sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A esquecida performance de Andrea de Cesaris


Andrea de Cesaris a frente de Nelson Piquet no GP da Bélgica de 1991. Sua incrível performance em Spa é pouco lembrada pelos fãs da categoria

208 largadas, 1 pole position, 5 pódios, 59 pontos conquistados, e incríveis 135 abandonos (!): esse é o retrospecto de Andrea de Cesaris, que correu na F-1 entre 1980 e 1994 sem nunca vencer uma única prova. O italiano era conhecido por ser um piloto rápido mas sobretudo uma verdadeira máquina de destruir carros: digite o seu nome no youtube e não se espante com os vários vídeos de acidentes que surgirão como resultado da pesquisa.

Mesmo tendo ganho a fama de destruidor de carros e recebido o apelido de “Andrea de Crasheris”, o italiano pilotou por diversas equipes na F-1. Talvez não por ser um bom piloto, mas sim por carregar consigo o dinheiro da Marlboro, conseguiu dirigir pela Alfa Romeo, Mclaren, Ligier, Minardi, Brabham, Rial, Dallara, Jordan, Tyrrel e Sauber. E foi pela equipe do irlandês Eddie Jordan que de Cesaris fez uma prova inesquecível em Spa-Franchorchamps, uma das únicas em que ao mesmo tempo foi destaque e não bateu.

Andrea de Cesaris vinha fazendo um ótimo campeonato em 1991. Correndo pela estreante Jordan, chegou na Bélgica tendo conseguido 9 dos 13 pontos da equipe e ajudado a mesma a não mais passar pela pré-qualificação. Mas o seu fim de semana por lá não começou muito bem: embora tenha conseguido um bom 11º lugar no grid de largada, ficou atrás de seu companheiro, um desconhecido que fazia sua estréia na categoria: um tal de Michael Schumacher, um alemão que havia caído de pára-quedas na escuderia, nunca havia dirigido um F-1, não conhecia a pista e ainda assim largaria num excelente 7º lugar.

A Mercedes arranjou uma vaga para o o até então desconhecido Michael Schumacher na Jordan após a equipe se ver sem um de seus pilotos, já que Bertrand Gachot havia sido preso (?!?) dias antes do GP da Bélgica

Mas se seu fim de semana começou frustrante, bastaram algumas voltas para que a situação começasse a parecer animadora. Começa a prova e de Cesaris logo pula para a 8ª posição, ajudado pelo abandono de seu novato companheiro logo na primeira volta, depois de problemas na embreagem. Com a saída de Alain Prost na segunda volta, pula para 7º. Uma ultrapassagem em cima de Stefano Modena voltas depois já o coloca em 6º e consequentemente na zona de pontuação.

O já veterano segue tranquilamente no 6º lugar até que, na 15ª volta, Ayrton Senna, que liderava a prova, tem problemas em seu pit stop e volta apenas na 5ª posição. Quando sai dos boxes, o brasileiro é perseguido por de Cesaris, que chega a tentar a ultrapassagem em cima do piloto da Mclaren. Mas ainda não era hora de brilhar. Pelo contrário: foi ultrapassado por Riccardo Patrese, que após largar em 17º fazia bela prova de recuperação.

Com o abandono de Nigel Mansell e o pit stop desastroso de Gerhard Berger, o italiano volta a zona de pontuação, aparecendo em 5º. E então começa a surpreender: ultrapassa Patrese após erro bobo do compatriota. Voltas depois, passa por Nelson Piquet e aparece num incrível 3º lugar. É pouco? Jean Alesi, que liderava até então, abandona após estouro de motor, o que faz Andrea de Cesaris aparecer num fantástico 2º lugar: e isso tudo a bordo da modesta Jordan!

O italiano não conseguia se aproximar de Ayrton Senna, que voltava a liderar a prova, mas conseguia manter uma boa distância para Patrese, Berger e Piquet. Quando as câmeras já começavam a filmar Eddie Jordan e sua nanica equipe e não havia mais espaços para besteiras suas, acontece a “fatalidade”: o motor Ford o trai a três voltas do fim. Aquele piloto que abandonava tanto por destruir seus carros deixava a prova não por um erro seu, mas por um problema do seu bólido que o deixou na mão. De Cesaris é privado do seu 6º pódio na carreira, que nunca viria a ocorrer, e o primeiro pódio da Jordan seria adiado para 1994, quando Rubens Barrichello chegou na 3ª posição no 2º GP do ano, no Pacífico.

Aquela sua belíssima performance em Spa ficaria imortalizada na história do circuito. Mas talvez não na da categoria. Primeiro, porque Andrea se acidentou tantas vezes que é mais fácil lembrar de suas batidas do que de suas belas performances, que não foram muitas. E segundo, porque o outro piloto da Jordan naquele dia teve muito, mas muito mas sucesso na categoria. Logo, é mais fácil lembrar do heptacampeão que estreou em Spa em 1991 do que do obscuro piloto que quase surpreendeu mas não conseguiu nem um pontinho em 25 de agosto daquele ano.

4 comentários:

Net Esportes disse...

coitado do Andrea rapaz, que drama deve ter vivido nesse dia ...... e o Brasil ficou com três entre as quatro primeiras posições ......

o legal dessas histórias e lembrar desses nomes do passado, Alesi, Betger .... além de tantos outros dessa época como Blundell, Pierluigi Martini, Thierry Boutsen, Michele Alboreto ... Mansell ... Nakajima .... que época !!!!!!!!!!!!!!

Loucos por F-1 disse...

Bela história meu xará!! Uma pena que o motor Ford foi para o espaço antes do término da corrida. Ele merecia este segundo lugar. Não tem jeito, Spa sempre tem algo de diferente para acontecer. Até o Force India fez pole position com o Fisichella...rsrsrs.

Cara, ninguém acertou a pole no bolão e nem nunca iria acertar, impossivel!!!

Abraços!

Leandro Montianele

Saulo disse...

Vou torcer para o Rubinho fazer mais uma boa corrida no GP da Bélgica.

Leandrus disse...

Netesportes, deve ter sido uma grande época que infelizmente eu só vejo em videos e dvds, hehehe; mas gostaria de ter acompanhado! E eu esqueci de mencionar isso, essa corrida na Bélgica é conhecida aqui pelos três brasileiros entre os quatro primeiros, além de ter sido a última prova do Roberto Moreno na Benetton; mesmo depois de ter sido 4º e ter feito a melhor volta da corrida foi substituído pelo...Michael Schumacher!

E já que vc citou outros pilotos: nessa corrida, Blundell foi o 6º e conseguiu o primeiro ponto dele na temporada. E Thierry Boutsen, já em final de carreira, corria por carros capengas: nessa corrida, curiosamente no seu país natal, estava dirigindo uma Ligier já longe de seus tempos de glória e terminou lá atrás.

Ateh!