levaram o clube à terceira posição no campeonato, a melhor da instituição desde que os pontos corridos foram implantados.

Mas para isso a diretoria também tem que fazer a sua parte. Afinal, por mais que os jogadores recebam salários altíssimos (o banco do Fla deve ser mais caro que alguns times titulares), é duro trabalhar sem estar com os salários em dia. Nessa situação, se perde parte do respeito e o direito de reclamar e cobrar dos empregados o mau desempenho que eles vem tendo em campo.

De qualquer maneira, as coisas precisam mudar, justamente para que cenas como as do último sábado não se repitam. O que o torcedor menos esperava num Carnaval, época de tanta festa, era ver o time, depois de tanto vexame no ano passado, perder para o Resende em pleno Maracanã e jogar pela janela uma ótima oportunidade de chegar na final da Taça Guanabara.

Foto: globoesporte.com

6 comentários:

Marcos Antonio disse...

Agora por ser meia a Agora que o Léo Moura não visitará mais a linha de fundo, já tão saudosa do nosso número 2...Acho que as coisas estão difíceis pro Cuca,ainda mais com falta de grana(sempre clássica) na Gávea...

speed.king.thrasher disse...

acho q de quem o flamengo precisa é do Obina inspirado de novo... e de outro técnico.

Vou ser franco ñ simpatizo nem um pouco com o Cuca, sempre chega no fim ele amarela... time o flamengo tem... falta treinador eu acho...

FLW!! belo texto!

Daniel Leite disse...

Enquanto lia o seu texto, já pensava em falar que a principal mudança deveria vir de cima, referindo-me às questões salariais. Mas, como citou este problema colossal, devo concordar com todos os posicionamentos.

No entanto, quando algumas características de jogadores não se adaptam às condições iniciais, pode ser o momento de mudar o esquema de forma mais brusca, para um 3-5-2, à la Carrossel, como já deu certo em alguns trabalhos de Cuca. Afinal, se FL está lento, ele pode ser um líbero, jogar na sobra, aproveitando suas qualidades de líder. Além disso, seria muito mais fácil explorar os laterais e fazer Léo Moura retornar aos bons tempos. O meio, parece-me, não cria nada mesmo... Aliás, Ibson precisa despertar, não?

- Também tomei o "chá de sumiço"... Cheguei a jogar FM também, mas o ponto mais prejudicial foi a conexão com a internet...

Até mais!

GiglioF1 disse...

Leandro,

Boa e correta analise...o problema da arrogancia dos grandes é nao reconhecer a necessidade de mudar...
A historia sempre se repete..
abraco!!

Thiago Madureira de Alvarenga disse...

Esmiuçando o rubro-negro:
Léo Moura
Nos bons momentos recentes do Flamengo ele era considerado o melhor jogador do time, ao lado do outro lateral, Juan. Obviamente, quando os dois laterais são os melhores jogadores do time, os adversários: ou marcam eles individualmente, ou colocam um jogador atuando nas costas deles, obrigando-os a não se arriscar tanto no ataque.
Creio que a melhor opção para aumentar o rendimento do Léo, é escalá-lo como um legítimo ponta-direita, bem aberto, assim ele chegará com mais facilidade ao fundo e poderá também verticalizar as jogadas, dando mais opções ao ataque.

Fábio Luciano
No 4-4-2? Se no 3-5-2, jogando na sobra, ele não está rendendo. Ele é muito lento. A não ser se o Cuca colocar três volantes no time, até que pode dar certo, mas eu não acredito.

3 volantes
Com três volantes o time fica defensivo, e o ataque, que é o grande problema do Fla, fica a Deus dará. Não dá para deixar somente Zé Roberto sobrecarregado da armação, e Ibson não é armador, não adianta colocar porque não dá.

O ataque
De 0 a 10, nota 3. Obina é um bom reserva, só isso. Josiel é mediano, faz algumas partidas boas (1 a cada 10) e outras nem me lembro que ele está em campo.

Leandrus disse...

Breves comentários:

Speedking, confesso que não sou o maior fã do Cuca. Mas também não sou muito fã de não gostar de seu trabalho só porque é azarado ou amarela. Acredito que até o metade de 2008 fazia bons trabalho, principalmente no Botafogo: levou o clube a duas finais seguidas do Carioca e a duas semifinais seguidas da Copa do Brasil, ambas em 2007 e 2008. Não ganhou os títulos em 2007 porque seus jogadores foram totalmente displicentes e nao souberam matar as partidas, sendo castigados por isso; o vexame na Sul Americana, para o River Plate, mostrou isso. E em 2008 formou uma boa equipe no Botafogo, que não ganhou títulos porque simplesmente jogou contra equipes do mesmo ou até maior nível, não fez nenhum papelão. Ele sofre muito por essa coisa de não ter ganho um título ainda, mas acho que isso apagar os bons trabalhos que fazia. Tá devendo sim no Fla esse ano como no ano passado no Santos e no Flu, mas ainda merece mais um pouco de tempo para trabalhar.

Daniel, na verdade o Fábio Luciano já joga na sobra. Os laterais já são explorados desde 2007, são a principal arma do Flamengo e é por isso que o esquema do time está manjado, porque quando eles são bem marcados o negócio fica feio. Talvez com Léo Moura virando definitivamente um meia e Everton Silva sendo lateral as coisas melhorem um pouco. Mas sinceramente, acredito que já tem que chegar ao fim essa ideia da principal arma serem os laterais, isso não é eterno.

Thiago, quanto aos laterais, foi isso que aconteceu, Leo Moura e Juan sempre foram muito bem marcados e o Flamengo se perdia nisso, principalmente porque os jogadores de meio campo não conseguiam dar conta do recado ofensivamente. Talvez essa opção de Leo com meia melhore as coisas, mas o melhor mesmo é acabar com essa dependencia no jogo com os laterais.

Concordo contigo sobre os volantes, não gosto da equipe com tantos deles, até porque eles não conseguem armar nada quando os laterais são bem marcados e isso ficou visível nas más atuações de Ibson e talvez Kléberson ano passado.

Ateh!