quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Novos protagonistas?


Foi só chegar a reta final do Brasileirão que várias pessoas começaram a fazer previsões para as últimas rodadas pegando a tabela de alguns times – eu mesmo fiz isso com Cruzeiro e Flamengo recentemente. Uns acham legal e curioso fazer isso, outros acham uma verdadeira bobagem, já que o melhor é esperar os jogos acontecerem e as surpresas aparecerem.

De certo modo, concordo com ambas as opiniões. Mas ainda assim dei uma olhada na tabela de vários clubes e constatei que há dois que poderão ser a pedra no sapato dos seis times que brigam pelo título (sim, eu considero o Cruzeiro candidato, embora azarão). Nas próximas sete rodadas, Goiás e Grêmio enfrentarão quatro dos seis que lutam pelo título do Brasileirão. E por isso, poderão decidir o título, “ajudando” ou atrapalhando aqueles que ainda lutam para ser campeão.

Depois de fazer pouco pelo Goiás até agora, pode ter chegado a hora de Fernandão realmente começar a ajudar seu clube. E ajudar ou atrapalhar outros também

A equipe de Paulo Autuori receberá São Paulo e Palmeiras e deixará o Sul para enfrentar Cruzeiro e Flamengo. Já os comandados de Hélio dos Anjos viajarão para jogar contra Palmeiras e Flamengo e disputarão partidas em casa contra Atlético-MG e São Paulo – embora em certas ocasiões a equipe que chega no Serra Dourada como visitante se sinta em casa.

Na verdade, outras equipes farão o mesmo papel das duas equipes citadas acima: o Sport enfrentará quatro das seis equipe deste “G6” e Botafogo, Barueri, Corinthians e Fluminense enfrentarão três. Porém, por causa do momento particular de cada uma destas equipes, não creio que elas serão um grande empecilho para os candidatos ao título, já que não estão entre os adversários mais fortes no momento – alguns são os mais desesperados, isso sim.

Porém, Grêmio e Goiás ainda poderão incomodar bastante. Primeiro, porque o maior trunfo de ambos é que ainda surgem pelo menos como azarões a uma vaga no G4 e provavelmente farão de tudo para conseguir alcançar este objetivo, já que o título parece distante – mais para os gaúchos do que para os goianos. E segundo, porque são difíceis de serem batidos: o Grêmio é fortíssimo em casa, enquanto o Goiás geralmente faz jogos duros – tanto que foi assim que surpreendeu e fez belíssima primeira metade de campeonato.

O que joga contra é que o primeiro tem um desempenho pífio fora de casa (a esta altura do campeonato, se Flamengo e Cruzeiro não vencerem o Grêmio em seus domínios, irão se complicar feio), e o segundo vem tão mal atualmente que, se apenas o segundo turno fosse considerado, estaria na zona de rebaixamento. E o pior de tudo é que o time vem jogando mal no Serra Dourada: lá, não vence desde 27 de setembro. De lá para cá, perdeu para Botafogo e empatou para Sport e Fluminense. Todos na zona de rebaixamento...

Por isso que, como disse no começo do texto, deve-se esperar os jogos para ver quais serão os resultados. Da mesma maneira que podem dificultar a vida de alguns times, Goiás e Grêmio podem não causar empecilho algum aos times do “G6” (desculpe se você achou horrível, mas não achei outro termo melhor). Mas que parecem ser o que mais podem atrapalhar, isso parece ser verdade.

Foto: esportes.terra.com.br

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mais dois na briga


Há dois meses, Marquinhos Paraná e Fierro não sabiam que seus clubes estariam brigando por uma vaga na no G4 e, pasmem, pelo título do Campeonato Brasileiro

Na 20ª rodada do Campeonato Brasileiro, no dia 20 de agosto, Flamengo e Cruzeiro se enfrentaram no Maracanã. Ambos lutavam por posições intermediárias na tabela, sem muita perspectiva de brigar por uma vaga no pelotão da frente: os cariocas, porque ainda não haviam achado a formação ideal e contavam com vários desfalques; os mineiros, porque não tinham se recuperado da perda da Libertadores. Os visitantes venceram a partida por 2 a 1 e pularam para a 13ª posição, justamente um posto atrás do clube rubro-negro.

11 rodadas depois, o panorama mudou para muito melhor. Flamengo e Cruzeiro conseguiram emplacar uma excelente sequência de resultados positivos e no momento brigam não só por uma vaga na Libertadores como também pelo título da competição. Algo improvável há dois meses, mas agora possível por causa dos inúmeros e incríveis vacilos daqueles que dominavam a parte de cima da tabela.

