sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mudar é preciso

Como em 2007, quando viu o Botafogo perder a vaga nas semifinais da TG para o Boavista, Cuca deve ter passado o Carnaval pensando nas mudanças a serem feitas na equipe.

Se a derrota para o Resende trouxe algum benefício para o Flamengo, foi porque escancarou de vez os problemas da equipe em campo. Um time desorganizado, com um esquema mais do que manjado e alguns dos principais jogadores rendendo menos do que o esperado e que se salvou de resultados negativos na fase de grupos da TG graças a gols salvadores nos últimos minutos (algo que quase se repetiu na semifinal). Obviamente era preciso mudar alguma coisa na Gávea.

Para alegria geral da nação rubro-negra, Cuca já esboça algumas mudanças. Não que as escolhas feitas pelo técnico nos treinos de ontem e hoje sejam excepcionais e extremamente criativas, até porque o esquema a princípio escolhido (um falso 4-4-2) continua priorizando os laterais, mantendo muitos volantes no meio e deslocando um homem criativo para o ataque. A princípio, até tem muita coisa criticada nos últimos meses.

Mas pelo menos mudanças começam a ser feitas, e isso é um bom sinal. Assim como as substituições que Cuca fez no time. Além de finalmente deslocar Léo Moura para o meio campo (vamos ver se agora voltará a ir à linha de fundo e fazer cruzamentos), tendo um lateral o ajudando quando preciso, barrou Marcelinho Paraíba e Obina, que estão em má fase. Acredito que o primeiro ainda pode ser utilizado no time titular, deixando-o mais ofensivo, mas o segundo realmente está precisando ficar um tempo no banco; é evidente que está ansioso demais para marcar seu primeiro gol no ano e está errando mais do que de costume por isso, principalmente quando o time está em desvantagem no placar, além de mostrar seus velhos problemas com a bola e ser ofuscado por Josiel, que vem marcando constantemente. Quanto à Fábio Luciano, não acho que será reserva. É um dos líderes do time, e mesmo sendo lento ainda é um ótimo zagueiro, podendo ser ajudado por um dos volantes da equipe (já que ela tem no mínimo dois, se alguém não considerar Ibson um deles).

Porém, pouco adiantará se a postura do time não mudar. Enquanto muitos não entenderem que estão jogando mal e que precisam se dedicar mais em campo, o Flamengo continuará tendo problemas. É preciso algo como um choque que os jogadores tiveram em 2007, quando estavam na zona de rebaixamento do Brasileirão e, após vencerem vários jogos em casa, levaram o clube à terceira posição no campeonato, a melhor da instituição desde que os pontos corridos foram implantados.

Mas para isso a diretoria também tem que fazer a sua parte. Afinal, por mais que os jogadores recebam salários altíssimos (o banco do Fla deve ser mais caro que alguns times titulares), é duro trabalhar sem estar com os salários em dia. Nessa situação, se perde parte do respeito e o direito de reclamar e cobrar dos empregados o mau desempenho que eles vem tendo em campo.

De qualquer maneira, as coisas precisam mudar, justamente para que cenas como as do último sábado não se repitam. O que o torcedor menos esperava num Carnaval, época de tanta festa, era ver o time, depois de tanto vexame no ano passado, perder para o Resende em pleno Maracanã e jogar pela janela uma ótima oportunidade de chegar na final da Taça Guanabara.

Foto: globoesporte.com

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Pouca coisa definida

Numa rodada marcada por jogos com poucos ou nenhum gol, pouca coisa se definiu nos jogos de ida das oitavas-de-finais da Liga dos Campeões. A situação parece estar definida somente entre Sporting e Bayern de Munique, já que o único remanescente alemão na UCL massacrou o time português fora de casa por surpreendentes 5 a 0 e talvez até se dê ao luxo de poupar alguns jogadores no jogo de volta.

Nos tão aguardados confrontos entre equipes inglesas e italianas, os times da terra da rainha levaram a melhor. Enquanto o Manchester United arrancou um empate sem gols fora de casa contra a Internazionale, Arsenal e Chelsea derrotaram Roma e Juventus pelo placar de 1 a 0; curiosamente, foram os dois únicos times a vencer em casa.

Drogba finalmente voltou a marcar e deu ao Chelsea a vitória sobre a Juventus; será que agora volta à velha forma?

Os espanhóis Atlético de Madrid, Villarreal e Real Madrid não conseguiram bons resultados dentro de seus domínios: enquanto os dois primeiros empataram com Porto e Panathinaikos (que vai cada vez mais assumindo o papel de zebra da competição) em 2 a 2 e 1 a 1, o último perdeu para o Liverpool por 1 a 0. Para completar o insucesso espanhol na rodada, o Barcelona visitou o Lyon e, numa performance abaixo do esperado, apenas empatou em 1 a 1.

Obviamente o maior beneficiado nos jogos de ida sempre é aquele que vence fora de seus domínios, e por isso pode-se dizer que, desconsiderando o feito do Bayern de Munique (hors concours total), o Liverpool conseguiu o melhor resultado. Some-se a isso o fato do time de Rafa Benitez jogar muito bem competições de mata-mata e o recente fraco desempenho dos merengues na mesma fase da UCL (foi eliminado nas oitavas nas 4 últimas edições) e já podem contar com um clube inglês nas quartas-de-finais. (OBS: Como o time da cidade dos Beatles deve segurar o resultado, provavelmente jogarão bem fechados no confronto de volta; é possível que esse seja um jogo bem chato, principalmente se o time de Juande Ramos estiver num mal dia)

Benayoun subiu sozinho e garantiu ao Liverpool uma excelente vantagem no jogo de volta

Seguindo o raciocínio dos beneficiados nos jogos de ida, um empate fora de casa é um ótimo resultado, logo Barcelona, Porto, Panathinaikos e Manchester United estão em vantagem. No caso do time catalão sim, já que é superior ao adversário francês, está em ótima fase e deve conseguir a classificação no Camp Nou sem maiores problemas. Já os casos de Porto e Panathinaikos devem ser vistos com maior cuidado, já que não são equipes tão fortes e enfrentarão equipes do mesmo nível; portanto, não será surpresa a classificação do time visitante, pois serão jogos de igual para igual e qualquer resultado poderá acontecer.

