domingo, 30 de agosto de 2009

Show de erros na Bélgica


Contraste já esperado nas comemorações...

Ele finalmente acordou. Depois de uma atuação apagada na segunda metade de 2008 e não ter um desempenho tão bom no começo da atual temporada, Kimi Raikkonen comprovou não só a sua recuperação como também a da Ferrari ao dominar o GP da Bélgica e vencê-lo; vitória, aliás, que não conseguia desde o longínquo GP da Espanha do ano passado. Uma conquista merecida, pois largou muito bem – ajudado pelo KERS, pulou de 6º para 2º -, foi rápido o suficiente para ultrapassar Giancarlo Fisichella logo após a relargada e suportou a pressão do italiano durante todo o resto da prova. Um domingo nota 10 para o finlandês.

Mas o fim de semana de Fisichella foi tão bom quanto o domingo de Raikkonen. Andou muito rápido hoje, fez um duelo de igual para igual com a Ferrari do vencedor e mostrou que a pole conquistada ontem não foi por acaso. Ainda por cima, conquistou não só os primeiros pontos da Force India como o primeiro pódio da equipe – quem achava que a primeira glória da escuderia indiana viria dessa maneira? Fez uma das melhores provas de sua carreira e foi um dos destaques da prova disputada em Spa-Francorchamps, que também foi testemunha de um show de erros.

Para começar, houve os costumeiros mas imperdoáveis erros nos pit stops. Tanto Timo Glock quanto Jarno Trulli tiveram problemas com suas mangueiras de combustível e viram qualquer pretensão de pontuar por água abaixo. Num fim de semana que tinha tudo para dar certo, a Toyota novamente estragou tudo. Mas pior fez Renault, que tirou todas as chances de Fernando Alonso pontuar bem ao se enrolar na hora de trocar um dos pneus. Não quero nem ver a bronca que Flavio Briatore dará em seus mecânicos.

Porém, o erro-mor talvez tenha sido o de Rubens Barrichello. Outra falha imperdoável, aliás: pela terceira vez no ano, se enrolou todo na hora de largar e caiu lá para trás. Pelo menos reconheceu que bobeou e que isso não deveria mais acontecer em 2009. Teve muita sorte do safety car ter entrado na pista, o que lhe possibilitou uma ida aos boxes e uma salvadora mudança de estratégia. Depois disso, até fez uma boa e arrojada prova e salvou dois pontinhos.

Mas ainda assim, o saldo não foi dos melhores. Jenson Button e Mark Webber foram atrapalhados por erros de outros – o inglês, pelo de Roman Grosjean na primeira volta, e o australiano, pelo do “mecânico do pirulito” que em uma de suas paradas o liberou dos boxes no momento errado e fez o piloto pagar um drive through – e não pontuaram. Ou seja: se Barrichello tivesse largado normalmente, muito provavelmente chegaria no pódio e ganharia mais uns pontos preciosos no campeonato, que o colocariam muito próximo de seu companheiro de equipe e lhe dariam certa folga para os pilotos da Red Bull. São esses momentos de apagão de Rubens que me fazem pensar que o brasileiro não pode se empolgar ao pensar na possibilidade de ser campeão: na situação em que está, deve tentar de tudo para fazer uma corrida perfeita, não uma irregular ou com erros primários como o de hoje.

Com isso, Sebastian Vettel agradeceu. Ficaram tão preocupados com os possíveis problemas de motor que o alemão poderia ter que, como quem não quer nada, o jovem piloto fez uma prova consistente e chegou na 3ª posição. Dos que brigam pelo título, foi quem mais se deu bem na Bélgica. Está praticamente na mesma situação de Barrichello. Mas é outro que precisa ser mais regular se quiser pensar em título.

Já Jenson Button precisa acordar urgentemente. Ou então precisa se acalmar e arranjar uma maneira de sentir menos a pressão. Seu desempenho na Bélgica foi muito ruim, e sua atuação no treino de qualificação foi pífia: quem precisa manter a liderança depois de maus resultados não pode nem pensar em largar em 14º. Depois do prematuro abandono de hoje, tem que colocar a cabeça no lugar e se recuperar no GP da Itália. Recuperação que não é pra daqui a duas semanas, não. É pra ontem mesmo.

Kovalainen fez uma prova discreta, mas segurou Barrichello no final e chegou na 6ª posição. Porém, talvez seja pouco para segurá-lo na Mclaren em 2010

Luca Badoer novamente foi muito mal, terminando na última posição. Dessa vez, as desculpas de não conhecer o carro valem menos. A situação do italiano deve ficar complicada para correr em Monza

O retrospecto inicial de Roman Grosjean não é muito animador: se envolveu em toques ou acidentes nas suas duas largadas na categoria. Como já não tinha fama das melhores na GP2, se não melhorar não terá boa fama na F-1...

Fotos: 1ª, 2ª, 3ª - www.motorsport.com/ 4ª - www.gpupdate.net

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A esquecida performance de Andrea de Cesaris


Andrea de Cesaris a frente de Nelson Piquet no GP da Bélgica de 1991. Sua incrível performance em Spa é pouco lembrada pelos fãs da categoria

208 largadas, 1 pole position, 5 pódios, 59 pontos conquistados, e incríveis 135 abandonos (!): esse é o retrospecto de Andrea de Cesaris, que correu na F-1 entre 1980 e 1994 sem nunca vencer uma única prova. O italiano era conhecido por ser um piloto rápido mas sobretudo uma verdadeira máquina de destruir carros: digite o seu nome no youtube e não se espante com os vários vídeos de acidentes que surgirão como resultado da pesquisa.