Enquanto os líderes tropeçavam – caracterizando este Brasileirão como aquele em que ninguém quer ser campeão, Flamengo e Cruzeiro foram se recuperando até chegarem aonde estão. A equipe rubro-negra contou com o bom trabalho feito por Andrade, a ótima fase de Adriano e Petkovic e o reforço no sistema defensivo após as chegadas de Maldonado e Álvaro para vencer os agora concorrentes diretos São Paulo e Palmeiras e assumir a 5ª posição. Já o Cruzeiro aproveitou os reforços que chegaram após a Libertadores e de mansinho acumulou bons resultados para chegar à 6ª posição. Desde aquele jogo no Maracanã, o clube carioca conquistou 22 dos 33 pontos disputados, enquanto a equipe mineira abocanhou 24 dos 36 pontos que disputou.

Estando numa fase tão boa, é preciso saber se ambos terão fôlego para manter o impressionante ritmo mostrado ultimamente. E mais do que saber se Petkovic, Adriano e a coesa equipe cruzeirense irão se continuar rendendo, é importante analisar a tabela para ver se os dois “emergentes” podem sonhar com vôos mais altos no Brasileirão.

No caso do Flamengo, a tabela não foi muito grata: dos próximos 7 jogos, apenas 3 serão em casa. No Maracanã, enfrentará Goiás e Grêmio, que dependendo das circunstâncias poderão estar brigando por uma vaga no G4; fora, irá encarar Atlético-MG, um Corinthians que ninguém sabe como irá se comportar e um Náutico desesperado para deixar a zona de rebaixamento. A sorte é que terá a chance de tirar pontos de concorrentes diretos; porém, esta sorte poderá se tornar azar caso o resultado final das partidas seja negativo.

Já o Cruzeiro terá uma sequência surpreendente tranquila. Além de atuar 4 vezes em casa, só 1 dos 7 times que irá enfrentar está entre os 10 primeiros: o Grêmio, sendo que este jogo será no Mineirão (lembre-se que o desempenho dos gaúchos é pífio fora de seus domínios). De resto, jogos aparentemente fáceis contra Santo André e Fluminense em casa e outros não tão árduos contra Coritiba (também em casa) e Atlético-PR e Santos (fora). O jogo que tem tudo para se tornar difícil é contra o Sport, já que será disputado no péssimo gramado da Ilha do Retiro contra uma equipe lutando contra o rebaixamento.

Ainda assim, não se pode negar que enfrentar 6 clubes na parte de baixo da tabela, a essa altura do campeonato, é excelente negócio. Isso pode fazer até com que seja mais favorito do que o Flamengo para terminar o campeonato na posição dos sonhos de qualquer um. Aliás, mais favorito do que qualquer um, já que nenhum dos outros times que está a frente dos cruzeirenses terá uma tabela tão tranquila quanto a dos comandados de Adilson Batista. Se mantiver a sequência de resultados positivos, o campeão desse Brasileirão pode ser uma zebra...

De qualquer maneira, é preciso esperar para ver o que acontecerá daqui para a frente. Fato é que Flamengo e Cruzeiro conseguiram colocar ainda mais fogo nessa briga pelo título ou por uma vaga no G4.

E depois ainda reclamam que este campeonato não tem emoção...

Foto: www.lancenet.com.br

sábado, 24 de outubro de 2009

Clássico com ares de decisão


No final da temporada passada, o Liverpool goleou o Manchester United em pleno Old Trafford por 4 a 1. Passando por um momento difícil, os Reds correm o risco de sofrer a revanche quando precisam desesperadamente de uma vitória

Esse fim de semana não será um de jogos decisivos apenas aqui no Brasil. No domingo, um grande jogo será disputado em território inglês: Manchester United x Liverpool. Um clássico que ganhou ares de decisão principalmente para o time da cidade dos Beatles.

O começo de temporada não poderia ser mais desastroso para o Liverpool: após 9 rodadas, os Reds se encontram num decepcionante 8º lugar. Está a 7 pontos dos Red Devils, líderes do campeonato. Mas o que apavora e melhor retrata o início vacilante é o número de derrotas: já foi batido 4 vezes na atual campanha – sendo que uma delas foi em casa, para o Aston Villa. Na última temporada, manteve-se invicto em casa e só perdeu 2 vezes na Premier League.