Também é complicado dizer se Manchester United conseguiu uma boa vantagem em cima da Internazionale. Um dos times terá de se arriscar mais no jogo de volta, já que outro resultado sem gols leva o jogo para os pênaltis. Se a equipe de José Mourinho abrir o placar em Old Trafford, os Red Devils terão de se desdobrar para marcar dois gols, já que qualquer empate diferente de 0 a 0 classifica o time italiano. O time de Alex Ferguson não terá trabalho fácil pela frente, pois deverá buscar o resultado sem se expor tanto para não correr o risco de ser surpreendido por Ibrahimovic e companhia. Se o jogo tivesse sido um empate com gols, aí sim o líder da Premier League estaria em melhor situação, pois entraria em campo com um pé na próxima fase.

As equipes que venceram em casa, Arsenal e Chelsea, poderão viajar mais tranquilas: embora seja um placar mais magro, uma vitória por 1 a 0 traz mais benefícios do que uma por 2 a 1 ou qualquer outra em que vença por um gol de diferença mas em que também tenha tomado algum, já que o gol fora de casa tem um grande peso no resultado agregado. Caso os londrinos percam por 1 a 0, ainda terão a chance de disputar a prorrogação, e qualquer derrota por um gol de diferença lhes dará a classificação. Mas é claro que ambos terão de ter cautela e cuidado, pois uma vitória por dois gols de diferença não é uma tarefa tão difícil de ser alcançada pelas equipes italianas .

Como pouca coisa foi resolvida, ainda há expectativas de grandes confrontos nessa fase (os jogos que vi, Chelsea x Juventus e Inter x Man Utd, não chegaram a corresponder). Destaque para Manchester United e Internazionale, partida em que a incógnita prevalece e disputada entre duas das melhores equipes do mundo no momento.

Fotos: www.bbc.co.uk

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Quer ir? Então depois não reclama...

E mais um brasileiro entende que chegou a hora de se transferir para o exterior. O meia Alex acertou sua saída do Internacional para o clube russo Spartak Moscou, pelo preço de 5 milhões de euros.

A notícia não foi tão surpreendente, já que há algum tempo pipocam boatos de transferência do jogador para fora do Brasil. Uma pena para o futebol brasileiro, que perde um de seus melhores jogadores em atividade no país; mas talvez seja algo ainda pior para o meia.

Tudo bem que jogadores precisam de desafios, logo nem cito que ficando no Inter seria titular com extrema facilidade. Mas partir para o quase escondido futebol russo, justo no momento em que passava a ser convocado por Dunga para a seleção brasileira, pode ser fatal para suas pretensões de continuar sendo convocado para vestir a amarelinha; assim sendo, em questão de visibilidade era mais vantajoso continuar no clube gaúcho. Além disso, Alex não está indo para um clube que disputa UCL, e sim para um que perdeu espaço recentemente para o Zenit e que terminou a última edição do campeonato local na modesta oitava posição.

O agora ex-meia do Inter certamente tinha futebol para conseguir algo melhor. Sendo uma das estrelas do futebol brasileiro, poderia conseguir uma vaguinha em um clube mais decente, como um espanhol, italiano ou inglês, ou seja, um que disputasse um dos principais campeonatos nacionais do mundo. Sem contar que, além da questão da visibilidade, terá de encarar rigoroso frio russo, motivo de muita reclamação dos brasileiros, até mesmo para voltar para o país natal. Tomara que ele tenha se lembrado disso...

O jogador diz que o Spartak Moscou “tem um projeto com interesses grandiosos”. Tomara que tenha mesmo, e que o clube logo dispute títulos nacionais e apareça em competições européias. Se quiser ganhar seu dinheiro sossegado, até que não é um lugar ruim. Caso contrário, se quiser continuar na seleção, talvez tenha que contar com a boa vontade de Dunga para assistir o “excelente” campeonato russo...

Alex tem que saber dos riscos que está correndo, até porque eles são bem visíveis. Portanto, se ficar escondido no frio russo, nem comece a choramingar implorando para voltar para o Brasil; e pior, ganhando o mesmo que recebe no exterior e quebrando ainda mais os clubes brasileiros...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sem conseguir brilhar

O Flamengo de Cuca não conseguiu convencer na fase de grupos da TG; pelo menos o técnico Cuca está ciente disso

Se o Vasco não tivesse sido punido pela escalação supostamente irregular do meia Jéferson, os grandes clubes do Rio de Janeiro estariam classificados para as semifinais da Taça Guanabara pelo segundo ano consecutivo; de maneira tranquila, como nos casos de Botafogo e Flamengo, ou com um pouco mais de dificuldades, como no caso do Fluminense. Mas a verdade é que nenhum dos quatro brilhou nas primeiras sete rodadas do Carioca.

Curiosamente, os times que mais decepcionaram foram justamente Flamengo e Fluminense, favoritos por terem os melhores elencos do Rio; enquanto o primeiro manteve a sua boa base de 2008, o segundo perdeu peças importantes mas conseguiu repor a maioria com algumas boas contratações.

Cuca sofreu para achar a formação ideal do Flamengo (na verdade, ainda não achou) e ainda teve de lidar com a má fase e contusões de jogadores importantes; isso para não falar dos salários atrasados que o clube deve aos atletas. Isso tudo refletiu nas pobres atuações do time, marcadas por gols salvadores nos últimos minutos das partidas (o que aconteceu em 4 das 7 disputadas). Convencer mesmo, somente uma vez, na goleada por 4 a 1 em cima do Mesquita.

Já René Simões esteve em situação pior. O Fluminense só foi vencer na terceira rodada, perdeu 2 vezes, viu seus reforços não renderem o esperado e esteve muito próximo de não se classificar para a próxima fase da competição, o que só ocorreu graças ao empenho dos jogadores nas últimas rodadas, à entrada de Thiago Neves no time titular e aos incríveis tropeços dos clubes pequenos na última rodada, garantindo uma combinação favorável ao time das Laranjeiras. E ainda pagou mico por ter empatado com inferior (pelo menos no papel) time do Vasco mesmo jogando com um a mais por um bom tempo.