Mesmo tendo ganho a fama de destruidor de carros e recebido o apelido de “Andrea de Crasheris”, o italiano pilotou por diversas equipes na F-1. Talvez não por ser um bom piloto, mas sim por carregar consigo o dinheiro da Marlboro, conseguiu dirigir pela Alfa Romeo, Mclaren, Ligier, Minardi, Brabham, Rial, Dallara, Jordan, Tyrrel e Sauber. E foi pela equipe do irlandês Eddie Jordan que de Cesaris fez uma prova inesquecível em Spa-Franchorchamps, uma das únicas em que ao mesmo tempo foi destaque e não bateu.

Andrea de Cesaris vinha fazendo um ótimo campeonato em 1991. Correndo pela estreante Jordan, chegou na Bélgica tendo conseguido 9 dos 13 pontos da equipe e ajudado a mesma a não mais passar pela pré-qualificação. Mas o seu fim de semana por lá não começou muito bem: embora tenha conseguido um bom 11º lugar no grid de largada, ficou atrás de seu companheiro, um desconhecido que fazia sua estréia na categoria: um tal de Michael Schumacher, um alemão que havia caído de pára-quedas na escuderia, nunca havia dirigido um F-1, não conhecia a pista e ainda assim largaria num excelente 7º lugar.

A Mercedes arranjou uma vaga para o o até então desconhecido Michael Schumacher na Jordan após a equipe se ver sem um de seus pilotos, já que Bertrand Gachot havia sido preso (?!?) dias antes do GP da Bélgica

Mas se seu fim de semana começou frustrante, bastaram algumas voltas para que a situação começasse a parecer animadora. Começa a prova e de Cesaris logo pula para a 8ª posição, ajudado pelo abandono de seu novato companheiro logo na primeira volta, depois de problemas na embreagem. Com a saída de Alain Prost na segunda volta, pula para 7º. Uma ultrapassagem em cima de Stefano Modena voltas depois já o coloca em 6º e consequentemente na zona de pontuação.

O já veterano segue tranquilamente no 6º lugar até que, na 15ª volta, Ayrton Senna, que liderava a prova, tem problemas em seu pit stop e volta apenas na 5ª posição. Quando sai dos boxes, o brasileiro é perseguido por de Cesaris, que chega a tentar a ultrapassagem em cima do piloto da Mclaren. Mas ainda não era hora de brilhar. Pelo contrário: foi ultrapassado por Riccardo Patrese, que após largar em 17º fazia bela prova de recuperação.

Com o abandono de Nigel Mansell e o pit stop desastroso de Gerhard Berger, o italiano volta a zona de pontuação, aparecendo em 5º. E então começa a surpreender: ultrapassa Patrese após erro bobo do compatriota. Voltas depois, passa por Nelson Piquet e aparece num incrível 3º lugar. É pouco? Jean Alesi, que liderava até então, abandona após estouro de motor, o que faz Andrea de Cesaris aparecer num fantástico 2º lugar: e isso tudo a bordo da modesta Jordan!

O italiano não conseguia se aproximar de Ayrton Senna, que voltava a liderar a prova, mas conseguia manter uma boa distância para Patrese, Berger e Piquet. Quando as câmeras já começavam a filmar Eddie Jordan e sua nanica equipe e não havia mais espaços para besteiras suas, acontece a “fatalidade”: o motor Ford o trai a três voltas do fim. Aquele piloto que abandonava tanto por destruir seus carros deixava a prova não por um erro seu, mas por um problema do seu bólido que o deixou na mão. De Cesaris é privado do seu 6º pódio na carreira, que nunca viria a ocorrer, e o primeiro pódio da Jordan seria adiado para 1994, quando Rubens Barrichello chegou na 3ª posição no 2º GP do ano, no Pacífico.

Aquela sua belíssima performance em Spa ficaria imortalizada na história do circuito. Mas talvez não na da categoria. Primeiro, porque Andrea se acidentou tantas vezes que é mais fácil lembrar de suas batidas do que de suas belas performances, que não foram muitas. E segundo, porque o outro piloto da Jordan naquele dia teve muito, mas muito mas sucesso na categoria. Logo, é mais fácil lembrar do heptacampeão que estreou em Spa em 1991 do que do obscuro piloto que quase surpreendeu mas não conseguiu nem um pontinho em 25 de agosto daquele ano.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A 5ª força inglesa


No meu último post sobre o Manchester City, chamei a atenção para o fato do clube ainda não ter reforçado a sua defesa, setor da equipe que, assim como o ataque, carecia de reforços. Se o sheik de lá tivesse a megalomania “galatica” de só contratar jogadores ofensivos, como fazia até o momento, poderia tropeçar feio como aquele Real Madrid de Ronaldo, Zidane e Figo no ataque e Pavón e Mejía na defesa – obviamente guardadas suas devidas proporções.

Pois bem, parece que, para a felicidade dos torcedores dos Sky Blues, os comandantes do clube tiveram a cabeça no lugar e não se esqueceram de reforçar a defesa da equipe. Isso porque, entre os mais de 30 dias que separam este post daquele, foram contratados os ótimos zagueiros Kolo Touré (ex-Arsenal) e Joleon Lescott (ex-Everton), além do veterano mas ainda de qualidade lateral-esquerdo Sylvinho, que acabou deixar o Barcelona.

Ainda não se sabe se o ciclo de contratações do City está fechado, mas é fato que Mark Hughes agora tem um belíssimo elenco em mãos, com boas opções para todos os setores. A começar pelo gol: Shay Given certamente é um dos melhores da posição dos que atuam na Inglaterra. Na defesa, o treinador pode escolher entre Lescott, Touré e Micah Richards para formar a zaga central, podendo deslocar o último para a lateral direita. Enquanto isso, Sylvinho deve brigar por uma vaga na lateral esquerda com Wayne Bridge.