Rafa Benitez tem suas desculpas para explicar o momento ruim do Liverpool – que também vem mal das pernas na Liga dos Campeões. O time, mais precisamente o meio campo, ainda não se encontrou após a saída de Xabi Alonso – Aquilani ainda não estreou, Lucas está apagado e o Manchester City foi mais rápido na tentativa de contratar Gareth Barry, sonho de consumo do técnico espanhol. Fernando Torres, assim como Steven Gerrard, não pôde atuar em algumas partidas, o que é um verdadeiro tormento para o treinador: o abismo de El Niño para Ngog e Voronin é grande.

Ainda assim, o desempenho do Liverpool no momento poderia ser melhor, até porque há elenco para ficar tranquilamente a frente de Aston Villa e Sunderland na tabela. Além disso, Benitez deveria ter considerado a possibilidade de baixas no elenco com melhores ações na janela de transferências. Algo que nunca foi o seu forte.

De qualquer maneira, é preciso pensar no momento atual, que é crítico. Ainda mais se for lembrado que o clube está sedento por um campeonato nacional, algo que não conquista desde a longínqua temporada 1989-90 – nessa época, o Campeonato Inglês nem havia sofrido a sua tão bem sucedida reformulação. Na temporada passada, o título bateu na trave. Pelo andar da carruagem, na temporada atual a tentativa de gol foi para bem longe.

Uma derrota para o líder, por mais que o campeonato ainda esteja começando, fará com que o clube se distancie mais ainda do sonho de título. Poderá ser o estopim de uma crise que começou a se projetar com duas derrotas seguidas na Premier League e a inesperada derrota em casa (e de virada) para o Lyon na UCL. Para piorar, poderá gerar uma tensão ainda maior entre Benitez e os investidores do clube George Hillet e Tom Hicks, que nunca se deram bem.

Enfim...dependendo do resultado de domingo, a bomba vai estourar em Anfield Road. É esperar para ver.

Foto: www.guardian.co.uk

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Quem esperava isso dele?


Uma foto que mostra perfeitamente o momento do Flamengo: o líder Petkovic a frente de seus coadjuvantes

Você se lembra da sua reação ao saber que Petkovic havia sido contratado pelo Flamengo neste ano? Não lembro da minha exatamente, mas recordo que fiquei surpreso ao mesmo tempo em que torci o nariz. E pode ter certeza que muitos fãs de futebol criticaram a contratação do meia, assim como aproveitaram o fato para criticar a incompetência da diretoria do clube.

Depois de recuperar a forma física, como quem não queria nada, o sérvio foi lentamente entrando em algumas partidas até Andrade, pressionado pelos resultados ruins de sua equipe, colocar em seus pés a responsabilidade de criar as principais jogadas do Fla – algo antes feito pelos laterais. Parecia uma loucura. Mas foi aí que começou a brilhar. A ponto de deixar de brilhar apenas nas partidas no Maracanã contra adversários não mais que medianos para decidir jogos contra bichos-papões do Brasileirão – como São Paulo e Palmeiras.

Agora, todos os que criticaram Petkovic se arrependem de ter feito tal coisa. Alguns perdem perdão, outros aplaudem a sua ressurreição, assim como há os se limitam a dizer que queimaram a língua. Mas, sinceramente: quem criticou a contratação tinha seus motivos para fazer isso.

O herói de um dos tricampeonatos carioca do clube não atuava desde meados de 2008: ou seja, estava completamente fora de forma quando retornou ao Fla. Não atuava bem desde 2005, quando estava no Fluminense; depois disso, teve passagens muito ruins no Santos, Goiás e no Atlético-MG, dando mais a impressão de ser um jogador em decadência do que um que poderia acrescentar algo ao elenco. E ainda tinha a fama de mal-humorado e até mesmo de ser um jogador um pouco marrento, o que poderia tumultuar ainda mais o já conturbado clima na Gávea.

Mas o agora camisa 43 do Fla se superou. Não quer saber de confusão – tanto que não brigou para ter a 10 que é de Adriano, como já fez algumas vezes; assumiu o papel de líder do elenco; não vem tendo problemas físicos; e vem se entregando em campo como nunca se viu. A partida contra o Palmeiras foi um exemplo disso: além de marcar dois belos gols, puxou vários ataques importantes do time com maestria e ainda ajudou na defesa.

Fale com sinceridade agora: você esperava que ele fizesse tudo isso? Meu amigo, isso ele não fez nem na época em que era tratado como rei no Rio, logo após aquela cobrança magistral de falta no fatídico 27 de maio de 2001.