Na situação oposta, estão Botafogo e Vasco: não brilharam, mas pelo menos deram um certo alento aos seus desconfiados torcedores. Mesmo com elencos mais modestos, foram os que se mostraram mais arrumados dentro de campo. Destaque para a equipe de Ney Franco, que não tem muitas estrelas mas novamente surpreendeu tendo um desempenho melhor do que o esperado: é uma equipe extremamente determinada em campo e que tem contado com as boas atuações dos atacantes Victor Simões e Reinaldo. Porém, é um time que ainda tem uns apagões preocupantes no sistema defensivo (como foi visto nas partidas contra Volta Redonda e Bangu) e que mostra limitações no ataque, principalmente em situações adversas (como no jogo contra o time da Cidade do Aço, quando foi derrotado).

Enquanto isso, o Gigante da Colina, que foi melhorando com o passar dos jogos, difere do Botafogo por ter um elenco claramente mais limitado e um craque (Carlos Alberto) que ainda não rendeu o esperado. A limitação ficou evidente justamente em casa, empatando com a Cabofriense e perdendo para o Americano. Mas, também determinada e muito bem comandado pelo ótimo Dorival Júnior, vai mostrando aos torcedores que pode fazer um bom papel na Série B principalmente se chegar mais uns 3 reforços de qualidade um pouco superior aos que já estão lá.

Porém, atuando melhor ou não do que outros, nenhum dos quatro grandes convenceu até agora. Não é só porque todos se classificaram (dentro de campo) para as semifinais que se deve achar que todos estão sobrando, pois não adianta se iludir apenas com o resultado final. Melhor saber a verdade agora, por mais que ainda seja início de temporada, do que cair (e muito feio) do cavalo daqui para a frente.

Foto: globoesporte.com

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Equipe arrumada x equipe desarrumada

Enquanto Leandro Guerreiro foi muito bem na defesa, Obina foi muito mal no ataque, muitas vezes saindo da área e deixando seu time sem referência alguma

No segundo clássico carioca do ano, Botafogo e Flamengo empataram em 1 a 1, graças ao gol salvador de Josiel aos 47 do segundo tempo. Infelizmente, a exemplo da partida da semana passada entre Fluminense e Vasco, não foi um grande espetáculo, mas também não foi dos piores.

Extremamente bem postado em campo, o Botafogo aproveitou as falhas do Flamengo enquanto o jogo estava 0 a 0 e se fechou muito bem após abrir o placar. Talvez tenha recuado demais no segundo tempo, mas é verdade que mesmo assim a equipe, que não é muito habilidosa mas sim muito determinada, esteve bem arrumada em campo e ajudou a deixar o ataque rubro-negro ainda mais ineficiente.

Aliás, o Botafogo só não ganhou o jogo porque não conseguiu aproveitar nenhum dos contra ataques criados, principalmente no segundo tempo, quando a equipe de Cuca partiu desordenadamente para o ataque. A história do jogo poderia ser totalmente diferente se o time não tivesse finalizado tão mal; talvez o placar fosse até elástico, algo como 3 a 0. Porém, a torcida não precisa se preocupar tanto: afinal, Victor Simões, para felicidade dos rubro-negros, não atuou ontem. Ele, que vem sendo o melhor do time até o momento, certamente não perderia algumas das chances perdidas ontem, assim como Maicosuel.

Quanto ao Flamengo...é, o time pode ter tido a melhor campanha da TG, mas ainda precisa melhorar e muito. Esteve perdido em campo até o placar ser aberto pelo adversário e foi desesperadamente ao ataque tentando o gol de empate, deixando diversas brechas no sistema defensivo. Lento e sem conseguir furar a retranca do Botafogo, a coisa mais fácil do mundo era ver diversos jogadores fora de posição. O Fla só empatou porque jogou o tempo todo no abafa e no final foi premiado pela insistência nessa jogada; e é bom lembrar que também foi beneficiado pelo recuo exagerado e pelo já citado mau desempenho nas finalizações do rival.

E os problemas não param por aí. Léo Moura mostrou que realmente começou muito mal a temporada: o lateral direito...ops! Lateral direito não, meia, porque o jogador sempre carregou a bola para o meio do campo e, ao tocar para um companheiro, por lá ficou. Zé Roberto também carregou demais a bola, se movimentou pouco e deu a impressão de que era o 12º jogador do Botafogo em campo. Tiago Salles foi uma avenida, principalmente no primeiro tempo, e se continuar assim vai fazer a torcida sentir muitas saudades de Ronaldo Angelim. Ainda mais se Willians não atuar tão bem como vinha atuando antes da partida de ontem.

Mas é impossível falar deste jogo sem citar o pênalti perdido por Obina. Aliás, desde quando o atacante cobra pênalti, ainda mais num time que tem Léo Moura, Ibson e Bruno, todos bons batedores? O desperdício da cobrança só serviu para ser extremamente vaiado durante os minutos que continuou em campo e para coroar sua péssima atuação, em que se destacou por querer sair da área para ajudar seus companheiros (muito inocente esse rapaz...). Futebol também é momento, e atualmente Josiel é titular com sobras: já marcou três vezes e está confiante e numa fase muito melhor do que a do camisa 18, que, desgastado, talvez tenha que ficar um tempo fora até mesmo do banco.

A partida acabou mostrando que o Botafogo talvez seja o time mais bem arrumado dos 4 grandes, enquanto o Flamengo briga com o Flu pelo título de mais desarrumado. Nas semifinais isso pode ser fatal, porque o Fla ainda possui problemas em todos os setores e pode não encontrar os gols salvadores que tem feito no final das partidas; já os comandados de Ney Franco estão em situação mais tranquila, porque os desfalques de ontem não devem perder tantas chances de marcar como os reservas fizeram.

Foto: www.lancenet.com.br

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Um injustiçado?

Já se passaram alguns dias do jogo contra a Itália e Dunga não poderia estar mais satisfeito. Depois de conviver com a pressão de conseguir um bom resultado contra a forte (pelo menos em tese) seleção italiana e ainda ver a situação agravada pela sombra de Luiz Felipe Scolari, recém demitido do Chelsea e querido por muitos brasileiros, o técnico da seleção brasileira pode respirar aliviado, certo de que não será tirado do cargo tão cedo.

