domingo, 21 de junho de 2009

Mudar, talvez não. Ajudar, sim

O texto está sendo publicado depois da ideia do blogueiro Breiller Pires de comemorar o Dia Universal Olímpico com um post sobre o seguinte tema: "o esporte é capaz de transformar o mundo e a sociedade em que vivemos".

É difícil pensar num mundo sendo mudado pelo esporte. Ainda mais quando se percebe a sua condição atual: quantias absurdas cada vez mais gastas em salários astronômicos e sedes de instituições luxuosas, ingressos para assistir torneios pessoalmente cada vez mais caros, altos investimentos para se iniciar uma carreira em determinadas modalidades...ao afastar os mais desfavorecidos e “peneirar” como seguidores aqueles de melhor situação econômica, o esporte se torna cada vez mais outro meio de exclusão. A preocupação com os interesses financeiros de cada um parece se sobrepor cada vez mais a ideia de ver o esporte como instrumento de transformação social.

Além disso, embora seja capaz de unir classes diferentes em eventos grandiosos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, ainda não foi capaz de resolver muitas diferenças históricas. As diferenças entre católicos e protestantes na Escócia e as de origem sócio-econômica entre torcedores de Roma e Lazio, entre outras, nunca foram amenizadas pelo futebol; pelo contrário, por ele foram são ainda mais alimentadas. Assim, acabam criando sentimentos de ódio e agem de maneira violenta ao considerar outros como rivais, fazendo do esporte uma guerra.

Porém, o cenário não é tão negativo. Não há como não perceber o sucesso, por exemplo, dos projetos sociais. No Brasil, são implantados em comunidades carentes, como forma de entreter os jovens que lá moram e ajudá-los a se afastarem dos perigos e problemas que tanto assolam essas áreas. Um projeto de destaque é o do judoca Flávio Canto, medalha de bronze nas Olimpíadas de Atenas-2004, que, após criar o Instituto Reação, leva o esporte que pratica aos jovens de alguns lugares mais pobres do Rio , tendo sucesso na sua tarefa – a campeã mundial júnior de judô em 2008, Rafaela Lopes, saiu de um desses projetos. Com a ajuda de patrocinadores e com uma boa estrutura ao seu redor – o projeto também oferece, dentre outras coisas, aulas de inglês e reforço escolar, dá a chance a pessoas mais necessitadas de crescer na vida e alcançar uma posição na sociedade melhor no futuro.

Infelizmente, ações como essas ainda são isoladas e sem o devido apoio não só no nosso país, mas no mundo todo. Por isso o esporte sozinho ainda não foi nem é capaz de causar mudança neste planeta em que vivemos. Porém, pode se tornar um fator muito importante nessa tarefa, como esse projeto de Flávio Canto e de tantos outros, a partir de outras modalidades, provam, principalmente quando se alia à educação (como foi feito em Cuba) e a outros instrumentos que ajudam os indivíduos a crescerem na vida e a viverem como plenos cidadãos.

Foto: oglobo.globo.com

6 comentários:

Net Esportes disse...

Foi muito interessante a idéia do Breiller, e eu concordo com você Leandro, o esporte trava uma luta solitária para tentar mudar o mundo, pois o ser humano na minha opinião tende a sempre manter o lado ruim da história, mesmo que o esporte tenha tantas coisas boas ....

Breiller disse...

Realmente, Leandro. O esporte, ao mesmo tempo que é capaz de promover algumas mudanças, tem o poder de acentuar rixas e diferenças antigas, como o exemplo citado por vocês. Mas, como já vimos em outras ocasiões, também pode servir de pretexto para reconciliações, como o caso Irã x EUA na Copa. E não digo reconciliação entre governos, mas, sim, entre povos. Pois exemplos como este servem para mostrar que há divergência política, ideológica, mas cidadãos de ambos os países são alheios à briga.

Muito legal o projeto do Flávio Canto. Bacana também que outros atletas consagrados mantêm projetos como esses, pois sabem das dificuldades que passaram para chegar ao alto nível no Brasil. Quanto ao modelo de investimento baseado em educação, não sei se o cubano é o mais adequado. Ele falha por não estender a formação às universidades, o que o modelo norte-americano aplica com sucesso. Tratarei dessa questão mais à frente no Rola Blog.

Abraço, Leandro!

André Augusto disse...

O esporte acaba , por muitas vezes, sendo uma extensão da realidade, das diferenças do dia-a-dia. Mas os exemplos de mudança são mais positivos que negativos.

Em tempo: excelente a iniciativa do Breiller. Vários textos de blogueiros diversos, todos mto bacanas.
Abs!

Anônimo disse...

belas iniciativas do Breiller e a sua Leandrus. Realmente faltam incentivos pra mais atividades sociais ganharem vida e conseguirem se manter aqui no Brasil. As únicas q eu conheço que funcionam sem maiores "apertos" são akelas fundadas por jogadores de futebol... que refletem bem a desigualdade de importância que não é dada aos demais esportes.

Breiller disse...

Bom exemplo disso é a Fundação Gol de Letra, Paulo, fundada pelo Leonardo e pelo Raí. Realiza um belo trabalho de assistência a crianças carentes pelo Brasil e, se abraçada por mais atletas e mais investimentos, poderia ajudar em uma escala ainda maior.

Thaís Poggio disse...

Leandro!!

Tudo bem?
Muito legal o texto que você fez para o Dia Olimpico Universal!!

A iniciativa do Breiller foi muito boa né?

De uma conferida no texto que o Renan escreveu também!

www.ligadonabola.com.br