E é por isso que se criticava tanto a contratação do sérvio, inclusive este que escreve o texto: sabendo-se do seu passado, era muito mais fácil esperar o fracasso do que o sucesso de Petkovic na sua nova passagem no Flamengo. Ninguém cogitava a possibilidade dele fazer de tudo para superar as expectativas, até porque fazer muito esforço nunca foi a dele.

Mas quem antes criticou agora sabe elogiar. E digo: Petkovic está jogando muito. E se continuar assim e levar o Flamengo a Libertadores, será sério candidato a melhor do campeonato. É só querer.

Foto: www.lancenet.com.br

Participação em podcast


Esse post é só para deixar o link da minha participação no podcast do blog Futebol Inglês: Ortodoxo e Moderno. Agradeço ao Daniel Leite e ao André Vince pelo convite, que até me fizeram (tentar) aprender a mexer no Skype. Aqui vai o link: http://ortodoxoemoderno.blogspot.com/2009/10/podcast-ortodoxo-e-moderno-rodada-9.html

Mais uma vez, muito obrigado pelo convite e estou esperando a minha camisa do glorioso Charlton!

domingo, 18 de outubro de 2009

Azar, sorte e competência criam novo Interlagazzo


Novamente estragaram a festa brasileira em Interlagos. Se em 2007 Felipe Massa teve que entregar uma vitória quase certa para Kimi Raikkonen e em 2008 o mesmo perdeu o título na última curva, agora foi a vez de Rubens Barrichello ser vítima de um Interlagazzo. Depois de largar na pole, não venceu, não chegou no pódio e ainda viu seu companheiro Jenson Button conquistar o título.

Rubens Barrichello largou muito bem, mas não conseguiu manter um bom ritmo e ainda foi atrapalhado pelo azar

O azar novamente cruzou o caminho de Barrichello: o fato de, após o primeiro pit stop, voltar no meio do tráfego minou suas chances de vitória; e o pneu furado já no fim da prova acabou com suas chances de pelo menos chegar ao pódio. Azar que se tornou trágico para o brasileiro, já que Sebastian Vettel chegou em 4º e assumiu a vice-liderança do campeonato. Rubens terá que se superar em Abu Dhabi para recuperar um vice-campeonato que parecia estar em suas mãos mas que agora está prestes a perder.

Mas é bom que se diga uma coisa: Rubinho outra vez esteve apagado e não conseguiu imprimir um bom ritmo de corrida. Não sei se foi culpa de ter um carro não tão potente ou se foi uma falha sua de não conseguir ser tão rápido em certos momentos – tanto na hora de abrir vantagem para Webber e Kubica quanto na hora de buscá-los. Fato é que deveria ser mais veloz durante toda a prova, e assim como no Japão e em outras provas durante a temporada, não conseguiu. Nesse quesito, ele decepcionou.

Jenson Button fez bela prova até conseguir as ultrapassagens das quais tanto precisava. Depois disso, apenas administrou sua vantagem.

Mas o que Rubens teve de azarado e de apagado, Button teve de sortudo e de brilhante. Sortudo porque foi ajudado pelos incidentes na largada para pular para 9º. Brilhante porque fez ultrapassagens arrojadas e corretas até assegurar uma posição segura e apenas administrar sua confortável situação.

Aliás, o inglês poderia muito bem ter feito uma prova mais conservadora e esperado por erros de outros pilotos, como em Suzuka. Mas depois da péssima qualificação, sabia que precisava buscar no braço algumas ultrapassagens, e foi muito feliz a fazer todas com competência; destaque por não ter se afobado na tentativa de bater o surpreendente Kobayashi, que fez jogo duro para cima do campeão. No final das contas, fez uma de suas melhores – se não a melhor – corridas no campeonato e conquistou o título.

E pelo que fez na temporada, um título merecido. Mas isso fica para outro post.

OBS: Deixemos a vitória de Mark Webber de lado, foi irrelevante hoje. E sem graça demais.

OBS 2: Muito legal ver Robert Kubica finalmente no pódio nesse ano. Seria injustiça um ótimo piloto como ele ter um ano apagadíssimo.

OBS 3: Kobayashi fez uma estreia surpreendente. Fez ultrapassagens arrojadas e teve um momento de glória ao segurar Button por tanto tempo. Até mudei minha opinião em relação a ele.

OBS 4: Não sei por que Trulli ficou tão nervoso. Se Sutil teve culpa de algo, foi de tirar Alonso da corrida. Na verdade, o italiano foi bem mais culpado do que o alemão na saída dos dois.