Mas porque se pede tanto a cabeça de Dunga? Afinal, as estatísticas do ex-jogador como treinador da Seleção não são ruins: em 36 jogos pela seleção principal, conseguiu 23 vitórias, 9 empates e apenas 4 derrotas. Além disso, conquistou a Copa América em 2007, derrotando a favorita Argentina na final por 3 a 0, está numa tranquila 2º posição nas Eliminatórias para a próxima Copa do Mundo e vem de vitórias convincentes nos últimos amistosos: goleou Portugal por 6 a 2 e derrotou a atual campeã mundial Itália por 2 a 0, ou seja, ganhou de adversários que são teoricamente fortes (se eles atuaram bem ou mal nesses confrontos é outra história...). Tendo em vista esse retrospecto, parece até uma injustiça criticar tanto o capitão do tetra.

Mas, ao esmiuçar o desempenho de Dunga, é possível entender porque o treinador nunca foi muito querido. Não são muitas as atuações convincentes da Seleção no seu comando: as já citadas vitórias contra Argentina, Portugal e Itália são algumas delas, assim como as conquistadas em cima do Chile e Venezuela fora de casa nas Eliminatórias.

Coincidência ou não, foram vitórias contra equipes que não jogaram fechadas. Isso porque, quando o Brasil encara uma esquadra que atua de maneira mais cautelosa, para não dizer bem defensiva, é quase certo que os comandados de Dunga terão dificuldades: a suada vitória para o Uruguai e os sofríveis empates para a Bolívia e Colômbia sem gols em casa nas Eliminatórias são apenas alguns exemplos disso. Isso para não falar do histórico de vitórias burocráticas em amistosos.

Josué e Kléber fazem parte da lista de teimosias de Dunga

As convocações e escalações de Dunga também causam calafrios nos torcedores. Volta e meia o treinador convoca nomes desconhecidos (como Afonso Alves e Bobô), ignora nomes em alta em campos nacionais (como Hernanes, Ramires, Nilmar e Keirrison) e internacionais (Denílson) e convoca outros que são reservas em seus clubes (como Adriano, Ronaldinho e Mineiro). Na hora de escalar, ainda consegue piorar a situação: até pouco tempo, por exemplo, insistia em escalar um ferrolho desnecessário no meio campo formado por Gilberto Silva, Josué e Mineiro e teimava em colocar um Kléber em má fase na lateral esquerda. Ousadia também não é muita a dele: no jogo contra a Bolívia no Engenhão, mesmo com um a mais no segundo tempo, deixou o limitado ofensivamente Josué em campo até o final do jogo.

E nunca é demais lembrar que seu desempenho nas principais competições que disputou, a Copa América e as Olimpíadas, não foi tão satisfatório. Na primeira, sabe-se lá como ganhou, pois teve algumas atuações abaixo da média e esteve bem próxima de ser eliminado nos pênaltis pelo Uruguai. E fracassou na Segunda mesmo tendo um ótimo elenco em mãos, convencendo somente no jogo contra a fraquíssima Nova Zelândia e sendo impiedosamente goleado pela Argentina nas semifinais por 3 a 0, tendo de se contentar com a medalha de bronze.

Observando o resultado final, Dunga pode estar tendo um bom desempenho, mas na verdade ainda peca em alguns aspectos. Por várias razões, o ex-jogador não passa muita confiança e tem seu trabalho contestado; seus defeitos e sua inexperiência podem pesar numa Copa do Mundo, competição em que qualquer erro pode ser fatal, como ele mesmo sabe. E é por isso que a Copa das Confederações, uma competição bem curta e que não permite muitos tropeços, será um excelente teste para ele.

Foto: www.estadao.com.br

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sucesso em Londres

Elano surpreendeu e foi um dos melhores em campo, além de ter marcado um dos gols da Seleção

Num jogo em que a seleção brasileira talvez tenha atuado melhor do que o esperado e alguns jogadores surpreenderam, a equipe de Dunga, em Londres (é, é estranho, mas fazer o que...) derrotou a Itália por 2 a 0 e deu uma bela sobrevida ao técnico da Seleção, que poderia se sentir ameaçado pela sombra de Luiz Felipe Scolari.

Estranhamente a equipe de Marcello Lippi entrou desligada em campo. A falha de Cannavaro logo no começo do jogo, quase aproveitada por Robinho, parece ter sido a senha. E os gols brasileiros saíram dessa maneira: aos 12 minutos, Robinho deu bom passe para Elano, que aproveitou o corte errado do zagueiro Legrottaglie para marcar; e aos 26, o ex-Real Madrid pressionou Pirlo (enquanto Adriano, dando a jogada como perdida, apenas andava e abaixava a cabeça), tirou a bola do jogador do Milan, driblou Zambrotta e marcou um bonito gol. Vale destacar a displicência do ótimo meia italiano, que segurou a bola por muito tempo num local perigoso (justo na entrada da área) e foi castigado ao ser considerado culpado pelo segundo gol do adversário.

Já no segundo tempo, a equipe italiana voltou melhor após fazer diversas substituições, mas foi pouca efetiva no ataque, embora tenha lutado muito. O Brasil até poderia ter marcado outros gols, não fosse a má atuação de Adriano, algumas firulas desnecessárias de Robinho e Ronaldinho e a queda natural de ritmo da equipe na segunda metade do jogo.

Robinho foi um dos destaques do time, participando dos dois gols e mostrando muita disposição, aparecendo bastante para o jogo. E se Dunga foi criticado por convocar e escalar jogadores que vem esquentando o banco em seus clubes atualmente, hora de todo mundo ficar quieto. Elano foi um dos melhores em campo, atuando bem pelo lado direito e quase marcando um belíssimo gol de fora da área no final do primeiro tempo. Ronaldinho, mesmo não partindo tanto para cima dos adversários como nos bons tempos de Barcelona, não se isolou na esquerda e participou do jogo, dando bons passes para os companheiros. E Marcelo, que foi um dos únicos a se salvar nas Olimpíadas mas não vem passando por boa fase no Real Madrid, fez boa companhia a Ronaldinho na esquerda, sempre participando das jogadas de ataque, tendo problemas apenas para segurar Zambrotta no primeiro tempo.

