quarta-feira, 15 de julho de 2009

Ações bem-sucedidas e perigosas


A contratação de Carlitos Tevez sem sombra de dúvidas foi excelente para o Manchester City. Mas por incrível que pareça, o clube precisa de mais; porém, não necessariamente no ataque.

No início de setembro de 2009, o grupo de investimentos Adu Dhabi United Group, capitaneado pelo sheik Mansour Al Nahyan, comprou o Manchester City. Com rios de dinheiro para gastar, o clube, primo pobre do Manchester United e de participações modestas nas últimas edições do Campeonato Inglês, sonhou alto. Dormiu pensando em ter Messi, Cristiano Ronaldo e principalmente Kaká. Acordou com de Jong, Bellamy e Robinho.

A campanha na Premier League, que rendeu aos Blues apenas a 10ª posição na classificação final, e a recusa de grandes nomes do futebol mundial de se transferirem para o clube talvez tenham feito os proprietários do Manchester City colocarem a cabeça no lugar. Enquanto ainda cogitavam a contratação de jogadores considerados top, fizeram para esta temporada excelentes aquisições para um clube médio que deseja se tornar grande. Até o momento, já adquiriram o meia Gareth Barry, destaque recente do Aston Villa, e o atacante paraguaio Roque Santa Cruz, que pelo Blackburn foi fantástico na temporada 07-08 mas decepcionante na 08-09. O pulo do gato pode ter vindo com a contratação de Carlos Tevez, assim como foi (ou era para ter sido) Robinho anteriormente (e como o brasileiro, talvez pudesse ter arranjado um clube mais forte e tradicional, mas enfim...).

Essas boas contratações permitem ao técnico Mark Hughes reforçar posições que se mostraram carentes no passado. A chegada de Barry permite a formação de um meio campo mais forte para essa temporada, com o inglês ao lado de Ireland, de Jong, Wright-Phillips e Elano, que, reserva nos últimos jogos da equipe, deve e tem que se esforçar para garantir sua vaga para a Copa do Mundo. A contratação dos dois atacantes permite ao treinador formar o que talvez seja um dos melhores ataques do país, já que o estilo dos sul-americanos faz com que um complete o outro: o argentino é veloz e lutador, enquanto o paraguaio é um bom finalizador. E Robinho pode ser colocado tanto no ataque quanto mais recuado pela esquerda. Está aí uma boa base para começar a pelo menos se sobressair entre os médios da Inglaterra; e se o Arsenal não se reforçar e depender demais de Fabregas, Arshavin e van Persie, até mesmo roubar o posto dos Gunners no "Big Four", composto também por Man Utd, Liverpool e Chelsea.

Porém, as ações da equipe inglesa podem revelar dois problemas para a atual temporada. Ainda não houve nenhum reforço para o setor defensivo, que também mostrou muitas carências em 2008 e 2009. Atualmente, o zagueiro-lateral Micah Richards e o lateral esquerdo Wayne Bridge talvez sejam as únicas boas posições para o setor. Se o clube não agir, muito provavelmente o nome de Shay Given, melhor aquisição do clube na temporada passada, voltará a ficar em evidência, como ficou ao muitas vezes salvar seu time após atuações desastrosas da sua defesa. Da mesma maneira, ainda falta a equipe um volante de melhor marcação, que proteja mais a defesa, algo que Barry e de Jong não fazem tão bem.

Além disso, outro problema que ironicamente pode se tornar realidade é o alto número de atacantes de bom nível no clube. O Manchester City contratou Santa Cruz e Tevez, já havia contratado Bellamy em janeiro, possui Robinho e ainda está perto de contratar Emmanuel Adebayor, segundo a BBC noticiou nas últimas horas. São excelentes opções, mas no máximo três destes devem ser titulares. E muito provavelmente quem for reserva irá reclamar, já que todos possuem gênios indomáveis. Se isso realmente acontecer, Hughes terá problemas para controlar e acalmar todos eles.

Porém, ainda falta muito tempo para a janela fechar. Reforços ainda podem chegar, assim como jogadores podem sair. Até agora, o clube vem agindo muito bem na janela do verão europeu. Mas ainda precisa analisar melhor seu elenco, suas contratações e deficiências se não quiser passar por mais uma temporada decepcionante depois de se criar altas expectativas.

Foto: globoesporte.com

7 comentários:

Marcos Antonio disse...

é o Man City tá parecendo o Real, só contrata gente pro ataque. Futebol é bola na rede, mas tb é não levar gol!

Anônimo disse...

essa eu levei até um susto qdo li. Tomara q o Carlitos tenha sorte no City, mas q a zaga dele é ruim de dar dó, eh msm.

Loucos por F-1 disse...

Xará, os investidores que estão comandando o Manchester City não entendem nada de futebol. Não adianta contratar só atacante. Acredito que o Tevez vai ganhar muito financeiramente, mas perderá na questão do futebol, assim como Robinho. O City é um time sem expressão e dificilmente disputará títulos. Sair do M. United e ir para o M. City foi regredir.

Abraço!

Leandro Montianele

Daniel Leite disse...

Muito legal o artigo, Leandrus. O Man City, para entender as regras do jogo, demorou. Mas o primeiro passo, como bem observou, já foi cumprido: não adianta querer contratar jogadores de primeiro escalão - como Cristiano, Torres, Kaká, Xavi etc. -, pois eles sempre recusam, com razão, as propostas. O outro, ainda não dado, seria compreender que Richard Dunne não pode ser o pilar de uma defesa ambiciosa! E o irlandês ainda é o capitão do time... Sinceramente, acho-o péssimo. Talvez por isso, a obsessão dos Sky Blues por John Terry. Mas este é um sonho impossível, penso.

A provável chegada de Adebayor fará do setor ofensivo um dos melhores da Premier League. Diria que, com o togolês, o City não deve nada, em termos criativos/ofensivos, nem mesmo às equipes do Big Four. E eu acho, sim, que a tendência é os Citizens superarem o Arsenal na luta pelo quarto lugar. Isso, é claro, se Mark Hughes voltar à velha forma, dos tempos de Blackburn.

Até mais!

Wilson Oliveira disse...

O Man City tem que entender que o futebol na vida real não é igual um desses jogos estilo Brasfoot, FM, CM da vida...

Não basta encher o time com nomes de peso. Esse é um fato que já está mais do que comprovado.

Concordo com o post na parte em que as contratações se complemetam. Bons nomes para o meio campo e otima dupla de ataque que pode vir a ser formada por Carlito Tevez e Roque Santa Cruz.

Mas caso queria alçar vôos mais altos do que os da temporada passada, é preciso um planejamento mais real e claro, manter os pés no chão.

Pra início de conversa, o Man City tem que ter noção do seu tamanho, para depois, saber a longevidade do caminho a percorrer...

Forte abraço, Leandrus!

Jogo Aberto disse...

muito bom o seu blog, esta afim de fazer parceria, eu add o link do seu blog e vc add o link do meu blog?

Vinicius Grissi disse...

O mercado do futebol ainda está quente. Muita coisa deve acontecer.