Fotos: www.motorsport.com

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sobre a possível volta do mata-mata


Ultimamente, saiu na imprensa a informação de que a Rede Globo propôs a abolição do campeonato de pontos corridos e a volta do mata-mata; isso não só como uma resposta negativa a proposta de mudança de calendário feita pelos clubes em agosto, mas também colocando seus interesses publicitários em jogo.

Acompanhando na internet a discussão sobre o tema entre brasileiros fãs de futebol, notei que muitos aprovavam a ideia da emissora. Segundo eles, tal medida traria de volta a emoção que se perdeu desde 2003, quando o Campeonato Brasileiro adotou a fórmula de pontos corridos. Eu, sinceramente, não voltaria com a antiga fórmula usada até 2002.

O principal motivo é um que todos já estão cansados de saber: o sistema de pontos corridos privilegia aquele que foi o melhor durante todo o campeonato, e por isso teve a maior pontuação e foi o campeão, o que é muito justo com aquele que conseguiu ser mais regular. É um tipo de campeonato que privilegia o clube que tem melhor planejamento e que tem competência suficiente para se manter na ponta. Simples assim, como todos já sabem.

Sim, até certo ponto você é culpado por muitos não gostarem do sistema de pontos corridos

Mas é aí que caímos no problema da emoção. Os críticos ferrenhos do campeonato de pontos corridos dizem que esta fórmula não traz emoção. Ora, como não? Pode não ser aquela ansiedade angustiante de uma partida de mata-mata, mas tem sua emoção sim, principalmente quando é bem disputado. Ou vai dizer que a briga que vimos no ano passado, com cinco times lutando pelo título até o fim, foi entediante? Enfim, acho que os irritantemente feios e eficientes times de Muricy Ramalho traumatizaram e ainda traumatizam muita gente; mas vamos deixar essa discussão para outro dia...

Bom, mas o povão quer mesmo emoção. Aquela do mata-mata, que te deixa tremendo o jogo inteiro e com um soro já preparado do seu lado. Aquela que vemos nos Estaduais, na Champions League ou na Libertadores. Ora, então a Copa do Brasil serve para quê? Para passar o tempo? Não! É ela a competição que vai trazer o mata-mata que o pessoal tanto quer ver. É nela que devemos ver quais são os times de chegada, aqueles que crescem em decisões, aqueles que podem contar com torcida como um 12º jogador, etc.

O problema é que a Copa do Brasil é muito mal aproveitada. É curta demais. Não temos tempo de saboreá-la correta e devidamente. Deveriam arranjar uma maneira desta competição durar mais tempo, de preferência começando junto com o Brasileirão e terminando perto ou junto deste. Assim teríamos ao mesmo tempo a competição de pontos corridos, que privilegia a melhor equipe no geral, e a competição de mata-mata, que privilegia aquela que tem os nervos no lugar na hora certa e permite zebras e papelões a vontade. Teríamos dessa maneira a vencedora fórmula adotada na Europa, que vem dando certo há um bom tempo. Para ficar completo, só se a CBF usasse sua força política para fazer com que Libertadores e Sul-Americana durassem uma temporada inteira.

O problema é que para isso o calendário teria que ser totalmente mudado. Os Estaduais teriam que ser reduzidos para que houvessem mais datas para o Brasileirão e a Copa do Brasil. Na verdade, isso seria a tão sonhada mudança do calendário para muitos, exceto para a Globo, que já se mostrou contra isso - tanto que voltou com a ideia do mata-mata. Como a emissora global manda no nosso futebol, é bem capaz que a tal sugestão seja estudada com carinho e seja aceita. Perdemos a chance de fazer uma bela mudança e vamos perder uma fórmula que estava dando certo para quem soubesse se adaptar a ela. Uma pena.

Foto: globoesporte.com

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Recordar é viver: GP do Brasil de 1996...da Indy?


Em semana de GP do Brasil de Fórmula 1, é extremamente normal (e merecido) lembrar das grandes vitórias e feitos de pilotos brasileiros no país natal. Porém, sempre me recordo de um outro grande momento do automobilismo brasileiro em território nacional numa categoria concorrente.

Em 1996, depois de muita insistência – principalmente de Emerson Fittipaldi, que ainda corria pela categoria -, o Brasil sediou pela primeira vez uma prova da F-Indy, no oval de Jacarepaguá (RIP), no Rio de Janeiro. Só o fato de trazer tal corrida para o país já era motivo de comemoração. Mas quis o destino que a festa fosse ainda maior.

Contando com os azares de Alex Zanardi, Gil de Ferran e Greg Moore, o brasileiro André Ribeiro assumiu a liderança faltando 18 voltas para o fim da prova e venceu a corrida, para delírio do público – pequeno, pois havia somente 30 mil pessoas, de acordo com a revista “Grid Indy SBT”.