Felipe Melo foi uma grata surpresa: o meia da Fiorentina não se arriscou tanto, mas deu bons passes, melhorando a saída de bola, defendeu bem e não comprometeu. Pode ser uma boa opção para a Seleção. A zaga, como de costume, se saiu muito bem, assim como Júlio César, dono de ótima defesa num lance em que Luca Toni (quantos gols perdidos!) já saia para comemorar. A decepção mesmo foi Adriano, que matou diversos ataques brasileiros no jogo; deveria ter sido substituído por Pato mais cedo, que vem bem no Milan.

Do lado italiano, muita decepção. Lippi terá muito trabalho com essa equipe, que teve sérios problemas defensivos, principalmente no primeiro tempo, algo incomum para uma seleção reconhecida justamente pela sua forte defesa. E foi mal no ataque também, com leve melhora apenas na segunda etapa. Talvez tenha sido um erro não ter convocado Del Piero, ótima opção ofensiva que parece vinho e vem se destacando cada vez mais na Juventus; no jogo de ontem, faltou um jogador mais criativo na equipe.

A Seleção atuou bem e venceu com méritos. Dunga agradece, e ainda sai rindo a toa por ter convocado um jogador contestado por muitos mas que se saiu muito bem.

Foto: www.cbf.com.br

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Demitir Felipão: uma decisão acertada ou precipitada?

Acabou mais cedo do que o esperado a aventura de “Big Phil” no Chelsea. Na sua primeira experiência como treinador de um clube europeu, depois de um começo promissor, a equipe de Londres foi caindo de rendimento até se ver a distantes 7 pontos do líder Manchester United e a torcida começar a pedir sua cabeça.

A questão é: a demissão de Felipão foi justa ou foi uma ação precipitada da diretoria? É importante ter em mente as dificuldades que Scolari encontrou no meio do caminho e que certamente atrapalharam sua trajetória. Primeiramente, foi azarado ao chegar no clube justo no momento em que o bilionário Roman Abramovich resolveu cortar drasticamente seus gastos com o clube, o que resultou na falta de dinheiro para transferências tanto antes quanto no meio da temporada, algo diferente do que aconteceu na era Mourinho.

Um Drogba claramente desmotivado e visivelmente fora de sua melhor forma foi apenas um dos muitos problemas encontrados por Felipão no Chelsea

Sem muito dinheiro para contratar novos jogadores, Felipão teve que se virar com alguns jogadores abaixo da média como o extremamente inoperante Malouda e Kalou, outros irregulares como Anelka e Alex e outros em má fase, como os sonolentos Ballack e Deco, Ashley Cole, Joe Cole e principalmente Drogba, que em nada lembra o jogador matador e decisivo de outras temporadas, estando claramente desmotivado e sem a explosão de outrora; o fato de ter marcado apenas um gol na atual temporada reflete isso. Além disso, sofreu com as longas contusões de Essien e Ricardo Carvalho. Some-se isso a um Lampard e um Terry não tão inspirados como nos últimos anos, embora ainda estejam jogando bem, e pode se ver que o brasileiro teve sérios problemas para achar uma equipe confiável. Com poucas opções no banco, até o esforçado mas limitado Belletti passou a ser um dos principais reservas, sempre entrando no decorrer dos jogos, ou como meia ou como lateral.

Mas seria ingenuidade colocar a culpa do insucesso de Scolari apenas na má fase da maioria do elenco, porque o brasileiro também errou. Se não teve o dinheiro desejado para fazer contratações, perdeu tempo ao insistentemente tentar contratar Robinho, e ao ver o jogador se transferir no Manchester City, ficou chupando dedo por não ter um plano B, ou seja, por não ter planejado outra contratação caso não conseguisse ter o ex-jogador do Real Madrid no seu elenco. Além disso, foi limitado taticamente, insistindo demais num 4-3-3 extremamente manjado, testado poucas variações para este esquema. E mesmo com poucas opções no banco, deu poucas chances às jovens promessas provenientes das categorias de base do clube, como Stoch, Di Santo e Ivanovic.

E por último, algo essencial: Felipão pareceu que não obteve muito sucesso na tentativa de motivar seus jogadores, um de seus trunfos. Vanderlei Luxemburgo disse algo no programa “Bem, Amigos” que chega a ser coerente: Luiz Felipe não tinha um inglês fluente, e esse detalhe pode ter sido fundamental para que não conseguisse transmitir suas mensagens aos jogadores da maneira que queria; ou seja, não conseguiu dar o “choque”, aquelas palavras que dão ainda mais força para os atletas. E isso pode ter sido determinante para o mau desempenho de Big Phil nos clássicos ingleses: neste quesito, teve um péssimo retrospecto, tendo empatado 1 uma vez e perdido 4, com destaque para uma derrota clamorosa para o Manchester United por 3 a 0.

A diretoria do Chelsea até teve seus motivos para estar descontente com o trabalho de Felipão, mas o técnico teve também encontrou diversas dificuldades pela frente. Meio a meio? Acho que não. Por mais que o técnico não conseguisse fazer seu time jogar ultimamente, será que uma demissão no meio da temporada, com o time prestes a disputar uma partida de vida ou morte na UCL contra a Juventus vai melhorar a difícil situação pela a qual o clube passa? A decisão do Chelsea parece mais uma tentativa desesperada de assegurar uma vaga na UCL na próxima temporada e de ver a equipe ter um desempenho melhor em campo, ou seja, uma decisão de puro imediatismo. Ninguém garante que o brasileiro daria a volta por cima na principal competição européia, mas não se arruma a casa de uma hora para a outra; aliás, o forte do treinador é justamente o mata-mata, e esse poderia ser o momento chave para que os Blues se superassem e subissem de produção (apesar de que o problema do idioma interferindo no processo de motivar os jogadores poderia atrapalhar).

Talvez tenha faltado ao clube o entendimento de que não foi oferecido o melhor ao treinador, assim como talvez tenha faltado paciência, a mesma que não faltou aos dirigentes do Manchester United no começo da vitoriosa era Ferguson, que só conquistou seu primeiro título após 4 anos em Old Trafford.

Foto: www.bbc.co.uk

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Lucro para o Vasco, trágico para o Flu

René Simões errou ao manter seus dois volantes quando precisava mostrar mais ousadia e agora se desespera com a possibilidade de ver o Flu fora das semifinais da Taça Guanabara

No primeiro clássico carioca do ano, Vasco e Fluminense empataram sem gols. Depois de um primeiro tempo fraco, em que o Vasco não conseguiu atacar e o Fluminense se destacou pelo desperdício de jogadas no ataque, principalmente com os inúmeros impedimentos do atacante Roger, a partida ficou mais movimentada no segundo tempo, o que não quer dizer que ela tenha ganho muito em qualidade.