Com tantas opções ofensivas no Manchester City, o antes badalado Robinho pode se tornar reserva da equipe caso não tome cuidado

Já as alternativas que Hughes tem para o meio e para o ataque parecem não ter fim; são tantas que técnico poderá usar e abusar da sua criatividade para encontrar sua maneira ideal de armar estes setores. No meio, pode escalar jogadores como Gareth Barry, Nigel de Jong, Pablo Zabaleta, Vincent Company, Stephen Ireland e Shaun Wright-Phillips, enquanto no ataque pode escolher entre Carlitos Tevez, Emmanuel Adebayor, Roque Santa Cruz e Craig Bellamy. São tantas opções de qualidade que Robinho, que pode jogar em ambos os setores, corre o risco de deixar os titulares se for tão apático quanto no final da temporada passada.

Em suma, os Citizens possuem um elenco muito forte, que no papel os credencia a definitivamente se tornar a 5ª força inglesa, a frente dos emergentes Tottenham, Everton e Aston Villa e um pouco atrás do Arsenal, o “pior” dos integrantes do Big Four. Reforçado em todas as posições e com estrelas mundiais como Adebayor, Tevez e Robinho, é um clube que tem condições de conseguir uma vaga na Liga Europa tranquilamente, dar trabalho aos grandes clubes do país nos confrontos diretos e, combinando muito trabalho com um pouco de sorte, até mesmo roubar uma vaga para a Liga dos Campeões do ano que vem. E claro, pode chegar muito longe nas copas domésticas – Copa da Liga Inglesa e Copa da Inglaterra – e voltar a conquistar um título expressivo, algo que não conseguem desde 1976, quando foram os vencedores da Copa da Liga Inglesa.

Porém, antes disso, Mark Hughes precisará entrosar o seu elenco, muito mudado em relação a temporada anterior e com uma defesa que talvez não tenha sido muito bem treinada na pré-temporada. Com um grande leque de jogadores a disposição, talvez ainda lute um pouco para achar sua formação e seus titulares ideais e fazer seu time jogar bem: nas duas partidas disputadas até agora na Premier League, por exemplo, venceu ambas sem convencer.

Além disso, mais para a frente terá de lidar com seus jogadores insatisfeitos; por exemplo, algum bom atacante terá que esquentar o banco, já que não há como colocar 5 deles entre os titulares. O mesmo deverá acontecer com os atletas do meio campo. Se o ex-técnico do Blackburn não souber lidar com isso, poderá ter problemas.

Mas esses são problemas que qualquer clube que conta com grandes jogadores possui. A temporada do Man City promete e muito, e pode até mesmo iniciar um reequilibro das grandes forças inglesas, como o Chelsea fez quando Abramovich resolveu injetar dinheiro em um dos seus passatempos prediletos. É esperar para ver.

Foto: telegraph.co.uk

domingo, 23 de agosto de 2009

Consequências do GP da Europa


Rubens Barrichello comemorou muito no pódio sua vitória. Uma festa merecida e ao mesmo tempo algo muito legal, já que já estava farto de ver alguns pilotos praticamente sem emoção alguma no pódio. Tem mais é que vibrar muito mesmo!

Finalmente o grande dia de Rubens Barrichello em 2009 chegou. Depois de andar bem na Espanha e na Alemanha mas não conseguir levar a vitória por diversos fatores, o brasileiro chegou na primeira posição na monótona (tá bom, chata mesmo) prova em Valência, seguido por Lewis Hamilton e Kimi Raikkonen. De quebra, conquistou a vitória de número 100 dos brasileiros na categoria.

Dois fatores foram essenciais para a vitória do piloto da Brawn: consistência e sorte. Se não conseguiu ultrapassar as Mclarens com seus preciosos KERS na largada, sempre andou na cola de Kovalainen, e depois do primeiro pit, de Hamilton, travando duelos para ver quem tirava ou aumentava a diferença. E depois contou com a besteira imperdoável – a menos que dêem uma desculpa muito boa – da equipe do piloto inglês na sua segunda parada para assumir a primeira posição. Como desta vez não foi atrapalhado por erros ou estratégias muito ousadas da equipe, não largou mais a liderança e teve uma merecida conquista – esse talvez tenha sido seu melhor desempenho desde o GP da Inglaterra em 2008.

Com as pobres performances dos outros pilotos que em tese podem brigar pelo título, Rubens acabou tendo ainda mais motivos para comemorar. Seu companheiro Jenson Button, após ser atrapalhado por Vettel na largada, teve atuação apática e terminou apenas em 7º. Já a dupla da Red Bull teve um desempenho para se esquecer: Mark Webber chegou em 9º e Sebastian Vettel, que poderia ser o melhor dessa turma, teve problemas no pit e depois abandonou com problemas no motor. Com 10 pontos no bolso e vendo os pilotos da RBR sem pontuar, Barrichello pulou para a segunda posição na classificação geral dos pilotos.

Porém, é difícil dizer que o brasileiro ainda tem grandes chances de conquistar o título. É bom lembrar que essa foi a sua primeira grande corrida nesse ano, em que ele foi muito bem na pista e sua equipe o ajudou do lado de fora - uma combinação que ainda não havia sido visto em 2009. Rubinho só continuará tendo chances se conseguir outras grandes performances nas próximas seis corridas, além de contar com uma pitada de sorte.