A festa brasileira não parou por aí: Christian Fittipaldi e Raul Boesel terminaram em 5º e 7º após largarem em 28º e 26º, respectivamente, Roberto Moreno conseguiu (sabe se lá como) um 9º lugar, seguido por Gil de Ferran, Emerson Fittipaldi e Marco Greco. Numa época em que os 12 primeiros pontuavam, quase todos os brasileiros pontuaram – apenas Mauricio Gugelmin não conseguiu tal feito, pois parou na 49ª das 133 voltas com problemas de suspensão.

A vitória de André Ribeiro foi tão marcante para os que aqui habitam que até hoje ele é lembrado por muitos, mesmo sem ter grandes números na F-Indy: ganhou apenas três corridas em quatro anos e nunca chegou a brigar pelo título. Alguns dizem que merecia sorte melhor, enquanto outros dizem que é um piloto extremamente superestimado.

Eu sinceramente não sei avaliar sua carreira: via as corridas mas era criança e não avaliava tudo tão bem, justamente por causa da idade. Mas lembro muito bem daquela corrida e de toda a festa que foi feita em torno do resultado final. E para aqueles que sentiam falta de um piloto brasileiro se destacando numa categoria internacional, a vitória de André Ribeiro foi um prato cheio para quem queria vibrar com um feito histórico.



E admita, mesmo que você não seja daqueles que assiste corridas somente para torcer para brasileiros: foi emocionante e bonito mesmo. Pode conferir no vídeo acima.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Não tenha medo de fazer isso, Dunga



Dunga ainda não confirmou a equipe que enfrentará a Bolívia no domingo, em La Paz. Porém, os coletivos comandados por ele indicam que poupará alguns titulares. E mais: alguns nem devem viajar com a delegação e provavelmente ficarão aqui no país mesmo. Entre eles, os principais jogadores do time, Kaká e Luis Fabiano.

Se isso realmente se concretizar, será uma boa decisão de Dunga. Não só porque irá poupar os principais jogadores da perigosa altitude de La Paz, mas também porque o momento é extremamente propício para que outros jogadores sejam testados.

Com o passaporte para a Copa do Mundo já carimbado e o com o time titular quase fechado, é hora de observar quem pode ser reserva nesse grupo e quem pode arranjar uma vaga de última hora no elenco. Nada melhor do que saber se Luisão e/ou Miranda têm condições de substituir Juan na zaga. Se Josué é uma boa sombra a Gilberto Silva. Se Diego Souza pode quebrar o galho caso (bate na madeira) Kaká se machuque. Se pode mudar a característica do seu ataque com Nilmar no lugar de Robinho. E se Adriano pode ser o reserva de luxo de Luis Fabiano.

Parece que isso tudo Dunga irá fazer na partida contra Bolívia. E deve fazer. Afinal, não há nada a perder. Os que estão recebendo a oportunidade de ouro devem estar tão sedentos por mostrar que têm qualidade para continuar no grupo que certamente não deixarão a peteca cair e irão fazer frente ao adversário.

E digo mais: se Dunga fosse um pouco mais ousado e encarasse definitivamente esse jogo como teste, poderia até colocar Helton ou Victor no lugar de Júlio César. Já está na hora de sabermos se há um goleiro confiável no banco como a Seleção teve nas últimas edições da Copa do Mundo. Até agora, não parece que o Brasil possui algum goleiro próximo do nível do arqueiro da Internazionale. Mas só vamos ter certeza disso se algum reserva dele jogar...

Foto: www.cbf.com.br

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ficou ainda mais difícil


Depois da última quinta-feira, o clima nas Laranjeiras era dos melhores possíveis, como há muito tempo não se via. As duas vitórias nos últimos dias e uma pequena melhora nas atuações da equipe indicavam que o Fluminense ainda poderia sonhar com uma antes improvável saída da zona de rebaixamento. E o clássico contra o Flamengo poderia ser o divisor de águas do time de Cuca.

Mas a derrota não permitiu isso. O clube não perdeu só nas arquibancadas (havia muito mais rubro-negros do que tricolores no estádio) como também no campo. Tomou um baile a partir do momento em que se viu em desvantagem no placar. E ainda viu derrotas particulares. Viu Digão, que provocou Adriano no meio da semana, ser batido pelo Imperador no segundo gol do Fla. Viu Fabinho, citado por Cuca como prova da recuperação do time, falhar nos dois gols. Viu Alan, um dos que mais se destacou nas partidas contra Avaí e Alianza, perder um gol feito quando o placar marcava 0 a 0 e ainda sair mais cedo após levar a pior num choque com o zagueiro adversário David.