A infantil expulsão de Alex Teixeira, logo aos 4 minutos do segundo tempo, obviamente prejudicou o Vasco. Aliás, o jovem vascaíno precisa se conscientizar de que precisa melhorar, já que é uma grande aposta do clube e uma das principais opções ofensivas da equipe mas ainda não teve uma sequencia de boas atuações desde que subiu para os profissionais, pecando muito pela irregularidade e pelas pífias finalizações a gol.

Em desvantagem numérica, restou ao Vasco apostar ainda mais nos contra-ataques, principalmente com as subidas de Ramon e Paulo Sérgio; destaque para o primeiro, que deu um banho em Wellington Monteiro e provocou a substituição do camisa 2 do Flu pelo recém contratado Mariano. Para desespero de Dorival Júnior, as boas subidas dos seus laterais não surtiram muito efeito, já que os cruzamentos não saíam com muita qualidade e Carlos Alberto e Rodrigo Pimpão pouco se movimentavam no ataque, deixando de ajudar os laterais e facilitando o trabalho da zaga tricolor quando a bola era alçada na área. Para piorar a situação, Jéfferson foi novamente discreto e as substituições do técnico vascaíno não surtiram efeito, com destaque para Fernandinho, que entrou muito mal e não conseguiu dar sequencia aos ataques de seu time no final do jogo.

Com o adversário com um a menos, era obrigação do Fluminense sair para o jogo no segundo tempo. Mas com um ataque batendo cabeça, um Thiago Neves discretíssimo e um Conca sumido e mais preocupado em tentar ser expulso, a equipe de René Simões não conseguia ameaçar tanto o gol de Tiago, embora tivesse maior posse de bola. Então, restava ao treinador mexer. E foi aí que ele errou.

Mesmo com um jogador a mais, René manteve seus dois volantes, Diguinho e Fabinho, até o final do jogo. Um erro grave, pois sua equipe precisava da vitória para se manter vivo na luta por uma vaga na semifinal da Taça Guanabara. O técnico preferiu tirar Leandro Amaral e manteve Roger em campo, mas como os dois faziam partidas ruins, é difícil saber se ele errou ou não; talvez fosse melhor manter o ex-Vasco, que é tecnicamente melhor do que o ex-jogador do Sport e perde menos gols. Pelo menos acertou ao colocar os jovens Tartá e Maicon, que já entraram muito bem em outros jogos dessa competição: porém, ambos não conseguiram ser muito efetivos no clássico e pouco fizeram, salvo uma bela cabeçada do primeiro após cruzamento do segundo, defendida brilhantemente pelo goleiro Tiago, que esteve muito seguro durante a partida, assim como sua zaga e o volante Nílton.

Num jogo abaixo das expectativas para um clássico, mesmo com a melhora do jogo no segundo tempo, o Vasco, que tem um elenco inferior ao do seu último adversário, saiu no lucro, por ter segurado o Flu por um bom tempo com um a menos e por se manter como líder do grupo A com 10 pontos. Para o Fluminense, o resultado foi trágico, porque o tricolor carioca possui apenas 5 pontos e não depende só de si para se classificar para as semifinais da competição. E quem pode pagar o pato é René Simões: a imprensa diz que o técnico já tem seu trabalho contestado nas Laranjeiras. E o seu vacilo no jogo de hoje, atitude que pode até ser entendida como covarde para alguns, pode ter agravado a situação.

Foto: www.lancenet.com.br

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Os elementos surpresa do Flamengo

Aos 41 minutos do segundo tempo, numa partida em que o Flamengo voltava a jogar mal e atacava o adversário com certa desordem, sob risco de tomar um contra-ataque mortal do Macaé, o zagueiro Fábio Luciano apareceu no ataque e fez o que Léo Moura não fez durante toda a partida: um cruzamento decente, certeiro na cabeça de Zé Roberto, que acabou marcando o gol da vitória rubro-negra por 2 a 1.

A aparição de um zagueiro como elemento surpresa nas jogadas de ataque do Flamengo não é de hoje. Já no ano passado, Ronaldo Angelim costumava ajudar Juan pelo lado esquerdo, algo que continua fazendo. Porém, nesse começo de temporada, já é possível ver Fábio Luciano e Aírton no campo de ataque pelo lado direito com maior frequencia, assim como o volante Willians, que vai se firmando como um dos melhores reforços de times cariocas até o momento: o ex-Santo André faz desarmes precisos (salvo aquele que resultou no pênalti do adversário no jogo de ontem) e ainda aparece bem no ataque, como mostrou ao fazer o cruzamento para o gol de Zé Roberto na sua estreia contra o Mesquita.

A subida dos jogadores de defesa, que surgem como elementos surpresa, é válida, principalmente nesses jogos do Carioca em que os defensores muitas vezes não tem muito o que fazer, assim como pode ser mais para frente, em jogos em que a equipe precise da vitória. Mas nem tudo são flores. Não se pode esperar que a qualidade da subida, e consequentemente dos cruzamentos dos zagueiros seja a mesma da dos laterais; Airton não faz bons cruzamentos, e mostra isso ao muitas vezes titubear na hora de tentar tal jogada; Fábio Luciano não está num patamar muito diferente. Além disso, a aparição dos jogadores de defesa no ataque pode ser fatal, pois isso pode abrir espaços na zaga rubro-negra; em casos de contra-ataque, Bruno estará em apuros, já que os 2 zagueiros e o já citado Airton são lentos e provavelmente demorarão para voltar à defesa. Cuca deve advertir seus homens de marcação a subir na hora certa justamente para que o elemento surpresa não se vire contra o Flamengo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Craque o Flamengo não faz mais em casa

Entre os titulares, Bruno, Léo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Egídio; Airton, Willians, Ibson e Marcelinho Paraíba; Zé Roberto e Obina. No banco, Diego, Thiago Salles, Jônatas, Kléberson, Éverton, Maxi e Josiel. Dos 18 relacionados para a última partida do Flamengo, contra o Mesquita, apenas 6 iniciaram suas carreiras na Gávea.