O mesmo vale para Sebastian Vettel. É um piloto de grande talento e um dos melhores da nova geração, mas, além de precisar de mais sorte – é a segunda vez que precisa abandonar com problemas no carro – necessita de um desempenho mais consistente e de corridas com menos erros; hoje, por exemplo, da mesma maneira que atrapalhou Button na largada, também se atrapalhou e perdeu a posição para Raikkonen. Tudo bem que possui a desculpa de ainda ser inexperiente, mas sua situação no campeonato não lhe permite mais falhar.

Mas é preciso lembrar que muito dessas apostas um tanto “negativas” são influenciadas pelo fato de Button estar disparado na liderança. O inglês, entretanto, precisa abrir o olho. Sua vantagem já foi mais confortável, e tudo o que conseguiu depois do GP da Turquia foi um quinto, um sexto e dois sétimos lugares – ou seja, apenas 11 pontos de 40. Já mostrou que não foi só o desempenho da Brawn que caiu, como o dele também – e assustadoramente. Nesse tempo, Barrichello, mesmo não pontuando na Hungria, teve um desempenho mais satisfatório, com uma vitória, um terceiro e um sexto lugar – 19 dos mesmos 40.

Sim, ainda é possível conquistar o campeonato tranqüilamente. Mas se não reagir logo, pode ter uma surpresa desagradável, como ver uma reação de seu companheiro ou a regularidade de Webber prevalecer. Ah: ainda é preciso lembrar que Mclaren e Ferrari praticamente reagiram no campeonato. Ambas podem fazer o mesmo que Fernando Alonso e Sebastian Vettel fizeram ano passado: na reta final, se intrometer na briga pelas primeiras posições nas corridas e tirar alguns pontinhos daqueles que brigam pelo título.

Luca Badoer teve um desempenho pífio em Valência: último no treino de qualificação, voltas bem abaixo dos outros, duas ou três rodadas e novo papelão nos boxes, ao "pisar" na linha branca da saída dos pits e receber drive through por isso. Mas não sejamos tão duros com ele: afinal, o italiano praticamente não havia testado no carro desse ano e não corria uma prova oficial há 10 anos. Estava completamente enferrujado

Nova prova abaixo da média de Heikki Kovalainen. Depois de ótima qualificação, perdeu posições nos boxes e acabou até perdendo seu lugar no pódio, já que chegou apenas em 4º

Nico Rosberg e Fernando Alonso fizeram corridas discretas mas eficientes, chegando em 5º e 6º, respectivamente. Novamente não deram show, mas levaram conquistaram pontos importantes para a classificação geral

Fotos: 1ª, 3ª, 4ª - www.motorsport.com/ 2ª - www.gpupdate.net

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Vuvuzela nele?


Ultrapassar o limite de velocidade nos boxes uma vez ainda vai, Badoer. Mas quatro não dá...

Último lugar na primeira sessão de treinos e 18º na segunda. Uma bizarra marca de exceder o limite de velocidade nos boxes por 4 vezes, com direito a receber uma chamada dos comissários. No fim das contas, Luca Badoer esteve longe de reestrear na F-1 com o pé direito.

E olha que o cenário da volta do italiano já não era muito animador. Dez anos sem disputar uma corrida oficial na categoria. A responsabilidade de substituir Felipe Massa e Michael Schumacher - afinal, só irá correr porque o alemão não teve condições físicas para substituir o brasileiro. E o pior: depois de anos e anos sendo o piloto de testes da Ferrari e andando quilômetros e quilômetros com o carro vermelho, se tornou titular da equipe justo no ano em que não pode testar. Ah! E a sua primeira corrida no seu retorno será numa pista onde nunca andou. E depois azarado é o Barrichello...

Enfim, é difícil saber o que pesa mais. Fato é que Badoer está muito próximo de ser alvo de várias críticas ou piadinhas se mantiver o fraco desempenho neste final de semana. Se já olharam torto para ele quando foi anunciado como substituto do acidentado brasileiro, imagine depois dos resultados de hoje...

É óbvio que ele não é um grande piloto e não deve passar de um mediano – se fosse mais que isso, teria conseguido algo melhor na categoria, por mais azarado que tenha sido durante sua passagem nos anos anteriores. Mas também merece ser tratado com um pouco mais de paciência. Afinal, como já foi citado, não testa um carro há um bom tempo; ou seja, está enferrujado. Talvez até demore a pegar o ritmo das coisas – algo que, se bobear, só acontecerá daqui há uma semana, na Bélgica.

Além do mais, o mesmo fraco desempenho poderia acontecer se Michael Schumacher estivesse a bordo do carro 3 neste fim de semana; ele também estava parado há um bom tempo e talvez precisasse de um tempinho para se reacostumar com o carro. Tudo bem, é verdade que, por tudo o que já mostrou enquanto correu, era bem capaz do heptcampeão mundial surpreender e ter um ótimo desempenho mesmo estando um pouco enferrujado. Mas não há como negar que havia sim a possibilidade de que as coisas poderiam não dar certo de imediato.

O problema é que, se isso acontecesse, o alemão seria desculpado, pois tem crédito. Mas Badoer não tem. Então, se for mal em Valência, pode preparar o ouvido que as piadinhas serão inevitáveis, por mais que elas possam ser injustas. Todo mundo sabe que, infelizmente ou não, ninguém perdoa ninguém na F-1...

Foto: www.gpupdate.net

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Um impasse que não é bom para ninguém


5 meses após chegar ao clube, Emerson está muito próximo de deixar o Flamengo. Ou não.