Não há duvidas de que a derrota caiu como uma ducha de água fria em cima do Fluminense. Não somente por ter sido contra o rival, mas também por esfriar a reação do time justo na rodada em que viu rivais diretos na briga para deixar a zona de rebaixamento se darem bem. E o baque foi facilmente percebido logo após o segundo gol de Adriano: abatido, os erros do Flu aumentaram e o Flamengo só não marcou mais vezes porque enfeitou demais.

Depois de falhar no momento em que poderia embalar, será fundamental a reação do elenco a esse resultado negativo. O time não pode se abater neste momento, mas a verdade é que é difícil isso não acontecer depois da decepção de domingo. A moral deve cair mais ainda após um acontecimento tão frustrante – ver as esperanças de melhoras destruídas por um rival. E num clube afundado numa grave crise política, que tem o emocionalmente fraco Cuca como técnico e sem um verdadeiro líder no elenco, fica difícil acreditar que haverá uma união ou um pacto no elenco capaz de tirar o time desse momento desesperador.

E cá para nós: não deve ser nada fácil se motivar sabendo que um time que é o último colocado no campeonato e não consegue uma boa sequência no campeonato ainda tem pela frente, a 11 jogos do fim, Corinthians, Internacional, Goiás, Atlético-MG, Cruzeiro e Palmeiras.

A situação do Fluminense no Brasileirão se torna cada vez mais complicada. E ainda tem Sul-Americana para cuidar...

domingo, 4 de outubro de 2009

O que Sutil e Kovalainen têm a ver com isso?


Na 14ª volta do sonolento GP do Japão (não esperava isso de Suzuka...), Heikki Kovalainen e Adrian Sutil duelavam pela 8ª posição, enquanto Jenson Button, em 10º, acompanhava os dois de perto. Eis que no fim dessa volta o alemão tenta a ultrapassagem na clássica chicane do circuito, consegue a preferência mas ainda assim é fechado pelo finlandês. Resultado: ambos se tocam, rodam e deixam o 8º lugar de bandeja para Button, que lá permanece durante o restante da prova. Depois disso, nosso ilustríssimo locutor global aproveita para dar a entender que Kova e Sutil foram “meio que culpados” pelo fato do inglês entrar na zona de pontuação e dificultar ainda mais a tarefa de Rubens Barrichello.

Como já é de costume, mais uma prova da torcida exagerada do locutor aos brasileiros (torcer não é problema, o problema é quando se torna algo exagerado). O que ele queria, que Sutil e Kovalainen fizessem um acordo para ajudar Barrichello não deixando Button passar, nem que para isso abdicassem de disputar posições? Pai nosso...

Corrida burocrática de Rubens Barrichello o impediu de tirar uma diferença considerável para Jenson Button e tornou sua caminhada para o título quase impossível

Enfim, fato é que Barrichello não tinha que contar com a ajuda de ninguém para tirar alguns pontos de diferença para Button. Tinha que meter o pé no acelerador, fazer uma bela prova e chegar numa boa posição, para que pelo menos diminuísse a diferença para o líder do campeonato em 3 ou 4 pontos – algo que era uma possibilidade real quando víamos o grid de largada.

Mas não foi isso que aconteceu. Rubens disse que foi agressivo, mas seus tempos não mostraram isso. Sua segunda perna, após o primeiro pit, foi muito ruim, sem conseguir voar na pista e sem chegar a ameaçar Kimi Raikkonen. E ainda viu a estratégia de Nico Rosberg dar certo e cair para a 7ª posição, onde terminou.

Era consenso de que ele, se quisesse conquistar o título, precisava ser nas provas aquele excepcional que venceu duas provas esse ano. Mas o Rubinho do Japão lembrou muito mais aquele irregular, que não consegue fazer sua parte, do que aquele rápido e genial que vimos em Valência e na Itália. Aí fica difícil, até porque desde Monza Button consegue os pontos necessários para manter uma vantagem confortável em relação ao seu companheiro de equipe.