A situação fica ainda mais crítica quando se sabe que apenas 3 foram titulares, sendo que Airton na verdade é cria do Nova Iguaçu (foi cedido às categorias de base do Fla) e que Ibson e Jônatas já tentaram a sorte no exterior. E não é de hoje que o clube possui poucos jogadores “Made in Gávea” na equipe titular, tampouco revela. Nos últimos anos, foram poucas as pratas da casa que tiveram (certo) sucesso no Flamengo: com algum esforço, lembra-se de Júlio César, Juan, Athirson, Adriano, Ibson, Jônatas e Renato Augusto.

O atacante Pedro Beda, considerado uma das promessas do Flamengo para o ataque, foi vendido ano passado para o Heereveen, da Holanda, sem ao menos ter estreado pelo clube; enquanto isso, a equipe rubro-negra não conseguia encontrar seu atacante ideal no Brasileirão

Não sou dirigente do Fla e não sei de todos os problemas envolvidos nessa questão Mas estando de fora vejo alguns problemas. E é fato que fica difícil revelar bons jogadores quando eles são rapidamente vendidos, algo que vem se tornando regra na Gávea. E nem falo da venda de R. Augusto ou Ibson, pois o clube chegou ao ponto de vender jogadores promissores que mal tiveram a chance de estrear no time titular, como o atacante Pedro Beda, o lateral direito Michel e o zagueiro Fabrício. Ao vender os jovens por um preço baixo, o rubro-negro carioca perdeu a chance de mesclar jogadores mais experientes com pratas da casa, vê-las crescer e até mesmo vendê-las futuramente por um preço (bem) mais alto. O uso de mais jogadores da casa até permite a construção de um elenco mais barato: talvez seja melhor ter como reservas boas promessas que não possuem salários astronômicos do que ter Kléberson, Fierro e Josiel, que muito provavelmente ganham mais de 100 mil para esquentar banco e nem sempre corresponderem quando entram...

Mas a culpa não é só da diretoria. Se a torcida do Flamengo é uma das mais fanáticas do país, também pode ser considerada uma das mais impacientes. Que torcida corneta! Não poupa nem os próprios garotos! No jogo contra o Mesquita, vaias eram direcionadas a Egídio cada vez que o lateral tocava na bola, mesmo após ter sido um dos melhores no jogo de domingo contra o Volta Redonda. Algo não muito diferente do que aconteceu com Erick Flores nas poucas chances recebidas pelo meia no ano passado: inexperiente e ainda um pouco afobado, era vaiado cada vez em que errava um lance. Nessa hora, ninguém se lembra de que os mais jovens, pela falta de experiência, estão mais propensos a se abaterem com as críticas, ficarem nervosos e errarem ainda mais.

E nem mesmo as experiências do passado serviram para alguns rubro-negros refletirem. Adriano e Renato Augusto são alguns dos exemplos de jogadores que já foram perseguidos pela torcida. Ao saírem cedo do clube, logo arrebentaram na Europa. O primeiro ganhou o “simples” título de “Imperador” na Inter de Milão, enquanto o segundo foi uma das melhores contratações do Campeonato Alemão na atual temporada, já sendo cobiçado até por clubes europeus mais grandes. Depois da falta de paciência, os flamenguistas ficam chupando dedo e rezando para serem perdoados e que tais jogadores voltem logo ao clube.

E ainda há aqueles que simplesmente não aguentaram a pressão ou foram queimados após entrarem na equipe titular muito cedo como salvadores da pátria, principalmente nos anos em que o clube passava por apuros no Brasileirão. Exemplos disso são os atacantes Fabiano Oliveira e Bruno Mezenga, eternas promessas lançadas precipitadamente em 2005. E claro, há os que se deslumbram facilmente: Júnior (agora no Atlético-MG, Júnior Carioca) irritou a todos por se achar melhor jogador do que era, sendo até displicente em campo, algo que hoje reconhece. Nélio, um habilidoso meia que surgiu no começo da década, foi mal acessorado pelo pai e também sumiu do mapa da bola. O Flamengo não foi exceção em algo que acontece em todo o clube: talentos desperdiçados que, se fossem melhor preparados e entrassem na hora certa, poderiam ter vingado. Nem todos tem a mesma sorte do zagueiro Juan, hoje na Roma, que estreou muito mal no Flamengo aos 17 anos e, após voltar aos juniores, teve a rara chance de subir novamente ao elenco principal e aí sim corresponder.

No momento, identificação com o clube nem chega tanto a ser o problema principal, até porque a base do time está há muito tempo na Gávea e se entendeu bem com o clube. Mas as categorias de base, por diversos motivos e mesmo com toda a tradição que possui, não estão sendo aproveitadas. E se continuar nesse caminho, o Fla já pode começar a pensar num novo slogan para se promover, porque atualmente, craque o Flamengo não faz mais em casa.

Foto: www.sc-heerenveen.nl

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Ô espécie chata!

E mais uma vez Robinho deu mais uma “daquelas” declarações. Segundo o jogador, ao falar sobre o Real Madrid, lá ele nunca poderia ser o melhor do mundo, tampouco o artilheiro.

Mas seria bom saber de onde Robinho tira tanta mágoa do Real Madrid. Contratado a peso de ouro e sob total confiança do técnico Vanderlei Luxemburgo e perspectiva de ser o melhor do mundo dentro de poucos anos, o ex-santista não chegou a ser aquilo que botaram na cabeça dele, e cá pra nós, até poderia ser: um jogador excepcional e fora de série. A passagem do jogador pelo clube espanhol ficou marcada pela sua irregularidade: quando se pensava que iria engrenar após algumas excelentes atuações, o agora jogador do Manchester City voltava a sumir em alguns jogos, ficando até no banco em algumas partidas. Ou seja: Robinho teve suas chances no clube, mas nem sempre as aproveitou. Simples assim.

Robinho é apenas mais um daqueles brasileiros que se sentem um dos jogadores mais injustiçados do mundo. E ô espécie chata, hein! São jogadores que, atraídos pela chance de ganhar mais dinheiro, entre outras coisas, saem dos seus clubes brasileiros logo que podem; Thiago Neves saiu do Fluminense no ano passado dias após fazer juras de amor ao clube e dizer que o ajudaria a não cair no Brasileirão. E em pouco tempo choram pedindo para voltar, ou então forçam transferências para outros clubes europeus, dando mil desculpas para seus recentes fracassos.