O drama se instalou de vez na Gávea. Uma hora Emerson diz que fica. Depois, diante da proposta tentadora, diz que vai pensar melhor, para logo dizer que vai partir. Enquanto isso, uma hora o Flamengo diz que não libera o atacante para o mundo árabe, mas pensa melhor e diz que libera, para dias depois voltar atrás e manter posição inicial. Uma indecisão digna de uma relação amorosa numa novela mexicana.

Nos últimos capítulos dessa novela, quando já se dava como certa a saída de Emerson para o Al-Ahli, a diretoria inesperadamente resolveu recusar a proposta do time árabe. Horas após a notícia, foi dito que o clube que deve contratá-lo é o Al Ain. E cada vez mais é criado um impasse que não é bom para ninguém.

O (ainda) rubro-negro já demonstrou que a proposta é irrecusável e por isso quer sair. Ora, não adianta ter um jogador insatisfeito no time titular. E tudo o que o Flamengo não precisa agora é ter alguém jogando de má vontade; mas, pelo que vimos do jogador até agora, não parece que ele faria uma coisa dessas.

Só que boa parte da torcida pode achar o contrário. E por isso poderá acontecer uma situação bem chata para o jogador. Se por uma infeliz coincidência Emerson não atuar bem na(s) próxima(s) partida(s), com certeza a torcida o vaiará e pegará no seu pé. Ninguém vai querer ouvir desculpa alguma do camisa 11 do Fla; vão sim juntar os fatos e tirar conclusões precipitadas, dizendo que o jogador está jogando, como diria Joel Santana, “de palhaçadinha”. Se já teve torcedor achando que ele tirou o pé em algumas jogadas no jogo contra o Grêmio...

Já para a equipe, a situação não é agradável porque outro atacante – muito provavelmente Dênis Marques – já poderia ser testado ao lado de Adriano. Compensaria muito mais escalar um ataque que continuará atuando até o final do ano, como forma de dar entrosamento aos que atuam na posição, do que colocar em campo outro que logo será desmontado. Ainda mais para um time que precisa se acertar logo se quiser lutar por uma vaga no G4.

Enfim...que decidam o que vão fazer. Mas cá para nós, tomara que a próxima notícia deste caso saia quando tudo estiver decidido mesmo. Chega de tanta indefinição...

Foto: globoesporte.com

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Surpresas londrinas


Modric e Eboué também devem estar se perguntando se suas equipes têm condições de sonhar com vôos mais altos depois de bons e surpreendentes resultados na primeira rodada da Premier League

Além do surpreendente número de vitórias dos visitantes (seis), as vitórias das equipes londrinas Arsenal e Tottenham foram os destaques da rodada de abertura da Premier League (Campeonato Inglês). Enquanto os Gunners, fora de casa, arrasaram o Everton por incríveis 6 a 1 no sábado, os Spurs, em casa, derrotaram o Liverpool por 2 a 1 no domingo.

Ambos os times da cinzenta cidade do país não se destacaram apenas por causa de seus resultados expressivos. Mesmo possuindo equipes fortes, as expectativas para a temporada de ambas vinham com uma leve pitada de ceticismo. Enquanto se esperava uma campanha mais árdua para o Arsenal por causa da falta de reforços de peso e pela manutenção de um time muito jovem, o Tottenham já não era mais tão badalado pelo simples fato de já ter sido bajulado demais no início das últimas duas temporadas e terminá-las sem ter o sucesso esperado, ficando atrás de times igualmente medianos mas de menor investimento.

E o que fizeram as duas equipes, coincidentemente rivais declaradas? Na primeira partida do campeonato oficial, fizeram atuações dignas de fazer qualquer um repensar suas previsões iniciais. O resultado do Arsenal, por exemplo, foi um daqueles de deixar qualquer um encucado. Arsene Wenger foi criticado durante a pré-temporada por novamente apostar excessivamente em seu time de garotos e ainda ver Adebayor deixar o clube sem contratar alguém para posição. Mas foi com sua equipe extremamente jovem e com nomes de talento ainda duvidoso, como o volante Song e o desengonçado atacante Bentdner, que engoliu o Everton fora de casa. Com direito a colocar o dinamarquês numa posição em que muitos duvidaram que jogaria bem - a ponta direita – e vê-lo ser um dos melhores em campo.

Já o Tottenham, com a sua base que promete muito há um certo tempo mas pouco avança no futebol inglês, teve uma atuação muito eficiente contra um apático Liverpool. O placar de 2 a 1 é enganador, já que o gol da equipe de Benitez, que pouco levou perigo à meta adversária, saiu através de um pênalti patético cometido por Gomes. Além disso, se teve algum jogador dos Reds que não entrou desligado, ele foi o goleiro Reina, que fez duas intervenções salvadoras em conclusões de Robbie Keane e evitou um placar maior.

Porém, qualquer torcedor dos dois times é consciente o suficiente para saber que ainda não é possível ser animar. Afinal, primeira rodada na maioria das vezes não serve de parâmetro para nada; portanto, ainda pode ser muito cedo para sonhar com vôos mais altos no campeonato.

O Arsenal, por exemplo, ainda pode sofrer com a inexperiência do elenco, a falta de profundidade no banco e as contusões que sempre causam estragos na equipe. Já os seus maiores rivais locais precisam provar que são finalmente capazes de fazer uma temporada digna do seu elenco, a frente dos outros times emergentes e lutando pela última vaga da UCL. E para isso, precisa de uma campanha muito mais consistente e segura do que as que vem fazendo ultimamente.