A situação de Barrichello está extremamente complicada. Quase desesperadora. Está 14 pontos atrás de Button a 2 corridas do fim do campeonato. Precisa de resultados muito bons no Brasil e em Abu Dhabi e ainda tem de contar com cagadas homéricas do líder do campeonato. O que não deve acontecer: se não é dos mais geniais da categoria, não é nenhum garoto que comete erros bobos. Já tem experiência suficiente para saber que é só não cometer erros e fazer provas conscientes – algo que já vem fazendo muito bem há um bom tempo - para ser campeão mundial

Jenson Button está praticamente com as duas mãos no título. Parece apenas questão de tempo poder realmente comemorar a conquista. E a situação parece tão tranquila que até mesmo uma vitória de Barrichello no Brasil talvez seja insuficiente. Será que veremos outra vitória de um brasileiro no seu país natal com gosto amargo?

Foto: www.gpupdate.net

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Duas manobras memoráveis (e nada elegantes) em Suzuka


Com a farsa da Renault feita em 2008 mas só descoberta há poucas semanas, palavras como jogo sujo, trapaça e outras do mesmo naipe voltaram ao vocabulário da Fórmula 1. Algo que, de certa maneira, sempre volta a tona cada vez que a categoria volta ao Japão, mais especificamente à Suzuka.

Essa pista foi palco de dois episódios que acirraram ainda mais uma das maiores rivalidades vistas na F-1, entre Alain Prost e Ayrton Senna. Dois episódios marcados por atitudes contestadas e não muito (ou nada) limpas. Que tiveram em comum o fato de dar um título ao dono da manobra nada merecedora de aplausos.

Tudo começou com o ato de Prost no GP do Japão de 1989. A poucas voltas do fim da corrida, Senna tentou uma ultrapassagem arriscada em cima do francês na chicane localizada pouco antes da reta dos boxes. O “Professor” não aliviou, causando um choque inevitável entre os dois e seu conseqüente abandono. O brasileiro voltou à prova e venceu a mesma, mas foi desclassificado minutos antes de ir ao pódio, o que sacramentou o terceiro título de Prost e gerou a ira de Senna e uma verdadeira novela dali para a frente.



Pode-se até achar que Senna foi afoito demais ou que foi com muita sede ao pote. Mas haviam fatos que iam além do que ocorria na pista que levavam a crer que Prost tinha sido o culpado daquele incidente, que realmente havia fechado a porta de propósito para causar o acidente e ser campeão de vez. O fato de reclamar do brasileiro em todas as oportunidades possíveis desde que um acordo entre os dois foi quebrado no GP de San Marino daquele ano e de estar irritado com toda aquela situação me fazem acreditar nisso. E por último, o teor de sua entrevista logo após a corrida no Japão denunciou que aquele toque era muito mais do que um acidente de corrida. Disse Prost:

“Para ser honesto, eu tinha toda a certeza que venceria ou que teria um acidente como esse. O problema com Ayrton é que não aceita não vencer e nem que resistam a uma ultrapassagem. EM 88, dei-lhe passagem muitas vezes, e se não tivesse dado teríamos batido assim. Antes da prova, disse que não daria passagem. O modo como ele dirige é muito bom. Ele é incrivelmente rápido mas força demais. Se a Fórmula 1 tivesse dois pilotos assim, teríamos acidentes em todas as provas. Foi meu pior ano na Fórmula 1.”

Mas em 1990 a situação se inverteu. Era Senna quem chegava com a vantagem de poder ganhar o título em Suzuka. E foi ele quem praticou uma manobra livre de qualquer suspeita.

Logo na largada, Senna perdeu a primeira posição para Prost, agora na Ferrari. Mas ele tratou de acabar com o campeonato ali mesmo, acertando o carro do francês na primeira curva, acabando com a corrida de ambos e conquistando seu segundo título.



A atitude do brasileiro foi compreensível se levarmos em conta que ele ainda não havia engolido o acontecido no ano anterior. Assim como o estresse pré-largada que teve, após Balestre não aceitar a ideia de deixar Senna, o pole da prova, mudar de lugar no grid para que largasse de um lado que realmente favorecesse o pole position – a decisão havia sido aceita momentos antes pelos comissários. Ou seja, tudo soava como uma revanche e também dava a impressão de que o acidente era mais do que um acidente de corrida. Parecia uma atitude até mais premeditada do que a que o mundo havia visto em 1989.

Porém, isso não apaga a mancha que ficou no seu segundo título: como ele mesmo reconheceu em 1991, foi um título, digamos “triste”. Não ganhou de maneira digna, da qual realmente se possa comemorar, como havia acontecido com Prost um ano antes.

Em suma, foram títulos marcados pelo clima esquisito misturado ao sabor da vitória. E marcado por atos no mínimo a serem lamentados – tenham sido feitos por revanche ou não – de dois dos maiores pilotos que a categoria já viu.