Thiago Neves deixou o Fluminense na mão no meio do Brasileirão, fracassou no Hamburgo e, ao invés de lutar por uma vaga no time, preferiu deixar de ir aos treinos e forçar uma transferência

Engraçado é que as vezes o jogador nem sabe para onde está indo. O lateral Gabriel, por exemplo, saiu do Fluminense em 2005, quando era cotado até para a Seleção, dizendo que tinha propostas da Espanha; mal sabia ele que a proposta era do último colocado da Liga, o Málaga; obviamente, rapidamente deixou o clube. Quando chegam ao seu novo clube, as reclamações são das mais diversas: ou não suportam o frio, ou não são bem aceitos pelo treinador, ou sentem saudade da família, ou não se adaptam ao estilo do futebol local. Jô, agora emprestado ao Everton, usa a última desculpa como causa da falta de chances no Manchester City; porém, não diz que passou a ser visto de outra forma pelo técnico após ter faltado um treino por ter ido para a balada um dia antes...

O pensamento é simples: por exemplo, se sabem que não suportarão o frio, porque saem? Se aqueles que se transferem para Rússia ou Ucrânia, por exemplo, pensassem nisso, não pediriam para voltar um ano depois; ora, façam uma pesquisa na internet e saibam que o frio lá é rigoroso! E aqueles que dizem que não são bem aceitos pelo treinador? Zé Roberto voltou ao Brasil dizendo que o treinador não lhe dava chances no Schalke 04 após passar um tempo contundido: então, porque não se esforçou ao máximo nos treinos ou nas poucas partidas em que entrou para mostrar que possui talento para ser titular?

E o pior de tudo é que fazem uma pirraça digna de criança de 5 anos para saírem de seus clubes e, geralmente, voltarem ao Brasil. Thiago Neves, por exemplo, deixou de ir aos treinos do Hamburgo. Vagner Love forçou sua saída do CSKA diversas vezes, sendo sempre mal sucedido e virando eterno reforço de equipes brasileiras. E pior, voltam ganhando a mesma quantia que recebiam em seus clubes no exterior, aumentando ainda mais a folha salarial dos clubes e piorando a situação financeira daqueles que não estão preparados.

Desse jeito, o jogador brasileiro vai ficar com o filme queimado lá fora. E bem que esses jogadores acomodados que preferem não disputar seu lugar ao sol poderiam ter umas aulinhas com Carlos Tevez. Quando o argentino foi para a Europa, ficou no modesto West Ham: depois de muito lutar para se adaptar ao futebol inglês, marcando seu primeiro gol no clube seis meses após estrear e depois de ficar várias partidas esquentando o banco, ajudou o clube a não cair, marcando 6 gols nos últimos jogos, sendo que o último deles foi o que livrou o time para o qual Steve Harris torce do rebaixamento na última rodada, contra o Manchester United em pleno Old Trafford. Agora, o jogador segue tranquilamente no próprio United, e ainda é cobiçado por diversos clubes europeus.

Foto: www.bundesliga.de

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A arbitragem rouba a cena

Até a terceira rodada, o destaque do Campeonato Carioca não tem sido nenhum dos 4 grandes clubes do Rio, tampouco uma surpresa do grupo dos pequenos. E infelizmente o destaque é negativo: a arbitragem vem roubando a cena até o momento, abusando do direito de errar e até mesmo de mudar o rumo das partidas.

Vem da primeira rodada a pior falha da competição: quando o jogo ainda estava 0 a 0, o bandeirinha Luiz Antonio Muniz marcou o impedimento mais inexistente da história do futebol contra o Friburguense, que jogava contra o Flamengo no Maracanã; um erro que merecia passar nas tvs de todo o mundo só para que o assistente visse a besteira feita e não cometesse tal falha no resto da carreira. Um dia antes, num lance um pouco mais difícil, o juiz do jogo entre Botafogo e Boavista quase confirmou um gol para o time de Ney Franco num lance em que a bola entrou pela rede pelo lado de fora..

Mas a arbitragem não vem prejudicando apenas os pequenos, como geralmente ocorre. Na segunda rodada, o jogador do Bangu Bruno Luís deu dois socos nas costas do volante Airton, do Flamengo, e recebeu apenas cartão amarelo. No mesmo jogo, dois gols anulados erroneamente, um para cada lado, e um pênalti apontado incorretamente a favor do Flamengo; só há um desconto porque neste caso os lances realmente eram difíceis. E na terceira rodada, o Fluminense, na partida contra o Resende, foi prejudicado quando o árbitro Luiz Antonio Silva Santos (isso é mal de nome?) expulsou incorretamente o volante Fabinho ainda na metade do primeiro tempo, num lance em que o jogador foi punido quando nem falta fez (a falta havia sido feito pelo lateral Leandro).

Para piorar, houve um caso de autoritarismo absurdo no último jogo citado. Na tentativa de controlar o jogo e mostrar quem apitava a partida, o juiz, sempre aos berros, distribuiu cartões amarelos aos jogadores do tricolor carioca. Alguns atletas do Fluminense realmente exageraram nas reclamações, como Leandro Amaral, mas outros, como Luiz Alberto, nada de errado fizeram para serem punidos.

Enquanto a ajuda eletrônica não é permitida no futebol, é preciso que a arbitragem se prepare melhor e não cometa mais erros ridículos como o visto no jogo entre Fla e Friburguense, pois a profissão requer muita responsabilidade e atenção, já que qualquer detalhe pode mudar a história do jogo. Se o gol do Friburguense não fosse anulado, por exemplo, o rumo do jogo poderia mudar drasticamente, pois o rubro-negro carioca estaria em desvantagem e teria muita dificuldade para virar um jogo em que atuava mal e já era pressionado pela própria torcida.

Tomara que a atuação dos juizes e bandeirinhas melhore rapidamente, pois é bem melhor discutir qual a formação ideal do Flamengo, quais jogadores estão se sobressaindo no Vasco e no Botafogo ou sobre a possível entrada de Tartá e Maicon entre os titulares do Fluminense e não qual equipe é mais beneficiada ou prejudicada pelos erros do apito.