E outro fator deve ser levado em conta: as equipes favoritas ao título – Manchester United, Liverpool e Chelsea – a princípio, tem mais condições de subir de produção do que as duas aqui em questão, por serem mais consistentes e possuírem um elenco melhor. Assim como outras equipes – como o próprio Everton, o Man City e o Aston Villa – podem endurecer o jogo futuramente e dificultar a caminhada dos tradicionais clubes de Londres.

Mas é óbvio que o resultado convincente de ambos os clubes trazem uma ponta de satisfação e de esperança para os torcedores do seu clube. Pode ser um alerta para os concorrentes de que tem condições de surpreender e ir além dos objetivos antes traçados pela mídia. Ainda assim, a previsão inicial para os dois clubes de Londres é a mesma: só vão ser bem-sucedidos se se superarem nessa temporada. A primeira rodada já mostrou o caminho; o difícil é seguí-lo.

Foto: guardian.co.uk

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A vez de Rooney


Após a saída de Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney deverá assumir o posto de estrela do Manchester United

Com a saída de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid, o cargo de principal jogador do Manchester United ficou vago. Como as contratações feitas por Sir Alex Ferguson não foram impactantes a ponto de se dizer que o português foi devidamente substituído, cabe a alguém que já estava no clube assumir a posição de estrela dos Red Devils: Wayne Rooney.

Talvez Rooney seja um jogador subestimado em terras brasileiras, muito provavelmente pelo seu forte temperamento, pelas inconstantes atuações pela seleção inglesa e principalmente pelas inoportunas comparações com Pelé que a imprensa de seu país fez. Realmente uma pena, pois dessa forma muitos não dão a devida atenção ao camisa 10 do Man Utd: um atacante perigoso, rápido e extremamente esforçado (não no sentido pejorativo da palavra).

Mas chegou o momento de definitivamente ser reconhecido como um grande jogador - não só aqui, mas mundialmente. Na verdade, já passou da hora. E para isso, nada melhor do que ganhar a condição de destaque do time, numa atitude muito justa do treinador da sua equipe. Isso porque o inglês já vinha tendo um ótimo desempenho nas últimas temporadas, mas era ofuscado pelo brilho de Cristiano Ronaldo, principalmente quando o português mostrou um futebol mais objetivo e desandou a fazer gols. Como também não tinha a habilidade de seu antigo companheiro, ficava de certa forma em segundo plano.

Mas foram suas atuações na última temporada que provaram ainda mais sua importância ao clube. Rooney aproveitou a ausência de Cristiano Ronaldo no time titular em algumas oportunidades e até mesmo seus momentos sonolentos para roubar as atenções e liderar o time às vitórias, como no gol que deu ao United o título do Mundial de Clubes. Como em outros tempos, suas estatísticas foram tão boas quanto as do luso, fazendo com que fosse considerado algo como o segundo melhor jogador da equipe e quase alcançasse o status de craque. São fatos como esses que fazem com que Ferguson, acertadamente, lhe dê um papel essencial na sua equipe.

A chance de substituir o ex-camisa 7 do clube como principal jogador do time em campo não quer dizer que ele fará a mesma função que o português fazia no Manchester United. O ex-Everton já declarou que dessa vez atuará no ataque, algo que o deixou satisfeito, pois segundo ele é a posição em que prefere jogar. Dessa maneira, terá a chance de marcar ainda mais vezes, se tornar o principal goleador da equipe e compensar os possíveis problemas de criação que a equipe poderá sentir pelo menos nos primeiros meses, principalmente se o time sentir a falta de Ronaldo, Giggs não estiver na melhor condição física e Nani e o recém-contratado Valencia não se acertarem no setor ofensivo.

Porém, mais do que se tornar o principal goleador, terá que assumir o papel de líder do time. É nessa temporada que deve mostrar que amadureceu, tanto no quesito mental quanto no futebol, a ponto de poder ser considerado muito mais do que um branquelo mal encarado que possui um bom futebol. Os Red Devils agradecem.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Tiraram o doce da boca da criança


O teste feito por Schumacher no último dia de julho com o F2007, que só serviu para ter certeza de que não poderia substituir Massa e para sentir uma dor interminável no pescoço

Esse é um dos títulos que traduzem o que aqueles que comemoraram a volta de Michael Schumacher à F-1 dias atrás estão sentindo no dia de hoje. Para essas pessoas, não há como esconder o sentimento de frustração com a desistência do alemão, por causa de problemas no pescoço, assumir provisoriamente a vaga deixada por Felipe Massa.

É incrível, mas as vezes há a sensação de que quase tudo está dando errado na categoria neste ano. Depois de tantos “contras” que a F-1 já viu em 2009, a impossibilidade do heptacampeão voltar ao circo da F-1 só reforça esta ideia. Seu retorno daria um charme que as corridas não vem tendo este ano, mais ou menos desde o GP da China. Faria com que todos ficassem vidrados nas corridas por curiosidade de avaliar inúmeros fatores que já havia enumerado antes. Mas agora, infelizmente todas as previsões e expectativas feitas nos últimos dias em torno do alemão se tornaram inúteis e um puro desperdício de tempo.

Agora, o substituto do brasileiro na Ferrari será Luca Badoer, piloto de testes da escuderia. A equipe até que fez bem em escolhê-lo, já que é uma troca pelos seus serviços prestados nos testes que fez nos últimos anos. Os fãs alternativos da F-1 certamente irão lembrar que essa é a chance do italiano conseguir alguns pontinhos na categoria, assim como reconquistar aqueles preciosos que não conseguiu no GP da Europa de 1999, quando, numa cena clássica e de dar pena, chorou ao sair de sua Minardi quando teve de abandonar enquanto estava numa gloriosa (e milagrosa) 4ª posição. Visto por esse lado, realmente será legal vê-lo correr nas próximas provas. Mas nada apagará a frustração de ver pelos ares o sonho de ver Michael Schumacher retornar às pistas por algumas provas (obviamente, só para aqueles que haviam gostado da notícia antes).

Foto: globoesporte.com

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Por que não Filipe Luís?


À direita, Filipe Luís, lateral esquerdo do La Coruña e novo convocado de Dunga

Dunga meio que “surpreendeu”. Convocou um jogador pouco conhecido da maioria dos brasileiros, o lateral esquerdo Filipe Luís, do La Coruña, para o amistoso contra a Estônia. O suficiente para ser alvo de algumas críticas por parte da imprensa, principalmente daquela que não acompanha o futebol europeu; muito provavelmente uma conseqüência do efeito Afonso Alves.

Confesso que nunca assisti uma partida deste lateral. Mas o seu desempenho na Europa, para onde foi muito cedo, impressiona e me faz pensar que apostar nele pode ser válido. Se destacou jogando pelo La Coruña, se firmou a ponto de ser titular e jogar todas as partidas da última temporada e ainda foi eleito o melhor lateral esquerdo do Campeonato Espanhol, que certamente é um dos melhores e mais disputados do mundo. Bem diferente do que ser convocado após se destacar por um time mediano do também mediano Campeonato Holandês. E cá para nós, ser pretendido pelo Barcelona não é para qualquer um.

Além disso, é bom lembrar que é preciso testar mais nomes para a lateral esquerda, talvez a única posição que não possui um dono definido no momento. Kléber já mostrou que em queda livre, André Santos não foi bem nas oportunidades que recebeu, Juan, Marcelo e Adriano atualmente jogam mais como um meia esquerda e Fábio Aurélio, que considero o jogador brasileiro que melhor reúne as qualidades de um lateral esquerdo, está machucado.

Com tantos problemas para achar alguém para ocupar aquele lugar depois de apostar em vários jogadores da posição, custa apostar em quem está se destacando num campeonato de alto nível? Acho que não. E é por isso que acredito ser válido dar uma chance ao jovem lateral. Só vamos saber se ele é um bom nome para equipe se ele for convocado e jogar. Aliás, testá-lo contra uma equipe como a Estônia não vai trazer mal algum à Seleção.

Cabe a Dunga não desperdiçar a chance de observá-lo na próxima quarta-feira, até porque o adversário é fraco e o jogo não terá outro caráter senão festivo. Ou seja, condições excelentes para aqueles sedentos por uma oportunidade com a amarelinha mostrar que merecem uma vaguinha entre os homens de confiança do técnico.

Foto: www.soccerway.com

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Deu tudo errado. E a culpa é de quem?


Quatro Leandros chegaram nas Laranjeiras este ano: Leandro Bonfim, Leandro, Leandro Amaral e Leandro Domingues. Nenhum deles deu certo até agora

As cabeças continuam rolando nas Laranjeiras. Depois da saída de três técnicos, na última segunda-feira foi a vez do coordenador de futebol Alexandre Faria ser demitido do clube. A sua demissão evidenciou um dos principais motivos da pífia campanha do Fluminense no Brasileirão até o momento: o fracasso nas contratações neste ano.

As aquisições do tricolor carioca no mercado em 2009 simplesmente não deram resultado algum. Entre nomes disponíveis no cenário carioca, em outros cantos do país e até mesmo que voltaram para o país “dando um passo para trás para depois dar dois para frente”, praticamente ninguém se salvou. Algo muito grave para um time que precisava repor a saída de nomes fundamentais como Thiago Silva, Júnior César, Washington e Arouca.

É verdade que a diretoria/Unimed bobeou ao confiar demais em alguns nomes. Talvez não fosse necessário contratar Jaílton, um volante contestado no Flamengo, quando se tinha outros quatro no elenco do mesmo nível – Wellington Monteiro, Fabinho, Mauricio e Romeu. Apostar em Leandro Bonfim, uma eterna promessa que, para variar, deixou o Vasco pela porta dos fundos, foi algo extremamente arriscado. O mesmo pode-se dizer de Roger, atacante que já havia falhado ao passar por clubes de maior tradição e exposição e manteve a sina no clube carioca (confesso que achei que poderia se útil depois de sua boa passagem no Sport, mas suas primeiras partidas pelo Flu provaram o contrário).

Com um elenco enfraquecido, tudo o que o clube não precisava era fazer apostas arriscadas, em jogadores que vinham em má fase ou que davam a impressão de que não iriam acrescentar muita coisa ao time. Nesse caso, era muito mais fácil apostar nos garotos de Xerém - o clube se vangloria em tê-los, mas pouquíssimas vezes soube aproveitá-los bem.

Até aí é fácil jogar pedras nos responsáveis por essas contratações. Mas como criticá-los por outras de peso, que tinham tudo para dar liga, mas não fizeram nada de útil até agora?

É aí que entram jogadores como Leandro, Diguinho, Leandro Amaral e até mesmo Fred. Todos vinham de boas campanhas em seus antigos clubes, mas que até agora fracassaram e não fizeram mais nada além de jogar o dinheiro da patrocinadora do clube fora. O lateral-esquerdo talvez tenha feito pior que Gustavo Nery em 2007. O ex-volante do Botafogo só irritou a torcida tricolor com más atuações, uma “estranha” doença e boatos de estar se destacando na noite carioca. O ex-atacante do Vasco não fez um gol até agora e passa mais tempo no departamento médico do que em campo. E o centroavante que chegou com o mesmo impacto que Ronaldo e Adriano tiveram em seus clubes, está muito longe de repetir o desempenho de seus companheiros de seleção em 2006: enquanto os outros lideram os ataques de seus times, o camisa 9 do Flu se destaca pela seca de gols e por 2 imperdoáveis expulsões no Campeonato Brasileiro.

Por mais que Unimed e Fluminense sejam duas instituições fora de sintonia atualmente, nesse caso não foram culpados. Com o currículo que os jogadores citados acima possuem, a aposta feita neles realmente parecia acertada; não era de se esperar que fracassassem no clube. Mas fracassaram. Tinham condições de substituir os que deixaram o clube, talvez não com a mesma eficiência, mas ainda assim jogando bem; porém, nem isso mesmo fizeram até agora. Resultado: o time sofre sente a necessidade de grandes nomes, mas os que foram contratados e deveriam assumir esse papel não ajudam em nada. A lanterna do Brasileirão é uma consequência disso.

Em meio a mudanças no comando do clube e no time titular, a equipe tenta se reforçar. Até agora, Ruy e Roni chegaram às Laranjeiras. Muito pouco para quem precisa se reforçar em praticamente todos os setores, única maneira de consertar todas as contratações que deram errado até agora e salvar o ano.

Foto: globoesporte.com

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Léo Moura x torcida do Fla: quem é o vilão?


Léo Moura provoca os torcedores querendo saber onde estão os insultos que o perseguiram ontem. Os rubro-negros, ao vaiá-lo, querem saber onde está o seu futebol que o levou à seleção brasileira

Depois de duas vitórias consecutivas, o clima voltou a fechar no Flamengo. Desta vez, nada de disputas políticas nem críticas a treinadores; a bola da vez é o atrito entre torcida e jogadores. Depois de ser duramente vaiado pela torcida ainda no primeiro tempo, Léo Moura, após marcar o gol de empate contra o Náutico no jogo de ontem, acabou respondendo às críticas com diversos palavrões, que podem ser entendidos sem curso algum de leitura labial. E agora, quem está certo e quem está errado?

Sinceramente, de certa forma entendo o desabafo do lateral (ou ala, se preferir). Nunca entendi porque os torcedores que vão ao estádio muitas vezes preferem vaiar do que apoiar o seu time tão cedo em uma partida. Em que adianta tomar tal atitude já aos 25 minutos do primeiro tempo? Reconheço que o torcedor muitas vezes paga o ingresso, que não é barato, com muito suor e quer ver seu time vencer de qualquer maneira; porém, isso não é motivo para achar que tem o direito de fazer o que quiser nas arquibancadas. Vaias só deixam os jogadores mais nervosos, irritados ou inibidos em campo, trazendo somente prejuízo para o seu próprio time, que geralmente passa a errar e se afobar ainda mais.

E não sou adepto do papo de que o jogador não tem o direito de errar ou se sentir pressionado só porque recebe um salário milionário. Este indivíduo é tão humano quanto quem recebe um salário mínimo; logo, sente os mesmos efeitos psicológicos de quem possui uma conta bancária bem menos recheada. Seria muito bom que todos percebessem esse aspecto antes de começar a “cornetar” nos estádios. Principalmente a torcida do Flamengo, mestre na arte de vaiar: o exemplo de Adriano, desprezado ao deixar o clube em 2001 e amado em 2009 após brilhar na Europa, não é suficiente?

Mas agora vamos entender o outro lado: por que diabos a torcida anda vaiando Léo Moura?

O principal motivo para se vaiar um jogador é o fato de ele estar jogando mal. E o camisa 2 do Flamengo não vem bem há um bom tempo, vivendo somente de alguns rápidos momentos de brilho, como no jogo contra o Galo na última quinta-feira. Desde que serviu a seleção brasileira em fevereiro de 2008, não é o mesmo. Muitas vezes carrega demais a bola, centraliza o jogo diversas vezes, deixa de dar suas arrancadas pelo lado direito que o consagraram em 2007 e até mesmo se omite do jogo, ficando estático ou deixando o trabalho no lado direito praticamente para outros enquanto tenta, erroneamente, se enfiar na área. Ontem, Willians apareceu muito mais na linha de fundo do que o Léo Moura. Pode isso?

Como é um dos principais jogadores do Flamengo, principalmente pelo fato do time priorizar o jogo pelas laterais, certamente sua equipe sente suas más atuações, o que logo é percebido pela torcida. Sempre se espera mais de quem tem maior capacidade de decidir uma partida, e é por isso que muitos não aceitam as más partidas feitas pelo lateral, pois sabem que pode render muito mais do que está rendendo nos últimos tempos.

Assim, é claro o por quê da insatisfação da torcida com o lateral. Só que ele não percebe isso. É difícil vê-lo fazer uma autocrítica das suas atuações e reconhecer que está mal, assim como as vezes pouco parece se esforçar para melhorar, tão apático se mostra em campo. A propósito, só reconhece seu mal momento quando joga bem, exatamente quando os discursos de “Eu estava devendo” vêm à tona. Mas fazer isso no momento de glória é fácil: afinal, isso só ajuda a valorizar a sua boa atuação na partida em que se destacou.

No novo atrito que surgiu na Gávea, ninguém é santo e todos são culpados. A torcida tem que entender que em certos momentos precisa apoiar o time ao invés de sair “soltando os cachorros” ainda no primeiro tempo, da mesma maneira que Léo Moura precisa entender que, se o vaiam, é porque não está jogando bem. Autocrítica é o que deveria ser feito por ambas as partes. O que acredito que dificilmente irá acontecer.

Foto: www.lancenet.com.br